Luanda - Escrevo-lhe, Senhor ministro, em reflexão ao seu pronunciando acerca do caso que envolve a Justiça portuguesa e Manuel Vicente, ao qual respondia na entrevista à Lusa e à rádio francesa TF1, à margem da cimeira entre a União Europeia e a União Africana (29-30 de Novembro de 2017), em Abidjan, na Costa do Marfim, e que dizia, cito: “o caso que envolve a Justiça portuguesa e Manuel Vicente, enquanto não tiver um desfecho, o Estado angolano não se moverá nas ações, que todos precisamos, de colaboração com Portugal. Este já não é um caso individual de justiça, é um caso do Estado angolano. Competirá às autoridades do Estado português verem se vale a pena esta guerra”. Diga-se ao abono da verdade que todos os corruptos da coisa pública por vós protegidos, são casos de Estado angolano. Só não o são os pobres coitados de angolanos que morrem todos os dias por causa vossa bandidagem. Todos os gatunos sabem se proteger.

Fonte: Club-k.net

Antes de tudo, dou-lhe os meus parabéns por defender apaixonadamente o seu amigo Vicente em detrimento do alto interesse nacional, do bem soberano de todos nós, filhos legítimos de Angola. Segundo, fico hipnoticamente triste pela tamanha miopia e elementar noção de sentido de estado que as suas palavras traduzem. Oxalá, seja apenas o politicamente correto! E sinceramente, espero que o nosso querido Presidente, João Lourenco não partilhe consigo a mesma visão do Estado e que o povo angolano começa a saber distinguir o Estado e os atos práticos em nome e em representação do Estado. Reconheço que a culpa é mesmo do MPLA que anestesiou ideologicamente o povo para não saber distinguir o Estado do Partido e os atos de (do) Estado, dos atos individuais (pessoais). Nisso dou mesmo os meus parabéns ao MPLA e aos professores de história política, de geografia política, da filosofia política, da sociologia política e do Direito Constitucional por nos alienarem cancerosamente e nos tornarem doutos ignorantes sobre o Estado Democrático de Direito.

 

Senhor ministro Manuel Augusto, quando diz que a “nossa posição é clara: enquanto não houver um desfecho não há cooperação nem encontros a alto nível, nem nenhum passo da nossa parte e que relações entre os dois países “são excelentes”, mas estas estão “ensombradas por um caso específico que releva da atuação da justiça portuguesa. Angola respeita a separação de poderes, mas a única que queremos é que o poder judicial português deve ter em conta os interesses de Portugal e de Angola”, quere dizer exatamente o quê? Sabia, Senhor ministro, que num Estado Democrático de Direito, o poder judicial só se submete à Constituição e à Lei? Espero acreditar que os nossos magistrados saibam, ao contrário do senhor ministro, que apenas obedecem à Constituição e à Lei, como deve ser.

 

Segundo consta, o caso em análise, a acusação a Manuel Vicente em que teria pago a um procurador do Ministério Público português para arquivar uma investigação de compra de apartamentos no Estoril, Portugal, refere-se ao tempo em que presidia a Sonangol, e não enquanto vice-presidente de Angola e mesmo que fosse, seria um péssimo exemplo para a imagem de Angola, um seu vice-presidente cometer tais práticas condenáveis em Portugal, país soberano. Aqui não está em jogo nenhum ato soberano do Estado angolano, mas interesse privado de um cidadão angolano que comprou um luxo para seu gozo particular. Por isso, Manuel Vicente não envolve a soberania angolana, nem com isso se deve beliscar as vontades dos angolanos que se veem privados de nobres cooperações por atos de um corrupto. Só uma pergunta senhor Manuel Augusto: se porventura houver um (e tem havido muitos casos de angolanos a serem julgados e condenados por este mundo fora) cidadão angolano implicado num caso judicial na Namíbia, na África do Sul, na Rússia, em Cuba, nos USA, na China, na Inglaterra, na Suíça ou na Espanha, também não haverá cooperação nem encontros a alto nível? E aonde iriam tratar da dor de cabeça, o Zedú, a Isabel do Santos, a Txizé, os nossos ministros e generais? Na clínica Girassol ou no Maria Pia que bem apetrecharam com equipamentos de ultima geração, médicos que ate curam SIDA e medicamento milagroso vindo do Arcanjo São Rafael? Tenhamos juízo pobres incompetentes e prepotentes!

 

Para quê tanta celeuma e tanta demagogia, ou melhor do ladrar sem morder! Isso não mostra até que ponto nós angolanos somos incautos, sem sentido de Estado, egoístas, autistas, macacos velhos e complexados? Deixai a justiça trabalhar, e se ele é inocente, que vá la provar a sua inocência no país onde cometeu irregularidades.

 

Neste momento de crises e de globalização, em vez de falarmos de reforço e de aprimoramento de relações, em todos os sentidos, sobretudo com Portugal, país de umbilical e secular histórias de relações, nos digladiamos e retaliamos por tudo e por nada e, sobretudo, por causa de questões de interesse pessoal ligado a indivíduos corruptos, que roubaram aos angolanos e que devia em primeiro lugar ser investigados e processados em Angola. Enquanto o povo morre à fome, os hospitais sem medicamento, sem água nem luz, os mesmos gastam milhões em passeatas, em compras de luxo com o dinheiro de todos os angolanos. Todos os verdadeiros angolanos deviam unir-se e fazer uma petição à União Europeia, ao FBI e à Interpol para que nos ajudem a apanhar esses podres corruptos e enviá-los para São Nicolau e Bentiaba, e interditar a sua entrada nos países desenvolvidos.

