Luanda - O papel que o Caminho de Ferro de Benguela (CFB) pode desempenhar para o desenvolvimento nacional e regional foi esta semana, destacado pelo ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás.

Fonte: Club-k.net

O ministro expressou o reconhecimento ao trabalho da empresa, nesta segunda-feira, no Luau, província do Moxico, durante a cerimónia que marcou o reinício do tráfego ferroviário internacional no CFB, após 34 anos de paralisação.

Segundo afirmou o governante, através do CFB e de toda a rede de caminhos de ferro de Angola, consolida-se a unidade nacional e dá-se um contributo valioso para integração económica da região.

A empresa do Caminho de Ferro de Benguela retomou assim a circulação do tráfego internacional com o transporte de 25 vagões com 50 contentores de vinte pés, tendo no seu interior concentrado de manganês, com mil toneladas procedente da República Democrática do Congo (RDC)

O minério, que está a cargo da Sociedade Comercial de Kissengue Manganês, irá chegar ao Porto do Lobito por intermédio do CFB nos termos de um acordo de cooperação rubricado no ano passado entre a empresa pública angolana e a Sociedade Nacional dos Caminhos de Ferro do Congo (SNCC).


Esta operação poderá dar início a garantia do desenvolvimento dos dois países, depois das circulações terem sido suspensas em 1984.

O Governo angolano fez um grande investimento na modernização e reabilitação de toda infra-estrutura do Caminho de Ferro de Benguela, que beneficiou recentemente de novas locomotivas, no intuito de garantirem maior eficácia na transportação de mercadorias e responder positivamente ao elevado número de solicitações de empresários que pretendem escoar os seus produtos nas regiões ricas em minério na RDC.

 

O SONHO DE MUITOS ANGOLANOS

 

Com a reabertura deste tráfego internacional, reacende o sonho de muitos angolanos que aguardavam com bastante expectativa o retomar das circulações do CFB e a SNCC, uma mais valia para diversificação da economia e integração regional dos dois países irmãos.


O ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, testemunhou o acontecimento no Luau, na presença do governador do Moxico, Gonçalves Manuel Muandumba, do secretário de Estado do Ministério dos Transportes para área ferroviária, José Cerqueira, e de membros do Governo do Congo, com destaque ao primeiro vice-primeiro ministro e ministro dos Transportes, José Makila Sumanda, o director do Gabinete do Presidente da RDC, Néhémie Mwilanya, e do ministro das Minas, Martin Cabwelulu.


A reabilitação geral do Caminho de Ferro de Benguela é uma obra de infraestrutura de grande vulto, orçado em cerca de dois bilhões de dólares norte americanos.

A obra envolveu a renovação e modernização total da via (1344 quilómetros), a reabilitação de pontes, a construção de apeadeiros e a construção de 67 estações novas.

O empreendimento contemplou igualmente a reabilitação das antigas estações, a instalação de novos sistemas de comunicações e de controlo da circulação, a renovação do material circulante, sendo a aquisição de 48 locomotivas novas, 95 carruagens, vagões, novas oficinas e novo centro de formação profissional.

Todo este investimento tem trazido e vai continuar a trazer desenvolvimento para as províncias atravessadas pelo CFB, nomeadamente Benguela, Huambo, Bié e Moxico, afirmou o ministro.

 

UMA DAS EMPRESAS MAIS IMPORTANTES

 

No passado, o CFB apresentava-se como umas das empresas mais importantes e emergentes do ponto de vista de desenvolvimento económico do país, tendo atingido o valor máximo histórico da sua transportação em 1973 de 3 milhões 279 mil e 439 toneladas, incluindo 1 milhão 609 mil e 387 toneladas de tráfego internacional.

Desde a sua fundação, e com a consequente criação da Companhia do Caminho de Ferro de Benguela, chegou a atingir 13 mil 232 trabalhadores.

 

TRÁFEGO INTERNACIONAL - BREVE RESENHA HISTÓRICA

 

No dia 1 de Maio de 1931, o CFB ficou ligado à linha dos Caminhos de Ferro do Baixo Congo, sobre a ponte do Rio Dilolo, dando início ao tráfego internacional.

Em 1974 o tráfego internacional era responsável por 90 por cento das receitas do CFB, com uma capacidade anual de transportacão de 10 milhões de toneladas.

A situação de guerra imposta ao povo angolano desde 1974 levou à paralisação do CFB. Ainda assim, o comboio circulou até 1992. A circulação na linha principal paralisou completamente em 1993.

O contrato de concessão entre o Governo português e o engenheiro britânico, especializado em minas, Robert Williams, para a construção e exploração do CFB, assinado a 28 de Novembro de 1902 por um período de 99 anos, terminou em 28 de Novembro de 2001. A partir dessa data o Estado angolano tomou posse plena do CFB.