É a primeira dos últimos oito anos marcados por um "distanciamento" e "tensão" entre os dois países, desde que em 2000 a justiça francesa avançou com o processo da venda de armas a Luanda entre 1993 e 2000, o Angolagate, que começou por envolver personalidades dos dois países e os principais intermediários dos negócios de armamento, o franco-brasileiro Pierre Falcone e o israelo-russo Arkadi Gaydamak.

Quando chegou ao Eliseu, há um ano, Sarkozy elegeu como uma das prioridades da sua política externa a resolução de casos judiciais que Paris acumulou em África e que colocaram entraves à diplomacia francesa - no Djibuti, no Ruanda, na Costa do Marfim, e entre os mais importantes, o Angolagate em Angola.

Nos últimos anos, as relações entre os dois países ficaram marcadas por avanços e recuos, muito ao ritmo do processo, que a justiça francesa não abandonou, apesar das pressões de Luanda nesse sentido. No fim da instrução, não há nenhum angolano entre os 42 acusados que irão a julgamento no fim do ano.

Oficialmente, diz-se, não há razões para pensar que a visita será ensombrada pelo Angolagate. "É um caso passado. A instrução dos juízes está concluída. O julgamento está marcado. E o que é claro é que não há angolanos postos em causa. O julgamento apenas diz respeito a cidadãos franceses. Luanda rapidamente percebeu que não era posta em causa e que a visão da França também era a de que Angola tinha o direito de adquirir essas armas [nos anos 1990 quando combatia a UNITA]", acrescentou a mesma fonte.

Para o director da Lettre du Continent e co-autor do livro Ces Messieurs Afrique, Antoine Glazer, no entanto, a realização deste julgamento continua a incomodar Luanda. Mas ressalva, em entrevista ao PÚBLICO, que os interesses mútuos em jogo são suficientemente importantes para ambos quererem tentar a reaproximação.

Interesses partilhados

França e Angola partilham "a mesma visão" sobre a importância de estabilizar a região dos Grandes Lagos e de garantir a segurança no golfo da Guiné, rico em petróleo.

Antoine Glazer dá um exemplo: o Congo-Brazzaville, onde o Presidente Sassou Nguesso foi ajudado por Luanda a recuperar o poder em 1997 depois da guerra civil, é próximo de ambos os países, e é como um guardião do petróleo do enclave angolano e autonomista de Cabinda (que faz fronteira com o Congo-Brazzaville). Este especialista avança outros casos: Gabão ou República Democrática do Congo, na zona de influência da França, e onde "os interesses dos angolanos não são negligenciáveis".

Para Angola, também não serão insignificantes os ganhos da amizade com um país-membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, além da proximidade que já tem com outros membros permanentes, como a China e os EUA além da Rússia.

A delegação é "pequena", segundo a fonte oficial francesa contactada. Mesmo assim, além de dois secretários de Estado (do Comércio Externo e da Cooperação e Francofonia), Sarkozy faz-se acompanhar de empresários, parlamentares e representantes de instituições francesas.

As áreas de interesse são, além do petróleo - Angola é o segundo país de produção para a petrolífera francesa Total -, a construção, as telecomunicações, a restauração. Mas realça a fonte oficial: "Este encontro marcará um recomeço das relações políticas antes de qualquer outra coisa."


Angola e França rubricam acordos de cooperação

ImageOs governos de Angola e da França rubricaram hoje (sexta-feira), em Luanda, cinco instrumentos jurídicos de cooperação nos domínios do ensino superior e da língua francesa, saúde, águas, saneamento e educação.

De acordo com o comunicado final do encontro, os entendimentos alcançados compreendem um acordo quadro sobre educação, duas convenções, sendo uma sobre o ensino superior e outra referente ao ensino da língua francesa, e dois protocolos nos domínios da saúde, águas e saneamento.

Antes da conclusão dos acordos, delegações ministeriais dos dois países mantiveram conversações que tiveram como base a discussão de questões bilaterais e multilaterais. Durante as conversações, a França reiterou a sua garantia de participar no processo de reconstrução do país.

As conversações e os compromissos assumidos prefiguram outros acordos a serem rubricado nos próximos tempos noutros domínios.

Entretanto, a Agência Francesa de Desenvolvimento reabrirá brevemente, em Luanda, os seus escritórios e dedicará a sua acção no desenvolvimento de projectos comuns nos sectores de água e saneamento.

