Luanda - Gostávamos de em primeira instância, manifestar a minha incondicional solidariedade os milhares de compatriotas autóctones, que foram desumanamente “ arrancados” das suas habitações nos Bairros do Iraque, Bag dad, sector 5 do M´bonde chapéu, município do Kilamba Kiaxe, mesmo que alguns iluminados que se dizem servidores públicos que em nosso pálido entender não são dignos destes epítetos, como dizia as adjectivam como casebres, esquecendo-se por vezes da sua origem, manifestando alguma memoria curtíssima, o que ilustra perfeitamente bem a insensibilidade que os mesmo têm estado a demonstrar, com arrogância e prepotência que se lhes vão etilizando pomposamente.
 

A primeira vez em tivemos oportunidade de tomar contacto ao pormenor com este caso foi precisamente em Setembro do ano passado, quando e na qualidade de urbanistas fomos abordados por um jovem morador daquela zona que nos dava conta de que havia um “litigio” os moradores daquela parcela do território do Kilamba Kiaxe, e o projecto habitacional jardim do Éden, segundo aquele jovem morador o referido projecto havia comprado parte daquele espaço aos camponeses daquela circunscrição, ou seja terão comprado cerca de 300 hectares de terra, igualmente os moradores haviam comprado os seus terrenos em camponeses, da zona, o referido projecto habitacional depois manifestou a intenção de negociar com aquela população no sentido ficar com aquele cobiçado espaço, mais infelizmente não houve consenso entre o referido projecto e os moradores, a partir daquele momento surgiram as ameaças da parte dos capitalistas castrenses.
 

A partir dai os moradores recorreram a Administração do Kilamba Kiaxe, tendo em conta o facto de não terem sido bem sucedidos, os moradores seguiram as regras hierárquicas, foram ao encontro do GPL, onde igualmente não foram bem sucedidos, o que mais lamentava o nosso confidente foi o facto do poderosos apenas pretenderem indemnizar com a magríssima quantia que varia entre 500 a 2000 dólares, quantia esta que já não era suficiente para poderem arranjar uma habitação similar
 

Consta e segundo a SOS Habitat, que é seguramente uma organização da sociedade civil, que milita na solidariedade incondicional e na advocacia daqueles autóctones, isto é milhares de pessoas encontram-se agora ao relento como alternativa vão rogando incessantemente as autoridades e via comunicação social alternativa, já que os órgãos públicos que deviam servi-lhes de veiculo para poderem fazer passar os seus verdadeiros gritos de Ipiranga “népias”, “O lobo faz e desfaz a gente sensata reclama, abana a cabeça pela carga de abusos cometidos por uma casta dirigentes, que se arroga no direito de definir o futuro de milhares de almas” ( Semanário A Capital, de 01 de Agosto de 2009, num belíssimo artigo de opinião da pena do seu editor chefe).
 

Algumas notas que aguçaram a nossa inquietude neste processo, a primeira deve-se ao facto de algumas senhoras que viram o seu direito violado terem manifestado nos microfones da eclética Rádio Ecclesia, que o bairro foi simbolicamente inaugurado pelo então Ministro da Reinserção Social, que por si só já era uma garantia ainda que simbólica da salvaguarda dos seus direitos, outra inquietude, é o facto horripilante de haver a quando da passagem célere do Camartelo, haver como dizíamos, uma cidadã a dar luz, ou seja a pôr ao mundo mais ser que se tivesse nascido na Mutamba ou no Alvalade seria seguramente um Anjo bom, mais como dizia um amigo teve a “sorte fúnebre” de ter nascido no Iraque ou Bag dad, já por si só, é tido como um Anjo mau, dai o facto da sua mãe no leito do parto fresquíssimo, ter sido posta fora do casebre, como dizia com toda petulância, o iluminado dirigente da cidade da Kianda, numa clara interpretação diagonal das orientações do Santo padre na sua visita pastoral Angola, o que só mostra que a intenção norte dos nossos, Mwatas era a de somente se fazerem fotografar, no sentido de colher aplausos internacionalmente, porque internamente, estão se nas tintas como se diz.
 

Outra questão que mais uma vez nos inquietou foi o facto de se interromper o óbito que havia numa das casas aquando do “massacre” algo que é redondamente reprovável  na nossa cultura, outra mostra de insensibilidade humana deve-se ao facto segundo o advogado Davide Mendes, outra das consequências deste acto a todos os títulos reprováveis é o da voragem selvática ter como consequência o soterramento de duas crianças naquele bairro que já é em nosso entender emblemático.
 
 

Com estas linhas não pretendemos advogar a marginalidade, e a precariedade, de maneira alguma, mas enquanto estudiosos das questões ligadas ao urbanismo, não podemos aceitar a repetição constante deste cenário, até porque consta, que terá havido negligencia das autoridades, logo para o tiro de correcção deve haver uma indemnização justa, o que não quer dizer que se lhes deve ser entregue de bandeja casas, mais pode –se arranjar um meio termo, como habitação social ou económica , basta de cenários como estes, onde o camartelo passa e derruba os musseques,   a propósito disto (lembramo-nos do belíssimo poema do Henrique Guerra e que se chama o tractor que já fazia referência a este quadro nada simpático que ainda se assiste impiedosamente na nossa cidade) fazendo com que as pessoas sejam empurradas para outros musseques ainda mais longínquos o pior é que este tem sido a forma que a séculos se faz o crescimento da cidade de Luanda, as varias periferias que surgiram no território de Luanda, quando a cidade ainda  só era o mouro, os bairros como a Mutamba, as Ingombotas, os Coqueiros, o Kinaxixie, o Cassequele, o Golfo, o Cazenga etc os antigos habitantes destes bairros foram alvo da expulsão, mais havia  um sentido mais humanizado, dai nos lembrarmos duma passagem do artigo de um proeminente intelectual angolano que a dada altura dizia neste artigo que “o colono preto é pior que o colono branco”, hoje o que se assiste é de facto inqualificável, cada vez mais à periferia de Luanda vai imparavelmente a larga velocidade a caminho de Catete, tudo porque todos os poderes instalados em Angola não têm levado a sério o problema da integração das pessoas.
 

Em nosso entendimento em situações do género deve haver princípios cardeais que não devem ser obliterados, como a integração, em determinados casos deve haver o projecto bastas vezes veiculados pela media do estado, o principio bola de neve, o terceiro principio é o da adaptação da nossa arquitectura a nossa realidade, geográfica, climática sociologia e como não podia deixar de ser antropológica, um outro principio seria o transmissão deste património as pessoas, isto é dar a possibilidade dessas mesmas pessoas poderem adquirir as suas próprias moradias, claro que se pode estudar as vias mais consentâneas para se sanar este permanente imbróglio ao cidadão como adquirir estas próprias casas, por via do financiamento bancário ou qualquer outra forma a estudar, em que o cidadão havia de pagar consoante as suas poupanças se ele não poder que seja os seus filhos, o  sonho da casa própria é de facto legitimo. Vale a pena ver os esforços dos cidadãos na procura de melhores condições de vida
 

“ …Cada nação dá vida à democracia de uma forma específica e de acordo com as suas tradições. Mas a história oferece-nos um veredicto claro: os governos que respeitam a vontade do seu povo, que governam pelo consentimento e não pela coerção, são mais prósperos, mais estáveis e mais bem – sucedidos do que os governos que não o fazem...” (In Barack Obama, a 11 de Julho de 2009, no Parlamento Ganense) 


Cláudio Ramos Fortuna


Urbanista

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Fonte: Club-k.net