Sua Excelência Nicola Sarkozy,

Presidente da República Francesa,

Ilustres membros da sua delegação,

Distintos Senhores,

Permita-me que saúde mais uma vez Vossa Excelência, em nome de todos os angolanos, e que exprima a nossa satisfação por ter aceite o convite para visitar Angola.

Esta visita tem por nós um grande significado, não apenas porque confirma a reaproximação entre os nossos Governos e Povos, mas também porque acreditamos que ela abre novas perspectivas para o crescimento da cooperação entre Angola e a França.

Nas nossas discussões não falámos apenas da cooperação, sublinhamos sobretudo a importância da amizade entre os nossos dois países, que Angola acha que deve ser reforçada na base da confiança e do respeito mútuo.

Angola exprime o seu apreço a Vossa Excelência pela determinação, coragem e pragmatismo com que encara os problemas, mesmo os mais complicados e difíceis, para lhes dar solução.

Estou, por esta razão, seguro de que esta via irá marcar o início de uma nova era no relacionamento entre os dois países, após um longo período de incompreensões e mal entendidos, que esperamos sejam definitivamente sanados.

Devemos fazer um esforço redobrado para adequar as nossas relações politica ao nível da cooperação económica e do intercâmbio comercial existente entre os dois países.

Vivem em Angola mais de dois mil cidadãos franceses; o volume anual de negócios ultrapassa os dois biliões e meio de dólares, operam aqui mais de setenta empresas francesas, entre as quais a TOTAL-ELF, que opera em campos petrolíferos cujas reservas estão estimadas em um bilião e 284 mil barris, estando o seu volume de produção diária avaliado em duzentos e três mil barris/dia.

O Governo angolano vai continuar a desenvolver a sua politica de cooperação neste e noutros sectores, contribuindo para a segurança energética dos seus parceiros estratégicos.

Pretendemos, por esse facto e não só, que haja estabilidade e segurança no Golfo da Guiné, reforçando-se aí os mecanismos de cooperação e concertação entre todos os interessados, respeitando-se a soberania dos estados africanos.

Partilhamos as preocupações de Vossa Excelência sobre as questões referentes a paz, democracia, boa governação e desenvolvimento em África.

Este continente é um mosaico de situações em que é preciso saber distinguir, para cada caso, o diagnóstico e a terapia adequada.

De um modo geral a África está em movimento, embora cada país tenha a sua própria velocidade.

Na minha opinião, o Ocidente deve ser mais flexível, paciente e generoso em relação aos países que não dispõem de recursos nem de capacidades instaladas de execução e onde normalmente as instituições públicas são incipientes.

Estes países devem beneficiar prioritariamente de ajuda e assistência técnica, susceptível de contribuir para a resolução imediata dos seus problemas sociais e para o seu desenvolvimento sustentável.

Saúdo a contribuição que o seu Governo dá aos esforços locais para a normalização da situação politica na Cote d’Ivoire e para a pacificação do Tchad e da República Centro Africana e o Governo angolano predispõe-se a concertar ideias com vista a promover o diálogo, a paz e a estabilidade na África Central e Austral.

Os países desta região estão a desenvolver iniciativas para garantir que a segunda volta das eleições presidenciais no Zimbabwe decorra num clima de paz, tolerância e segurança para todos e seja respeitada a futura escolha do povo.

Achamos que o futuro vencedor destas eleições deve ser magnânimo e capaz de promover entendimentos políticos que criem condições para a estabilidade e a recuperação económica e social do país.

Senhor Presidente,

Os superiores interesses dos nossos respectivos povos deverão estar sempre acima de quaisquer contingências, para que, através do diálogo e com espírito construtivo, possamos atingir soluções de equilíbrio e equidade que satisfaçam as duas partes.

Igualmente, as questões da paz e da segurança internacional, a par das de cooperação económica e do desenvolvimento, devem situar-se no centro do diálogo entre Angola e a França, para que se reforcem a todo o instante as relações de amizade que nos ligam e a concertação diplomática entre as instituições competentes.

Como Vossa Excelência sabe, são muitas as áreas em que já se desenvolve a nossa cooperação.

O acordo e protocolo assinados hoje oferecem novas oportunidades para partilharmos juntos riscos e benefícios em prol do desenvolvimento. Nós, no entanto, não queremos ser vistos apenas como um país de oportunidades de negócios, mas sim como um país que procura resolver os problemas prementes e imediatos de um Povo ferido por décadas de conflito armado e que conseguiu resgatar a esperança num futuro de paz e de progresso social.

Escolhemos a via democrática para a legitimação dos órgãos do Poder e este ano vamos realizar as eleições legislativas sob o signo da tolerância e transparência, para que os seus resultados reflictam a vontade do Povo angolano.

Senhor Presidente,

A sua visita representa o primeiro passo de uma longa caminhada que pretendemos fazer juntos.

Espero que se tenha sentido bem entre nós e que volte um dia para ficar mais tempo em Angola.

Gostaria agora de convidar todos os presentes a erguer as suas taças num brinde à longa vida e saúde do Presidente Nicola Sarkozy.

Muito Obrigado

Fonte: Angop