No capítulo internacional, Angola e a França manifestaram o compromisso de desempenhar um importante papel na manutenção da paz no continente africano.


PR reconhece empenho de homólogo francês para o relançamento da cooperação

ImageO Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, saudou hoje, sexta-feira, em Luanda, os esforços desenvolvidos pelo seu homólogo francês, Nicolas Sarkozy, no sentido de ajudar a remover todas as dificuldades que têm conturbado o reforço da amizade e da cooperação entre os dois países.

“Decidimos iniciar uma nova era nas relações bilaterais, marcada por uma profunda amizade, confiança e respeito mútuo”, disse o Chefe de Estado angolano em declarações à imprensa, após um encontro que manteve com o seu homólogo francês, que efectua desde a manhã de hoje uma visita de algumas horas ao país.

O Presidente da República Informou que foi manifestado o desejo de se continuar a desenvolver esforços para o incremento da cooperação económica, intercâmbio comercial e as parcerias empresariais necessárias para o esforço do relançamento da economia nacional.

No quadro da visita de Nicola Sarkozy, os governos de Angola e da França rubricaram hoje, em Luanda, cinco instrumentos jurídicos de cooperação nos domínios do ensino superior e da língua francesa, saúde, águas, saneamento e educação.

Os entendimentos alcançados compreendem um acordo sobre educação, duas convenções, sendo uma sobre o ensino superior e outra referente ao ensino da língua francesa, e dois protocolos nos domínios da saúde, águas e saneamento.


José Eduardo dos Santos considera positivo encontro com homologo francês

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, disse hoje, sexta-feira, em Luanda, ter mantido discussões “bastante positivas” com o seu homólogo francês, Nicola Sarkozy.

Em declarações à imprensa após o encontro privado, de cerca de uma hora, com o presidente Sarkozy, que efectua desde a manhã de hoje uma visita ao país, José Eduardo dos Santos referiu que "tudo decorreu num clima de grande amizade e cordialidade. Abordamos um vasto leque de questões que interessam Angola e a França”.

De acordo com o estadista, durante a conversa abordaram também questões relacionadas com a paz, estabilidade e segurança em África, tendo acordado que ambos os países deveriam concertar permanentemente as suas posições.

Segundo Eduardo dos Santos, aspectos ligados ao desenvolvimento, boa governação, combate à pobreza e às grandes endemias, entre outros, foram também analisados durante o encontro com Nicolas Sarkozy.

Antes da reunião, Nicola Sarkozy recebeu honras militares, na companhia do seu homólogo e, de seguida, ambos passaram em revista as tropas, pousaram para a fotografia e ouviram os hinos nacionais de Angola e da França.

Nicola Sarkozy anuncia nova página nas relações Angola-França

O Presidente da França, Nicola Sarkozy, garantiu hoje (sexta-feira), em Luanda, a vontade do seu país em trabalhar com Angola na base do “respeito e confiança na construção de um futuro de desenvolvimento e virar a página dos mal entendimentos do passado”.

Em declarações aos jornalistas no final encontro em privado com o seu homólogo angolano, Nicola Sarkozy disse que a França quer comprometer-se a longo prazo com Angola e, por essa razão, será criada uma fundação que promoverá projectos de desenvolvimento económico e humano.

“Decidimos também aumentar a capacidade de acolhimento do liceu francês em Angola, criando sete turmas complementares, e transmitimos ao Presidente Eduardo dos Santos a decisão da construção de uma nova Embaixada de França, em Luanda”, disse o estadista francês.

O presidente francês sublinhou o “enorme” potencial de Angola e garantiu o apoio do seu país no processo de reconstrução em curso.

Nicola Sarkozy disse também que a Agência Francesa de Desenvolvimento voltará a trabalhar no país e a seguradora francesa Coface retomará os seguros de crédito.

“Não é apenas a questão económica é também uma questão política. Angola é uma potência da região e de África e o Presidente Eduardo dos Santos trabalhou em prol da paz em inúmeras crises de países vizinhos. Decidimos fazer uma concertarão sistemática sobre todos os grandes temas da África”, enfatizou.

Nicolas Sarkozy anunciou uma cooperação política e económica e encorajou a realização das eleições legislativas marcadas para Setembro do presente ano e as presidenciais para o próximo.

“Após tantos anos de guerra e de sofrimento chegou o momento do desenvolvimento e da paz em Angola”, concluiu o presidente de França.

Fonte:Público/ Angop