Luanda - Remédios. A expressão remédio, não tem nada a ver com aquelas drogas sintetizadas pela ciência médica e que tem como escopo a cura física ou diminuição da perturbação psíquica. O termo remédio coloca-se no sentido de "solução", caminhos a seguir para ultrapassar este desvio ético. Eis as propostas solucionais apresentadas pelo Conselho Pontifício para as Comunicações da Igreja Católica em 1989, nºs. 21-32: «A propagação da pornografia e da violência através dos meios de comunicação social é uma ofensa aos indivíduos e à sociedade e coloca um problema urgente que exige respostas realistas por parte das pessoas e dos grupos.

O legítimo direito à liberdade de expressão e ao intercâmbio livre de informação deve ser protegido. Ao mesmo tempo, deve-se salvaguardar o direito dos indivíduos, das famílias e da sociedade à vida privada, à decência pública e à protecção dos valores essenciais da vida.

 Far-se-á referência a sete sectores com especiais deveres na matéria: profissionais da comunicação, pais, educadores, juventude, público em geral, autoridades públicas e Igreja e grupos religiosos.

1) Profissionais da comunicação. Seria desleal sugerir que todos os meios e todos os comunicadores estão implicados neste negócio nocivo. São muitos os comunicadores que se distinguem por suas qualidades pessoais e profissionais. Tratam de assumir sua responsabilidade aplicando com fidelidade as normas morais e os anima um grande desejo de serviço ao bem comum. Merecem nossa admiração e estímulo especialmente os que se dedicam à criação de sadios entretenimentos familiares.

Recomendamos com insistência a estes comunicadores a unirem-se para a elaboração e aplicação de códigos éticos em matéria de comunicação social e de publicidade, inspirados no bem comum e orientados para o desenvolvimento integral do homem. Estes códigos se fazem especialmente necessários no contexto da televisão, que permite que as imagens entrem nos lares, ali onde as crianças se encontram muitas vezes sozinhas e sem vigilância. O autocontrole é sempre o melhor controle, assim como a autodisciplina, no seio dos próprios meios, é a primeira e mais desejável das linhas de defesa contra os que buscam proveito mediante a produção de programas pornográficos e violentos que envilecem os meios de comunicação e corrompem a própria sociedade.

Recomenda-se vivamente aos comunicadores para que, também através destes meios, façam conhecer as medidas necessárias que ponham um dique à maré de pornografia e de exaltação da violência na sociedade.
 Pais. Convidam-se os pais para que multipliquem seus esforços em ordem a uma completa formação moral das crianças e dos jovens. Isso supõe uma educação em favor de uma sadia atitude frente à sexualidade humana, baseada no respeito à dignidade da pessoa como filha de Deus, na virtude da castidade e na prática da autodisciplina. Uma vida familiar equilibrada, na qual os pais sejam fiéis praticantes e totalmente entregues um ao outro e a seus filhos, constituirá a escola ideal de formação para os sadios valores morais.

As crianças e os jovens do nosso tempo necessitam da educação que lhes permita discernir os programas e amadurecer sua condição de usuários responsáveis da comunicação. O exemplo dos pais é determinante nesta matéria. A passividade ou auto-indulgência diante de certos programas será fonte de malentendidos prejudiciais para a juventude. Deve-se dar especial importância – para o bem dos jovens – ao exemplo dos pais no que concerne à autenticidade de seu amor e à ternura que saibam manifestar em sua vida matrimonial; assim como a sua disponibilidade a discutir com os filhos as questões de interesse, numa atmosfera amável e afectuosa. Convém não esquecer que, quando se está educando, "se obtém mais com uma explicação do que proibindo",

2) Educadores. Os principais colaboradores dos pais, na formação moral dos jovens, são os educadores. As escolas e os programas educativos devem promover e inculcar os valores éticos e sociais, para garantir a unidade e o sadio desenvolvimento da família e da sociedade.

Os programas de maior valor serão, no contexto educativo, aqueles que formem os jovens para uma atitude crítica e para uma capacidade de discernimento no uso da televisão, do rádio e dos outros meios de comunicação social. Deste modo os jovens serão também capazes de resistir às manipulações e saberão lutar contra os hábitos meramente passivos na escuta e visão destes meios.
Deve-se sublinhar a importância de que as escolas saibam pôr em relevo o respeito à pessoa humana, o valor da vida familiar e a importância da integridade moral pessoal.

3) Jovens. Os jovens contribuirão a pôr muros ao avanço da pornografia e da violência nos "media" se souberem responder, positivamente, às iniciativas de seus pais e educadores e assumirem suas responsabilidades, naquilo que reclama capacidade de decisão moral, assim como na escolha de suas diversões.

4) O público. O público em geral deve também fazer ouvir sua voz. Os cidadãos - incluídos os jovens - têm a tarefa de expressar individual e colectivamente seu ponto-de-vista diante dos produtores, interesses comerciais e autoridades civis. Torna-se urgente manter um diálogo continuado entre os comunicadores e os representantes do público, a fim de que os que actuam nas comunicações sociais estejam a par das exigências reais e dos interesses dos usuários.

5) Autoridade pública. Os legisladores, os encarregados da administração do Estado e da justiça são chamados a dar uma resposta ao problema da pornografia e da violência sádica difundidas pelos meios de comunicação. Devem-se promulgar leis sadias, devem-se clarificar as ambíguas e devem-se reforçar as leis que já existem.

Dadas as implicações que apresenta a produção e distribuição de material pornográfico, deve-se actuar a nível regional, continental e internacional para controlar com êxito este insidioso tráfico. Os que já tomaram iniciativas deste tipo merecem todo o nosso apoio e estímulo.

As leis e os agentes da lei têm o dever sagrado de proteger o bem comum, especialmente o que concerne à juventude e aos membros mais vulneráveis da comunidade.
Já assinalamos alguns dos efeitos negativos da pornografia e da violência. Cabe tirar também a conclusão de que se questiona e ameaça o bem comum especialmente quando este material se produz, expõe e distribui sem restrições nem regulamentos.

A autoridade civil deve sentir-se obrigada a empreender uma rápida acção diante do problema, ali onde existe, e a emanar criteriosas medidas preventivas onde a questão comece a colocar-se ou onde ainda não tenha chegado a ser uma urgência angustiante.

Fonte: Club-k.net