Luanda - A empresa portuguesa Lactogal, que comercializa em Angola a marca Mimosa, entre outras, disse hoje ser "totalmente alheia" a uma tentativa de fraude denunciada em 06 deste mês pela Associação Angolana de Direitos do Consumidor (AADIC).

Fonte: Lusa

Num "esclarecimento" enviado hoje à agência Lusa, em Luanda, a Lactogal - Produtos Alimentares SA salienta que a empresa produz e exporta os seus produtos "nas devidas condições de segurança e higiene", ressalvando que não tem qualquer tipo de estrutura em Angola.

 

No dia 06 deste mês, a AADCI divulgou uma lista de produtos que estão a ser comercializados em Angola, sobretudo em Luanda, um deles a marca Mimosa, uma vez que disse ter detetado datas de fabrico e de caducidade aparentemente falsificadas.

 

Numa nota de imprensa então enviada à Lusa, a AADIC exortou as autoridades angolanas a pronunciarem-se "o quão breve possível", porque, adiantou, "está em causa a vida de milhares de cidadãos que, em Luanda e não só, terão consumido esses produtos", exigindo, paralelamente, a retirada dos produtos do mercado.

 

"A Lactogal é totalmente alheia a esta tentativa de fraude de alteração de validades dos seus produtos. A empresa produz e exporta os mesmos nas devidas condições de segurança e higiene, a partir de Portugal, não tendo qualquer tipo de estrutura em Angola", lê-se, hoje, na nota de imprensa.

 

"Os produtos são importados por entidades identificadas e revendidos também por superfícies comerciais de confiança, sendo depois possivelmente revendidos de forma informal e, portanto, completamente fora do controlo da empresa", acrescenta.

 

Segundo a empresa portuguesa, que também comercializa, entre outras, as marcas Agros, Matinal ou Castelões, o produto que "aparentemente terá sofrido a tentativa de fraude" é o leite com chocolate 200ml Mimosa, "não devendo ser considerado todo o universo da marca (leite UHT Magro, Meio Gordo ou Gordo).

 

"Este facto é importantíssimo, pois estamos a falar de consumidores que confiam nestas marcas e que não devem ficar alertados de maneira incorreta. Como tal, qualquer medida que se relacione com apreensão de forma generalista e massiva de produtos da marca Mimosa deve ser evitada, pois não existe justificação para tal", refere a Lactogal no "esclarecimento".

 

A empresa portuguesa sublinha também que vai entrar em contacto com a AADIC e com o Ministério do Comércio angolano de forma a disponibilizar-se para esclarecer qualquer ponto e contribuir na investigação, nomeadamente com informações como os revendedores da marca, pontos de venda e grossistas para onde foi vendido o produto, juntamente com as datas de validade devidas, para que se possa chegar rapidamente à origem do crime e se possa minimizar o prejuízo ao consumidor.

"É também desejo da Lactogal que os consumidores de produtos da marca Mimosa estejam atentos e consigam perceber a diferença entre um produto que foi defraudado e o que não foi, pois o consumidor e a sua saúde são o fator de maior preocupação para a marca", refere a empresa portuguesa.

A AADIC indicou que as práticas de falsificação de datas de fabrico e de caducidade não se ficaram somente por Luanda, sendo extensivas a todo território angolano, pelo que a associação apelou aos consumidores para "absterem-se de consumir os produtos enquanto o Ministério do Comércio não se pronunciar".

Entre os produtos englobados na lista da AADIC está a marca de leite portuguesa Mimosa, bem como outras, como as papas Maizena e Nestlé, Cornflakes e flocos de aveia, os cereais Estrelitas, a bebida energética Redbull, o feijão Tio Lucas, o milho doce Condi, o óleo alimentar Cozinheiro Tempero, o ketchup Nhan Nhan, as manteigas Pastora, Puro Sabor e Soya, o sumo Bongo, os cogumelos Anna, o caldo de carne Maggi e as fraldas Pampers.

No final de julho, a AADIC indicou ter apresentado uma queixa-crime junto da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola contra uma "rede criminosa" suspeita de falsificar datas de fabrico de bens alimentares, conforme noticiou a Lusa.

A suposta rede criminosa, adianta a associação, integra cidadãos nacionais e estrangeiros que adulteram bens e produtos para as grandes superfícies comerciais.

Os alegados falsários, refere a AADIC, têm como preferência produtos ou bens com a designação "consumir de preferência antes de 24/01/2018 ou 08/2018", datas mais fáceis de adulterar.

Após a falsificação, acrescenta o documento, os produtos são vendidos em todas as cantinas e pequenas lojas espalhadas pela cidade de Luanda e ainda em restaurantes e casas noturnas, uma prática classificada pela AADIC como "crime de envenenamento".