Lisboa – São descritas como “sanadas” , o mau estar que se verificou entre o Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos e o membro do Bureau Politico, Antônio França “Ndalu”, citado como figura que esforçou o líder a honrar com promessa de abandonar a liderança do partido, antes de 2018 terminar.

Fonte: Club-k.net

Foi até ao miramar explicar os ganhos da  saída do líder 

O alegado mau estar surgiu depois de ter corrido nos jornais, a informação de que o general “Ndalu” teria liderado um grupo de históricos que subscreveram o abaixo assinado exigindo o fim imediato da bicefalia política, em Angola.

 

JES que reage mal a reparos deste tipo de ordem, mandou recado a “Ndalu”, por via do Secretario Geral, Antônio Paulo Kassoma manifestando o seu desagrado pelo “abaixo assinado”. “Ndalu”, por sua vez, para mostrar que não havia nada pessoal contra o líder do partido tomou a iniciativa de deslocar-se a residência de JES no bairro Miramar, para uma conversa a dois cessando o mal entendido entre ambos. Foi nesta ocasião que o general apresentou a JES os ganhos que teria ao cumprir com a sua promessa de deixar a vida política ativa, antes de 2018, terminar.

 

Em 2017, JES havia prometido reformar-se neste ano, o que foi muito aplaudido pela sociedade que via uma oportunidade de o país se democratizar e por cobro as praticas de corrupção. Porém, ele poria esta promessa em terra quando no inicio deste ano fez um discurso alertando que iria primeiro conduzir o processo da realização das eleições autárquicas. O assunto agravou-se mais quando procurou redefinir o nepotismo e reivindicado a luta do combate a corrupção como obra do seu mandato. Depois deste discurso, os históricos do partido entenderam que tendo em conta que as autarquias estão com datas indefinidas, JES não iria deixar a Presidência do partido o representava um risco enorme em poder a interferir nas matérias que competiam ao executivo de João Lourenço. Foi assim que um veterano convocou os seus colegas históricos e convencendo-os a subscrever o famoso abaixo assinado. Julião Paulo “Dino Matross”, ex-SG teria inicialmente vacilado mas acabou por ficar sem saída e subscreveu o documento.

 

Porém, para JES a grande desilusão seria mesmo para com França “Ndalu”, que é presentemente o único membro do BP do MPLA, no activo, que esta ao mesmo tempo que ele neste órgão do partido.

 

“Ndalu” foi a data altura da historia recente de Angola a figura mais influente do regime. Era uma espécie de “conselheiro especial” de JES. Este opor sua vez, não tomada decisões estratégicas sem a presença de Ndalu. Quando formasse governo, o general “Ndalu”, tinha direito a escolher um ou dois  ministros. Na véspera da concepção do governo de 2010, após a aprovação da nova constituição, o general “Ndalu” sugeriu o nome do general Salviano Sequeira “Kianda” como seu preferido para ministro da defesa. A sugestão foi objectada por JES que optou pelo general Candido dos Santos Van-dunem “Candinho”. O ex-PR, entretanto, considerou a opção de “Ndalu” colocando o general “Kianda” como Vice-Ministro do general “Candinho”. Foi também “Ndalu”, a pessoa que transmitiu a Higino Carneiro de que iria sair da pasta da construção e que não deveria mostrar descontentamento.

 

O seu protagonismo, em estar dentro do circulo de influencia do regime, foi verificado em meios atentos, quando em Fevereiro de 2006, seguiu viagem para o Congo-Kinshasa em substituição do general Fernando Garcia Miala que acabava de ser afastado do poder. A indicação de “Ndalu” levou a reflexão de que o facto de ter sido indigitado para cumprir uma missão de Estado, era sinal claro de que fazia parte da mais alta estrutura informal do regime angolano.

 

O seu poder de influencia era menos notório no seio do partido do que em meios militares cujo prestigio é inesgotável. É ele o mentor de grandes oficiais generais que passaram pelo exercito angolano. Foi por sua influencia que o general Manuel Helder Vieira Dias “Kopelipa” saiu do GEPA para ser indicado chefe da Casa Militar. Foi o promotor de prestigiadas patentes militares como João de Matos, Roberto Leal Monteiro “Ngongo”, Carlos Mello Xavier, Higino Carneiro e etc. daí a referencia “o general dos generais”. (O general Antônio José Maria terá sido a única excepção que chegou ao circulo presidencial sem o seu empurrão).