Lisboa – Um General devidamente identificado e conotado ao regime agrediu recentemente, em Luanda, o Jornalista William Tonet a quem o ameaçou de  morte. O  agressor invoca argumentações traduzidas nos dizeres de que  aquele profissional de comunicação terá “mexido” ou desrespeitado o Presidente José Eduardo dos Santos razão pela qual pensa que William Tonet mereça o trato violento.

Perseguido pelo seu próprio partido

Uma alegada queixa crime esta a merecer tratamento junto das instancias judiciais. O caso  poderá dar em nada  porque o Jornalista manifesta sinais de perdoar o General. Uma personalidade da PGR enceta diligencias no sentido de “implorar”, a William Tonet  para que não denuncie publicamente o nome do oficial de forma a não manchar mais o nome do circulo “privilegiado” na qual o agressor faz parte.

"É lamentável que em Angola, para além da censura jornalística existente, ainda se odeia e se agride gente pelo simples facto de praticar jornalismo" reagia ao incidente o activista na diáspora,  Moises Lima baseado em Bruxelas.

Que é William Tonet

É filho de um co-fundador do MPLA, já falecido que chegou a ser deputado pelo partido no poder na mais longa legislatura do país. Quando o nacionalista Guilherme Tonet,  foi preso em tarrafal, o pequeno William tinha 5 anos e o pai levou-o consigo numa espécie de rapto da mãe. É assim que  passa a viver a sua infância na cadeia ao lado o progenitor e outra parte no Congo Kinshasa onde estava a direcção do MPLA no exterior. Pode-se dizer, que William Tonet nasceu dentro do MPLA e assim se percebe a fidelidade que mantém a este partido que o maltrata por discordar do regime que nele se instalou.

Em finais da década de 70 esteve muito próximo a uma facção do MPLA próxima a um guerrilheiro, Nito Alves. Na senda das prisões o mesmo é detido sendo posto em liberdade após dois anos. Durante o processo de reinserção na sociedade passou a trabalhar na TPA como “camaraman” tendo sido um dos dinamizadores do programa “opção” que retratava o conflito militar. Foi ele quem abriu oficialmente a delegação da TPA em Benguela. Mudou-se depois para Portugal onde exerceu jornalismo.

Conta que "Comecei a fazer jornalismo depois de 1977, pois até essa altura estava nas forças armadas. Como fui apanhado na onda dos presos de 1977, depois de sair fiquei bastante frustrado com a forma como esse processo decorreu. Depois de sair da cadeia e de ter sido colocado em Benguela e Kuado Kubango, entrei como assistente de operador de câmara na TPA, depois de ter sido rejeitado pelo Jornal de Angola, onde participei num concurso, tive boa prestação, mas o director da altura, Costa Andrade Ndunduma, disse não poder aceitar um fraccionista nos seus quadros. Tive de correr dali para fora." 

Mais tarde ao serviço da Voz da America (VOA), acompanhou uma delegação americana a Jamba, o então quartel general da UNITA. Os serviços de inteligência da UNITA detiveram lhe após notarem que trazia passaporte angolano. Foi  suspeito de espião ao serviço do então regime instaurado no país. Após intervenção norte americana foi solto e Jonas Savimbi, o então líder rebelde desculpou-se do mesmo. Na jamba encontrou vários amigos que com ele estudaram no Huambo, dentre eles estava um ex colega agora convertido num dos melhores quadros militares da guerrilha, o malogrado General Arlindo Chenda Pena “Bem Ben”.

ImageEm 1991 quando as forças da UNITA sitiaram por  57 dias a cidade do Luena, William Tonet que cobria o conflito por parte das tropas do “Galo Negro” abortou o seu então amigo General “Ben Ben” e um outro general das FAPLA, Higino Carneiro que aceitaram a sua proposta de tréguas de paz que ficou conhecida como os acordos do Alto Kauango que deu lugar aos acordos de Bicesse.

Na guerra do Huambo após as primeiras  eleições gerais em Angola, o jornalista voltou a cobrir a mesma mas ao serviços da sociedade internacionais de canais (SIC), porem do lado do governo. No recuou, em conseqüência da derrota que o governo sofria nas mãos da UNITA, William Tonet foi baleado e andou cerca de um mês a pé com os comandantes das FAA, ate Benguela onde seriam resgatados. Totalmente fragilizado e com uma bala cravada na perna o jornalista foi evacuado pelas autoridades portuguesas ate Lisboa onde seriam exibidos os primeiros vídeos da derrota que acabaram por irritar as autoridades angolanas que ate hoje não o perdoam. Enquanto no hospital foi lhe detectado ulcera  no estomago por ter ficado semanas sem comer, que ate hoje é responsável pelo seu estado de saúde.  Por andar longas distancias, tinha as pernas inflamadas que requeriam  cuidados intensivos.

No seu regresso a Angola voltou a praticar jornalismo criando um dos primeiros jornais privados no pais, o Folha8 (Por la passaram, Graça Campos, Reginaldo Silva, Gilberto Neto e etc). foi detido por diversas vezes e solto após intervenção da amnéstia internacional.

Uma versão em apuração, diz que a corrente passava entre ele e o Presidente JES com quem teve contacto  por alguma vez, porem, bloqueados por interferências de elementos que se opunham ao seu reconhecimento ou dos  feitos em prol do país.

O Jornalista voltou as carteiras, tendo passado pela Universidade  Agostinho Neto e mais tarde concluído o curso de direito pela conhecida Universidade americana sedeada no Brasil.  Estagiou  advogacia nos escritórios das “mãos livres” em Luanda. Foi também mediador do conflito partidário  instaurado na FNLA.  É freqüentemente chamado para proferir palestras pelo país fora.  Ainda no ativismo cívico  lidera o amplo movimento de cidadão.

Presentemente enfrenta cerca de 70 processos crimes levantado por generais com realce aos pertencentes ao circulo presidencial razão pela qual a sociedade civil mostra se preocupada com a vida do Jornalista sobretudo quando o caso já se arrasta por agressões físicas contra o mesmo.

 

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Fonte: Club-k.net