Luanda - O Governo angolano classificou o túmulo do rei Mwene Vunongue, que governou o povo Nganguela no sul do país ao longo do século XIX, como Património Histórico-Cultural Nacional, enquanto símbolo da luta anticolonial.
Fonte: Lusa
A decisão de classificação consta de um decreto executivo assinado pela ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, com data de 20 de abril e ao qual a Lusa teve hoje acesso, sendo justificada pela importância do local para a "memória coletiva" do país e por se tratar de uma personalidade que "resistiu ao colonialismo em Angola, junto da comunidade Nganguela e em outras linhagens da região".
O Túmulo do Soberano Mwene Vunongue, que viveu entre 1800 e 1886, está localizado nas margens do riacho Tukuve, na província do Cuando Cubango, área que passa a ser considerada como de proteção.
Em 2015, o Governo angolano tinha já inaugurado em Menongue, capital do Cuando Cubango, uma estátua em bronze, com 6,3 metros de altura e 3,5 toneladas de peso, representando o histórico monarca com vestes tradicionais, confecionadas com peles de onça, e de lança na mão.
De nome materno Ndala Tchinhama, passou a chamar-se Mwene Vunongue após a ascensão ao trono. Desde a sua morte, segundo a história local na sequência de ferimentos provocados pelas forças coloniais portuguesas, o trono de rei dos Nganguelas tem passado por sucessivas gerações, até ao bisneto, Augusto Cambinda Calilo, que ascendeu em 2007.
Augusto Cambinda Calilo, que adotou então o nome de soberano - autoridade tradicional reconhecida pelo Estado - Mwene Vunongue VI, faleceu em 24 de abril último, aos 73 anos, vítima de doença, e foi sepultado, durante a noite, no santuário onde jazem os restos mortais do primeiro soberano Mwene Vunongue, obedecendo ao ritual dos povos Nganguelas.
Não foi ainda nomeado um soberano sucessor para liderar os Nganguelas, povos que vivem dispersos entre o leste de Angola e o sudeste do planalto central.