Luanda - O acordo recíproco de abolição de vistos ordinários a angolanos e sul-africanos, a ser assinado pelos dois países, em Pretória, com previsão da entrada em vigor a 1 de Dezembro próximo, admite excepções para estudantes e pessoas em consulta médica.

Fonte: Angop

Uma circular do Departamento de Assuntos Internos da África do Sul, tornada pública esta quarta-feira, esclarece que a isenção aplica-se por períodos de até 90 dias por ano, ou por períodos consecutivos de até 30 dias.

As excepções são aplicáveis aos casos de tratamento médico, negócios ou estudo, para os quais prevalece o princípio mútuo de emissão de visto, segundo precisa a circular.

A este propósito, o embaixador da África do Sul em Angola, Fannie Phakola, esclareceu à Rádio Nacional a questão do visto e disse que será como tem sido a parceria com a Namíbia.

“As pessoas têm o passaporte e só precisam de comprar o bilhete de passagem e ir à África do Sul. Os vistos que serão requeridos e que deverão ter tratamento na Embaixada são os de pessoas que poderão permanecer por longos períodos na África do Sul”, observou.

Num momento em que o Presidente da República de Angola parte quinta-feira para Pretória, a convite de seu homólogo sul-africano, Jacob Zuma, para reforço da cooperação bilateral, a expectativa para os resultados da primeira visita de Estado de João Lourenço aumenta.

“Estudantes, homens de negócios ou pessoas que deverão estar por longos períodos de tempo por questões de saúde (exige-se), mas os demais poderão usar os passaportes ordinários e não haverá necessidade de obterem vistos”, precisou Phakola.

Para que todos estejam por dentro de um dos principais assuntos do protocolo, as autoridades sul-africanas começaram a informar os postos consulares e de fronteira que os angolanos com passaportes normais estarão a partir de 1 de Dezembro isentos de emissão de visto.

Empresários atentos às oportunidades

Ansiosos pelas novidades que os acordos poderão trazer ao país, os empresários aguardam com expectativa o incremento dos negócios com o principal parceiro comercial e económico de Angola, na África Austral.

Para o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, as relações podem ser muito activas, por se tratar de uma nação desenvolvida em diversos sectores, destacando a eficiência económica.

Em declarações à rádio Luanda Antena Comercial, o líder empresarial disse que muitos negócios não precisam passar por navegação e portos, mas chamou a atenção para a necessidade de se melhorar a língua inglesa e compreender os parâmetros em que os sul-africanos trazem os negócios.

Severino referiu que, com a eliminação dos monopólios, deve haver “transparência, mais necessidade de cooperação sul-sul”. Defende que é chegada a hora de maior cooperação para conquista do mercado na região, pois “Angola tem recursos naturais e, havendo capital e competências, pode dar esse salto”.

Na análise do responsável da AIA, é preciso esperar que os sul-africanos aceitem o desafio de investir na educação e saúde, onde considera haver “sérios défices”.

Severino é ainda de opinião de que, do ponto de vista de economia real, as questões da agricultura, materiais de construção, indústria automóvel, refinarias e petroquímica proporcionarão vantagens.

Segundo José Severino, a meta da Associação Industrial de Angola, nessa missão, será levar uma mensagem positiva, para que a cooperação se estreite e beneficie os dois povos.

“Há uma série de componentes de variáveis muito importantes e temos vantagens competitivas, como na agricultura e recursos minerais, a nossa proximidade de mercado com a RDC e Zâmbia, o Caminho-de-Ferro de Benguela, a possibilidade de fazer florestação, indústria de papel. Tudo isso está em carteira”, disse.

Equilíbrio na cooperação

O volume de negócios entre as duas maiores potências económicas da Comunidade de Desenvolvimento de Países da África Austral (SADC) registou baixas de 2,4 milhões de dólares no último ano, redução de 75 por cento justificada com a crise financeira de Angola.

Porém, a esperança está na oportunidade que se abre para o investimento, razão pela qual José Severino considera necessário encontrar equilíbrios, aproveitando-se o know-how, capital e mais organização da África do Sul.

Segundo o analista, o mais importante é que os sul-africanos invistam em Angola, mas advertiu que é preciso “melhorar o nosso investimento privado na componente estrangeira”, propondo “uma banca mais aberta, mais eficiente”, pois que “o resto os empresários saberão fazer”.

Já em Abril deste ano, o encarregado comercial da Embaixada da África do Sul em Angola, Matomé Mbata, defendeu a promoção de trocas comerciais entre os dois países da SADC, por três motivos, designadamente proximidade (escassas três horas de avião), tecnologia e os recursos naturais.

Reagindo à queda nos negócios, encorajou os empresários angolanos a exportarem para o seu país a madeira, café e, sobretudo, petróleo.

“Reforçar os negócios por três razões: a primeira, estamos próximos; segunda, temos a tecnologia; e terceira, porque Angola tem petróleo e África do Sul não. Nesta perspectiva, podemos estabelecer fortes parcerias”, rematou.