Lisboa - O antigo dono de todos (e mais alguns) dossiers relativos à segurança externa do nosso País, Fernando Garcia Miala, de sua graça, é, definitivamente, um preso político.

Fernando Miala está, quanto a mim, a ser vítima do Sistema que ele próprio ajudou a montar com engenho, nervo juvenil, arte e arrojo.

Hoje transformado numa mala sem alça carregada pelo Sistema Político que serviu sem tergiversar e sem olhar a meios para atingir os fins, Fernando Miala deveria ter sido devolvido à Liberdade (ah, essa doce palavra!) no passado 13 do presente mês por ter cumprido metade da pena a que tinha sido condenado.

Ora tal, como (não) era de esperar, não aconteceu. A Procuradoria-Geral da República, PGR, condicionou a Liberdade Condicional do espião mais mediático angolano à devolução de alguns bens (viaturas, telefones, imóveis, etc.).

O condicionamento da PGR para libertação de Fernando Miala é, julgo eu, o inicio de um longo processo de humilhação (social e política) e coisificação do homem que já suou muito a camisa para o bem do nosso País.

Porquê que sou agora é que Fernando Miala terá de responder pelos bens à sua guarda? Bem, até sei. Tinha-os guardado religiosamente nos seus bolsos enquanto esteve na Unidade Penitenciáricia de Viana (UPV).


Mesmo que venha a ser libertado nas próximas horas ou nos próximos dias, julgo que Fernando Miala vai passar por um processo de humilhação (atenção: o homem também tem filhos, família) à boa maneira da “Enciclopédia Soviética”, que por sinal não lhe é desconhecido.

O caso Miala é um daqueles que se encaixa como uma luva naquela feliz tirada do J: Quem serve o regime, tarde ou cedo, acaba sempre assim.

Fonte: NL