Lisboa - O líder José Eduardo dos Santos surpreendeu os seus colegas ao propor para si, e para Antônio Agostinho Neto o titulo de “militante e Presidente emérito do MPLA”. Segundo consultas, alguns quadros do partido encaram o acto como uma “oportunidade perdida” de o mesmo deixar o partido reconhecendo também o papel de Mário Coelho Pinto de Andrade, que foi o Primeiro Presidente da historia do MPLA. De todos os partidos angolanos, o MPLA é o único que “riscou” da história o seu líder fundador. Nas sedes do partido  há apenas quadros do primeiro e segundo presidente.

Fonte: Club-k.net

Militantes aguardam  futuro  líder para retificar falha histórica 

Fontes habilitadas disseram ao Club-K, haver fé que tão logo João Lourenço assumir a liderança do MPLA deverá ter como prioridade fazer “correção desta falha de JES”, tal como na sua vestes de novo Chefe de Estado, fez a correção de transferir os seus antecessores das FAPLA, para as FAA, promovendo-os a generais de exercito da actual forças armadas angolanas.

 

De acordo com as mesmas fontes, a proposta dos títulos eméritos terá partido do próprio José Eduardo dos Santos numa reunião extraordinária, apoiando-se em argumentações estatutárias. O líder cessante do partido convocou os seus colegas e para surpresa de todos, apresentou a sua proposta nesta mesma reunião pondo de parte Mário Coelho Pinto de Andrade.

 

 Quem  abertamente se mostra  contra os títulos eméritos consagrados por JES é o membro do Comitê Central e Embaixador de Angola na Alemanha, Alberto Correia Neto. Falando esta terça-feira a emissora LAC, o diplomata fez saber que “O Presidente Agostinho Neto não pode ir a reboque de ninguém, aliás, o MPLA teve outros presidentes. Sou contra esses títulos (Presidente emérito, militante emérito, militante distinto, membro honorário)”

 

Mário Coelho Pinto de Andrade, o primeiro Presidente do MPLA,  afastou-se deste movimento de libertação, em 1952, no seguimento de divergências com Agostinho Neto. Antes de falecer em 1990, em  Londres,  viveu  em Portugal. 

 

Formou-se em Filologia Clássica na Universidade de Letras da Universidade de Lisboa, cidade para onde se mudou em 1948. Em finais da década de 70 ocupou o cargo de ministro da cultura da Guine-Bissau.


Antecedentes

Até ao momento não são conhecidas as razões que levam  José Eduardo dos Santos a não considera-lo. Também   não se sabe se tiveram divergências no passado, ou se levou a peito o problema  - de disputa de liderança - que Pinto de Andrade  teve com Agostinho Neto. De JES sabe-se apenas que  quando não tem simpatias por alguém arrasta os seus sentimentos para o plano institucional, um caráter que a filha Isabel dos Santos terá puxado dele.

 

Ao tempo, em que viva no Congo Brazzaville  teve divergência com Lúcio Lara razão pela qual  JES foi dos seguidores de Agostinho Neto que  não participou no famoso congresso de Lusaka. Porém quando tomou o poder,  ‘humilhou’ Lara que era o numero dois do partido, ao tempo de Agostinho Neto, reduzindo-o   como suplente do Comitê Central do MPLA, logo após o congresso de 1985. Diz-se que o histórico Lara terá chorado pela humilhação. 

 

Em Abril de 2008, José Eduardo dos Santos (JES) recusou-se a sancionar um despacho do Ministério da Cultura cujo objecto era a atribuição do Prémio Nacional de Literatura 2007 à escritora angolana radicada em Portugal, Paula Tavares. O estadista teria alegado atitudes maldizentes da mesma em relação a si próprio (em artigos de imprensa).

 

Há certa altura, fazia notar em meios privados o seu desafecto pelo  escritor José Eduardo Agualusa e ao jornalista Rafael Marques  de Morais por se apresentarem críticos ao seu legado de corrupção e abuso de direitos humanos. O acadêmico Paulo de Carvalho chegou a considerar JES como um democrata por nunca ter recorrido a meios violentos contra a integridade de Marques, apesar de nos meados da década de noventa o Presidente ter se vingado deste jornalista  mandando-o para prisão por lhe criticar num texto entitulado  “o batom da ditadura”.