 

Por isso, vista bem as coisas, Portugal com uma diplomacia experiente e inteligente, pouco tem a perder com quaisquer relações com Angola. Basta dizer que eles pertencem à União Europeia com milhões de apoios aos seus membros, e têm empresas com know how reconhecido mundialmente. Nós povo angolano, infelizmente, é que vamos perder muito mais com isso. Deixemos de ser uns papagaios, gente morcega, governantes sem postura e sem honra, visto como “pretos” sem personalidade, sem valor e sem caráter; os mentirosos profissionais e fala-barato.

 

A nossa ligação histórica com Portugal, apesar de pontos negativos da colonização, tem elementos substantivas impossíveis de cortar ao simples papaguear dos nossos egoístas e prepotentes governantes. Estamos unidos pela língua, cultura, gastronomia, ensino-educação, legislação, economia, tecnologia, administração, turismo, comércio, empresarial, sanitária, know how, etc. A minha pergunta é: teremos mesmo a capacidade de sobre(viver) a médio ou mesmo até a longo prazo e governar- nos em Angola sem cooperação com Portugal? A meu ver, dependemos demasiadamente de Portugal em coisas básicas, e Portugal só tira de Angola o capital e algumas matérias-primas, sem esquecer a mulatada que fazem com as nossas lindas pretas! É verdade que em Angola, vivem e trabalham muitos portugueses, mas mesmo assim Angola é que perde, porque muitos desses portugueses, em Angola, ou são quadros e técnicos superiores que prestam serviços e acessoria e asseguram o “bom” funcionamento da engrenagem da máquina do estado ou são gerentes dos empresários angolanos de “ordem de saque”, ou são professores universitários. Em vez disso, nós angolanos precisamos de Portugal para cursos universitários, mestrados e doutoramentos que não temos no país. Dependemos deles em variadíssimos produtos para os hospitais, escolas (ainda os nossos livros são editados em Portugal), agricultura, vestuário (nós ainda nem uma agulha fabricamos), quadros qualificados que nos percebemos na língua, para sector em que ainda não temos suficientes nacionais, etc., etc. Por isso, quem vai sofrer mais com as fricções nas relações de cooperação, são o povo angolano e os tais chefitos que até dependem do papel higiénico de Portugal e da lixívia para limpar as suas sanitas.

 

Listando alguns casos concretos de relações, vê-se que há mais benefícios para Angola do que para Portugal. Por exemplo, a questão do champanhe e do vinho que as elites angolanas, e não só, apreciam cancerosamente nas suas orgias e vícios orgásmicos nas suas festas. Pelo que saiba, China, Cuba e Rússia não produzem um bom Cavalo Branco, um bom Douro, um bom vinho do Porto, um bom Alhandra ou um bom Monte Velho ou um bom espumante. E como ficariam os bancos se os gurus da banca e do manejo financeiro, em Angola, são eles. (Kopelipa, Kundi, Higino, Vicente, Isabel, Zenu, Kangamba, e tantos outros do M, não tem nem tempo nem sagacidade de analisar o estrato das suas contas. Por isso, os seus gestores e advogados brancos portugueses levam-lhes milhões para Tuga sem saber). E como ficariam os milhões de euros dos governantes angolanos depositados nos bancos portugueses? E os seus apartamentos de luxo em Portugal? Ou não correm para lá em tratamentos quando tem um simples problema de barriga? Irão mesmo tratar-se num hospital público em Angola? E a manutenção dos softwheres e equipamentos instalados nos hospitais, nos ministérios, na CNE? E como ficam as empresas dos chefitos se muito do seu know how e os seus verdadeiros gestores, assessores e gerentes são portugueses? E Como fica a Isabel dos Santos, e outros, se os seus investimentos na banca, e não só, são feitos maioritariamente em Portugal e na União Europeia? E como fica a TAAG se a sua rota mais lucrativa é a de Portugal? Quando à Portugal e à União Europeia, espero que fechem o canal, os Média cerquem ferozmente os corruptos angolanos e africanos, denunciando os esquemas, tráfico de influência e branqueamento de capais e toda a Zona Euro interligue-se para o arresto dos bens desses podres corruptos e a Interpol e o FBI os prenda imediamente caso entrem em países ocidentais. Porque não se percebe como é que esses pretos andem sempre a lixar, a enterrar, a matar, a neocolonizar, a desprezar os seus países e o seu povo, deixando-o na miséria, sem água, sem luz, sem estradas, sem medicamentos nos hospitais, sem ensino de qualidade, sem liberdade de expressão, sem democracia prazível, sem saneamento básico, sem desenvolvimento humano e queiram desfrutar da boa vida nos países desenvolvidos pelos outros. Que modernizem e desenvolvam os seus países e deixem-se de demagogias.