Luanda - O vice-presidente do Conselho de Estrangeiros na Alemanha, José Manuel Paca, afirmou hoje que os angolanos têm hoje "as mesmas possibilidades" de acesso ao mercado de trabalho que os restantes cidadãos e elogiou a visita que o Presidente de Angola, João Lourenço, está a realizar ao país.

Fonte: Lusa

A viver na Alemanha há mais de três décadas, José Manuel Paca, natural de Angola, assegurou, em entrevista à agência Lusa, que a comunidade angolana no país - cerca de 6.600 cidadãos registados oficialmente -, é "diferente das outras mas discute os mesmos problemas que as comunidades turca, do Afeganistão, marroquina ou até portuguesa".

 

O também presidente do Conselho da capital da Turíngia, a cidade de Erfort, revela que este estado federal, no centro da Alemanha, conta com 25 mil estrangeiros, oriundos de 107 nações.

 

"Na Alemanha, nas últimas décadas, não se coloca a pergunta de onde mas sim: em que é que podemos aproveitar a capacidade e a experiência de determinada pessoa", explica José Manuel Paca, que acrescenta que esta "é uma nova filosofia social do povo alemão", justificada pelo fim de "uma sociedade mono", agora "multicultural".

 

Um comportamento que Paca ajuda a entender: "ao tomarem conhecimento do problema demográfico, os alemães apreenderam esforços para disponibilizar formação e emprego". E neste campo, os angolanos que residem na Alemanha têm "os mesmos direitos" que os restantes cidadãos, porque "grande parte já não tem estatuto de refugiado, têm vistos estáveis".

 

A viver há mais de 30 anos na Alemanha, José Manuel Paca assume que "um regresso definitivo a Angola não seria assim tão fácil", mas a ideia de "poder contribuir para o desenvolvimento do país" poderia fazê-lo voltar.

 

O vice-presidente do conselho de estrangeiros da Alemanha foi condecorado em 2015 pelo governo germânico com a "Bundesverdienstkreuz", a Grã-Cruz da Ordem de Mérito. Foi a primeira vez que um africano recebeu esta distinção.

 

José Manuel Paca tem acompanhado a visita do Presidente de Angola, João Lourenço, a Berlim, e acredita que o chefe de Estado está a dar "passos positivos". Assume que deposita "uma grande confiança" em João Lourenço, porque "conhece a realidade do país". E remata dizendo que "nos últimos meses ele soube tratar as questões pelos seus nomes e usa uma linguagem que todos os alemães conseguem entender, ele coloca o dedo na ferida".

 

O Presidente de Angola esteve esta manhã no palácio presidencial de Bellevue, Berlim, para um encontro com o homólogo alemão Frank-Walter Steinmeier.

 

No último dia de visita à Alemanha, a primeira que faz desde que foi eleito, há exatamente um ano, João Lourenço assinou o livro de honra, antes de uma reunião com o Presidente alemão, sem declarações aos jornalistas.

 

Ainda esta manhã, João Lourenço visita a Escola Profissional da Siemens. Já ao início da tarde, o presidente angolano vai conhecer as futuras instalações da embaixada de Angola em Berlim.

 

A visita oficial termina com audiências.

 

Na quarta-feira, João Lourenço convidou Angela Merkel a visitar Angola já no próximo ano. A última vez que a chanceler esteve no país foi em 2011 com o ex-presidente José Eduardo dos Santos.