Lisboa - O VI congresso extraordinário do MPLA que se realiza a 8 de Setembro próximo, está destinado a fazer história porque pela primeira vez, na trajectória deste partido, está a ser admitido a escolha de uma mulher para preencher a vaga de “segunda figura” na hierarquia da força política que terá como líder João Manuel Gonçalves Lourenço.

Fonte: Club-k.net

‘Eduardistas’ e ‘Lourencistas’ na luta pelo poder 

Nos bastidores, segundo apurou o Club-K, estão a ser identificadas como candidatas com o perfil indicado ao cargo de vice-presidente do MPLA, a actual vice-presidente da Assembleia Nacional, Joana Lina Ramos Baptista ‘rivalizando’ com a ministra da Hotelaria e Turismo, Maria Ângela Teixeira de Alva Sequeira Bragança.

 

Ambas são tidas como tendo um concorrente do sexo masculino, o deputado e ex-Vice-PR, Manuel Domingos Vicente, que nos últimos meses tornou-se no mais importante conselheiro informal do Presidente João Lourenço.

 

As duas senhoras são figuras emblemáticas do partido e ligadas a campos opostos da actual liderança do partido. Joana Lina é tida como uma “Eduardista”. A quando à morte do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, ela era uma funcionária da sede do MPLA  colocada num departamento que estava sob alçada de José Eduardo dos Santos, então secretário do Comité Central para o Desenvolvimento Económico e Planificação.

 

Desde então se tornou muito ligada ao líder e da família deste. JES fez dela a mais influente dirigente da ala feminista do MPLA. Tem a OMA consigo, porém, é na JMPLA onde uma corrente fiel ao líder Sérgio Luther Rescova Joaquim, lhe tem em desconsideração.

 

Maria Ângela Teixeira de Alva Sequeira Bragança, a segunda favorita, goza de forte prestigio e consideração. Foi adjunta da JMPLA em Luanda, na década de 80, e mais tarde fez uma longa carreira como  deputada a Assembleia Nacional desde 1992 até 31 de Agosto de 2012. Seu esposo é o actual embaixador de Angola em Itália, Florêncio Mariano de Almeida.

 

Por diversas vezes,  a imprensa angolana descreveu-lhe como “ injustiçada” por até 2012 não ter desempenhado cargos governamentais, tendo em conta ao seu perfil. Ao longo da sua carreira politica correram também rumores de que era desprotegida de José Eduardo dos Santos e ao mesmo tempo circularam posições de que, depois da morte de Agostinho Neto, uma ala do partido, via nela, ao tempo de solteira, traços desencontrados na ex-companheira de JES, Maria Luísa Abrantes.

 

Ângela e a sua irmã Maria do Rosário Bragança Sambo, também ministra, são tidas como próximas a família Lourenço desde o tempo de estudantes no Lobito. Desde que se anunciou a transição política em Angola ela questionou, em reuniões do Comité Central, decisões do líder do partido, respeitante aos critérios para cargos no Bureau Politico.

Candidatos a Secretário Geral

A margem do congresso deverá ser também indicado um novo secretário geral. Em meios do partido, são dados como potenciais favoritos, os dirigentes Bento Francisco Bento, Francisco Higino Lopes Carneiro e Jorge Dombolo.

 

Dos três, Bento Bento é o que é visto como reunindo o perfil mais cativante devido a sua faceta de “organizador”. Apesar de ser publicamente conhecido como um “Eduardista”, foi João Lourenço, ao tempo SG do MPLA, que o retirou do Comité Municipal do Sambizanga para revitalizar a província de Luanda, em substituição do então primeiro secretário provincial do MPLA, Francisco Vieira Dias.

 

Na altura Lourenço, como segunda figura do MPLA, estava convencido que “o próximo candidato as eleições não se chamaria JES” e estava já a colocar quadros da sua confiança em estruturas chaves do partido. Quando Lourenço foi afastado do cargo de SG, o líder do partido JES recuperou os seus homens na qual configurava  Bento Bento.

 

Rui Falcão Pinto de Andrade, quadro que nos últimos anos tornou-se desafecto as praticas de corrupção que prejudicaram a liderança de Eduardo dos Santos, deverá regressar a estrutura central do partido para responsabilidades que se dizem “acrescidas”.