Joanesburgo – Diz-se a titulo irônico que em lugares onde passa deixa sempre uma divida de 200 milhões euros. Assim aconteceu na Colômbia, Portugal, e Angola, onde está a ser  procurado pelo departamento de recuperação de credito do Banco Econômico, o herdeiro do extinto BESA.

Fonte: Club-k.net

PGR ignora escândalo financeiro envolvendo o BESA 

O caso de João Manuel Gama Leão, trás ao de cima um esquema de uma rede de empresários portugueses que  tirava dinheiro de Angola, para fora,  em forma de financiamento. No seu caso concreto, beneficiou de um credito de 20 milhões de euros do BESA e através de um esquema usou estes fundos  para comprar ações da “Holding” Espirito Santo, em Portugal. Ao total deixou uma divida de mais de 200 milhões de dólares. O BESA (agora BE) perdeu - lhe os rastos e dele apenas se ouvem  relatos de processos  na Colômbia, Brasil  por alegada pratica de deslealdade financeira. 

 

João Manuel Gama Leão, o sujeito da historia, chegou a Angola nos finais dos anos 80 acompanhado pelo pai, vindos de França, nasceu, a 43 anos. A partir da capital angolana, o seu pai pedreiro de profissão passou a ir com frequência a Portugal construindo casas em adjudicação directa nas aldeias. Quando o negócio em sua terra natal faliu, apostou num restaurante que servia refeições colectiva para uma escola, em terras de camões.

 

Já em Angola, o filho João Gama Leão, que seguiu a profissão do pai,   viu as portas abertas,  para o êxito econômico aproximando-se a figuras próximas ao poder que o levaram a saltos altos no sector da construção civil. Aqui, fez-se sócio da Prebuild, uma empresa de construção angolana existente desde 2007. Através de uma procuração de poderes que lhe foi passada, solicitou empréstimos que se totalizam em 200 milhões de dólares junto aos bancos angolanos (BESA, BNI, Banco Millenium), sob pretexto de aquisição de material de construção. Mandou-se para fora do país, colocando agora os bancos a sua procura.

 

Na condição de foragido que esta, João Gamam Leão gere as suas empresas em Angola por via de uma procuração passada, em nome de dois “testas de ferro”, o irmão Martinho Gama Leão e um amigo Jorge Brandão.

 

O empréstimo de 20 milhões de euros e a ligação a família Espirito Santos

 

Em Angola, chegaram a surgir rumores de que a certa altura, Gama Leão passou a fazer parte de um grupo de pressão do interesse de Ricardo Salgado, ex-PCA do BES-Lisboa, que tirava dinheiro de Angola na modalidade de financiamento para levar para Portugal. Tais rumores não são alheios, ao período em que membros do regime angolano receberam créditos do antigo BESA, e o nome de João Gama Leão aparece agora na lista de devedores que esta instituição procura.

 

Por via de uma “carta conforto” de 22 milhões de euros passada pelo antigo BESA, a favour da PreBuild, o empresário João Gama Leão foi a Portugal e comprou 2% da Espírito Santo International, a "holding" de topo do Grupo Espírito Santo (GES). Isto, é, com os 22 milhões de euros que recebeu como credito do Banco BESA, em Angola, o construtor fez-se acionista da empresa dona do próprio banco, que lhe emprestou os fundos.

 

Os 22 milhões de euros foram dados em duas tranches, em forma de ‘stand by letter of credit’. A primeira de 10 milhões de euros datada de 29 de Agosto de 2011, e a segunda de 12 milhões da mesma moeda datada de 28 de Março de 2012. As cartas venceram e o agora Banco Econômico (herdeiro do BESA) teve de pagar a sua congênere de Portugal. Do lado de Angola, a divida esta a descoberto na empresa Prebuild liderada por João Gama Leão.

 

Aos 19 de Julho de 2016, o Banco Econômico (BE), cobrou-lhe todas as dividas, mas sem sucesso uma vez que João Manuel Gama Leão se encontra em parte incerta.


“Fazemos referencia a todas as tentativas de resolução do incumprimento que as empresas do grupo Prebuild têm junto do BE, sem que houvesse desenvolvimento que permitisse a concretização de um acordo para resolver as situações de incumprimento creditício das empresas junto da nossa instituição bancaria”, lê-se na carta de cobrança do Banco Econômico enviada a PreBuild, empresa liderada por João Manuel Gama Leão, em Angola.

 

Até aos dias de hoje, o credito de 22 milhões de euros dados a João Gama Leão tem levantado interrogações, em meios bancários em Angola, uma vez que lhe foi dado numa altura que já tinha divida no extinto BESA, de mais de 90 milhões de dólares.

 

Em meios financeiros em Angola, diz-se que estas operações (de enviar liquidez para Portugal) eram do interesse da então administração do Banco Espirito Santos, em Lisboa. O BES-Lisboa criava divida em Angola, a seu favor, para depois ganhar liquidez. Não está claro se João Manuel Gama Leão agia diretamente como “testa de ferro” de Ricardo Salgado, a época PCA do BES em Portugal. Sabe-se apenas que junto ao BES, ele dispunha de um contacto privilegiado, com o então administrador para as grandes empresas, Bernardo Espirito Santos, agora diretor do Euro BIC.

 

Para além de Angola, há relatos na imprensa estrangeira que João Gama Leão depois de declarar insolvência das suas empresas em Portugal, virou-se para o mercado Brasil e na Colômbia, onde o acusam também de ter contraído dividas acima de 150 milhões de dólares.

 

No passado dia 17 de Julho de 2018, deu entrada no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região do Brasil, uma queixa contra o mesmo movido por uma cidadã Diana Sofia da silva Morais, que se queixa ter sido burlada por João Manuel Gama Leão num negócio envolvendo a joalheria “Fancy Sparkle comercio de Joias”, ligada a queixosa.

 

Em data anterior, site espanhol da ‘W Radio’, afirmava que João Gama Leão protagonizara um “escândalo colossal”, envolvendo uns 250 milhões de dólares, que faz tremer “os alicerces de uma das mais reputadas firmas imobiliárias da Colômbia”, envolvendo ao mais alto nível “políticos de Portugal, Angola e Colômbia”.

 

Em Angola, a Procuradoria Geral da República, nunca se dignou a abrir uma investigação contra a rede de portugueses da linha de João Gama Leão que beneficiaram de créditos do Banco BESA, e que usaram para comprar participações em empresas na Europa deixando a congênere angolana endividada.

 

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