Luanda - Na passada edição, dedicamos uma análise geral ao tema em epígrafe e fizemos também uma leitura da falsa antropologia que os filmes pornográficos e violentos propõem aos homens de hoje. Entramos nas causas deste desvio éticos e nãos as terminamos, por isso, continuamos hic et nunc e avançamos também para as sobras e penumbras…

2) Falsos argumentos libertários. A liberdade de expressão exige, conforme alguns, uma tolerância para com a pornografia, mesmo ao preço da saúde moral dos jovens e do direito à intimidade, assim como a um ambiente de pública decência. Alguns, também erroneamente, afirmam que o melhor meio para combater a pornografia consiste em legalizá-la. Estes argumentos são às vezes propostos por grupos minoritários que não representam os critérios morais da maioria e que se esquecem de que a cada direito corresponde uma responsabilidade. O direito à liberdade de expressão não é absoluto. A responsabilidade pública de promover o bem moral dos jovens, de garantir o respeito às mulheres e a protecção da vida privada e da decência pública mostra claramente que a liberdade não pode equiparar-se à libertinagem.

3) A ausência de leis cuidadosamente preparadas ou a sua não aplicação, para a protecção do bem comum, em particular da moralidade dos jovens.


4) Confusão e apatia por parte de muitos, inclusive de membros da comunidade religiosa, que se consideram erroneamente a si mesmos estranhos à problemática da pornografia e da violência nos "media", ou sem possibilidades de contribuir para a solução do problema. (Pontifício Conselho para as Comunicações, Pornografia e Violência nas Comunicações, nºs. 19-20).

5) Ausência de uma sólida formação moral. É ponto assente que a o mundo contemporâneo vive uma crise ética profunda. Uma crise que tem raízes históricas com nuances filosóficas: humanismo antropocentrista; a dissolução da relação entre a razão e a fé; a expansão e praticabilidade radical do iluminismo no mundo ocidental e noutros países periféricos, etc. Ainda na filosofia destacaram-se os rotulados como mestres da suspeita que contribuíram de que maneira para a devastação moral do mundo. Entre eles figuram K. Marx (reduziu a realidade existencial a matéria pura e dura, fechando o homem a qualquer horizonte transcendental ao classificar a religião como ópio do povo); S. Freud (minimalizou o homem ao mero libido sexual, proclamando assim a chamada revolução sexual. Por outro lado, deixou cair por terra a figura do pai como autoridade máxima no âmbito da pedagogia da prole); F. Nietzsche (proclamou de forma radical a morte de Deus e criou o Super homem: o homem potência da volubilidade absoluta e sem limites na sua liberdade); L. Feuerbach (Para ele, Deus foi criado pelo homem e não ao contrário, reduz Deus a uma instância de consciência, em definitiva Deus não existe é uma invenção da consciência). Como vedes, alguns autores ao longo da história do pensamento destruíram o único fundamento seguro da moral e a moral por sua vez deixou de sustentar a sociedade porque ficou reduzida ao ângulo privado ou de pequenos grupos.

Outro aspecto não menos grave é a tendência crescente de criação de novas formas de moral, baseadas no contrato social do tipo lockiana, rousseana ou hobbeana. Contudo, é inquestionável que o mundo de hoje se fechou na imanência inviabilizando qualquer possibilidade de um horizonte transcendental que nos remeteu no materialismo, no relativismo, na falta de referências axiológicas seguras, em fim caímos no nada existencial!!

O aspecto económico também tem uma cota parte neste estado de coisas em que a família humana se encontra. O liberalismo económico/propriedade privada (que tem J. Lock como primeiro arauto e atingiu o cume com A. Smith) e mais recentemente o neoliberalimo provocou uma sociedade do consumismo desenfreado, isto, reduz o homem a sensibilidade, porém, não se identifica com o ser próprio da pessoa…

A religião que era a instituição que dominava culturalmente o mundo, a sua influência caiu no principio da era moderna por causa da reforma protestante, das lutas entre o poder temporal e espiritual e dos ataques mordazes da razão filosófica e instrumental. Hoje, já se põe em causa a autoridade dos Bispos, Padres, Papas, Diáconos, Madres, etc., etc. Tudo isto, contribuiu para o nascimento de uma consciência moral morta – insensível aos actos – independentemente da sua gravidade moral. A escola e a família que deviam promover e reforçar a moral individual e pública também estão em crise, dai a ausência de uma sólida formação moral e cívica.

6) Ferida antropológica. Esta é a causa mais radical, porque sustenta todas que a precederam. A esta causa também podemos chamar "teológica voluntária involuntária" (Adão e Eva pecaram livremente, agora, o influxo daquele pecado sobre nós não somos responsáveis). Desde o pecado original, o homem ficou ferido em todo seu ser, embora reconheçamos que a Graça divinal resgatou o homem do pecado, ainda assim as cicatrizes do erro dos nossos primeiros pais, não deixam de deflagrar o seu influxo sobre a humanidade de hoje. A psicologia moderna demonstra que o homem é dotado de tendências que o empurram muitas vezes ao erro, e até o apostolo S. Paulo já dizia: "porque faço o que não quero e deixo de fazer o que quero". Espero que não estejam a pensar que estou a defender que o homem é naturalmente dotado para o mal, aliás, moralmente é de todo ao contrário. Ora, todos os desvios comportamentais que o homem protagoniza, incluindo a pornografia, radicam no primeiro pecado narrado pelo livro do génesis.
Sombras e penumbras da pornografia e da violência

Não podemos deixar de reafirmar que cria uma falsa imagem do homem, amarrando as gentes do nosso tempo na ditadura do relativismo ético e da alienação ao mais alto nível e em muitos casos sem curas possíveis.

Enumeremos alguns danos dos temas em questão: dependência que pode ser impossível de deixar; pode levar a desvios sexuais; leva a crença de que as mulheres gostam do estupro e isto desencadeia a pratica por parte dos utentes; leva a crer que os estupradores são pessoas normais; aumenta os riscos de contrair doenças sexuais, porque estas pessoas são propensas a genitalidade com varias pessoas e frequentemente; prejudica a intimidade conjugal, na medida em que as pessoas idealizam a um prazer impossível de ser dado pelo parceiro…; os usuários tentam realizar na vida real as práticas que observam na pornografia e muitas vezes com consequências incalculáveis; leva muitas vezes ao divórcio e a outros colapsos conjugais; a uma criança ela afecta o desenvolvimento normal do cérebro; causa graves problemas a saúde mental da criança; destroe a confiança e a franqueza no casamento; o cônjuge sente-se traído nalguns casos; etc. (Despertai, Pornografia: inofensiva ou prejudicial?; 22.07.03, pp.1-10)
Para além dos aspectos danosos que avançamos, cria uma atmosfera consciencial que podemos representar pelos seguintes elementos:
 1) Sexo com qualquer pessoa, a qualquer hora, sob quaisquer circunstâncias – é algo bom e em todos os sentidos, sem consequências negativas;
 2) O casamento é um obstáculo a plena realização sexual;
3) as mulheres servem a um só objectivo – satisfazerem as necessidades sexuais dos homens e
4) Homens e mulheres são escravos dos seus impulsos (Ibid. p. 9). E mais, a felicidade está na prática animalesca da genitalidade exacerbada 

Fonte: Club-k.net