Uíge – Mais de 20 cidadãos angolanos que se encontram privados de liberdade no estabelecimento prisional de Kindoki, no município de Negage, província do Uíge, foram barbaramente agredidos no passado dia 22 de Maio do corrente ano, pelos efectivos do ministério do Interior, pertencentes ao Destacamento Especial e da Polícia de Intervenção Rápida.

Fonte: Club-k.net
Segundo os familiares das vítimas, os reclusos foram surpreendidos com a ‘ordem de espancamento’ vinda do director adjunto da cadeia de Kindoki, o intendente Manuel Adolfo Cuba, por reivindicarem os seus direitos plasmado na lei.

De acordo ainda com a nossa fonte, antes de levarem a surra, os reclusos foram despidos e molhados com água. “As forças da DESP fizeram um cordão de segurança e obrigaram todos a passarem no meio para serem barbaramente agredidos”, explicou.

Sabe-se que dias antes do sucedido, os reclusos tiveram um bate-boca com alguns responsáveis da cadeia por contestarem as condições degradantes que são submetidos diariamente. A sessão de espancamento teve início às 10 e terminou por volta das 15h30.

Eis a lista de alguns reclusos agredidos que ainda aguardam pela assistência médica e medicamentosa:

- Basílio Anastácio, perdeu dois dentes por causa da pancada;

- Osvaldo, tcp, VD, foi lhe ferido na cabeça e a direcção da cadeia recusa assisti-lo;

- Jose António, tcp, Papoite do Barça, está com a cara inflamada e não consegue sequer abrir as vistas e a direcção da cadeia se recusa prestar-lhe assistência necessária. Por incrível que pareça, o director adjunto da cadeia o obrigou a pedir ajuda de nove mil kwanzas junto a família, a fim de receber assistência médica e medicamentosa;

- Marcelino está com os lábios, como se diz na gíria, arrebentados;

- Zacarias Manuel Fernandes, tcp, Mané Galinha;

- Joaquim João Banbi, tcp, Kim;

- João António Zacarias, tcp, Pit;

- Samuel Mafuassa e Fernando da Costa foram espancados por rivalidades com o reeducador Serafim Panzo dos Santos (que na data dos factos exercia a função de Oficial Superior de Assistência), por reivindicarem os seus direitos;

- Alfredo Armando Gonga;
- Bunga Simão;
- Tito Estevão;
- José Rui Rodrigues;
- Nildo António;
- Alfredo Almeida;

Localizada a 37 quilómetros da cidade do Uíge, a cadeia Kindoki acolhe 648 reclusos. A direcção dos Serviços Penitenciários, adstrita a delegação provincial do Uíge do Ministério do Interior, tem registado mil e 30 reclusos, entre os quais detidos e condenados.

O estabelecimento, que comporta um bloco prisional, cozinha, posto médico, casa para o director prisional local, uma escola para 160 aluno, em dois turnos, sala de informática, biblioteca, parte administrativa e de guarnição, um campo polidesportivo, está implantada numa extensão de 66 hectares.