Lisboa – Celso Miguel Leiro Furtado, alto funcionário do ministério das finanças de Angola, viu-se recentemente forçado a apresentar a sua demissão do cargo que Chefe do Departamento de Encargos Centrais estando agora na condição de dispensado nos termos de uma “licença ilimitada”, conforme o despacho n.º 3288/18,  que o Club-K, teve acesso.

Fonte: Club-k.net

MPLA manda  abafar processo envolvendo filho do seu dirigente 

Em causa está o descaminho de, 346 milhões e 750 mil kwanzas transferidos para as suas contas pessoais. Os valores são provenientes de uma ordem do ministro das Finanças Archer Mangueira, através do Ofício n.º 1111/MINFIN-CUT/2017, de 9 de Agosto de 2017, que retirava mais de mil milhões de kwanzas da Conta Única do Tesouro (CUT), que agrega os depósitos dos impostos.

 

Celso Furtado, 34 anos de idade, é afilhado do ministro Archer Mangueira. Seu pai é Gomes Furtado (na foto), ex-membro do Comitê Central do MPLA e tido como  o mais importante sócio dos negócios privados do titular das finanças. Formou-se na Inglaterra e é desde Fevereiro de 2015, quadro da Direcção Nacional do Tesouro. Em Fevereiro de 2016 solicitou licença por um período de seis meses tendo regressado assim que o seu padrinho foi nomeado ministro.

 

Em Novembro de 2017,   Celso Furtado chegou a ser detido por algumas horas pelo Serviço de Investigação Criminal quando este órgão havia também ordenado a detenção do então diretor nacional do Tesouro, Edson Augusto dos Santos Vaz, por "suspeito da prática de ilícitos criminais no exercício das suas funções".

 

O ex- director do Tesouro,  Edson Vaz ficou seis meses em prisão preventiva até ganhar a liberdade condicional e aguarda  julgamento. Já Celso Furtado, o afilho do ministro, foi solto, no mesmo dia,   e  não voltou mais a ser incomodado pelos órgãos de justiça no seguimento de uma intervenção do   MPLA. Logo a seguir, Celso mudou-se para Inglaterra, onde  detém participações numa  empresa privada de fornecimento de material hospitalar,  MEDIBORD. 

 

Segundo fontes do Maka Angola, a investigação foi levada à sede do MPLA, numa reunião dirigida pelo seu secretário-geral Paulo Kassoma, com a presença do general João Maria de Sousa, da directora da Unidade de Informação Financeira (UIF), Francisca Massango de Brito, do ministro Archer Mangueira e de Valter Filipe.

 

De acordo com as mesmas fontes, os fundos saqueados dos impostos foram justificados como tendo sido usados para reembolso de contribuições pessoais à campanha eleitoral do MPLA. E, com base nessa informação, o processo encontra-se engavetado. Tanto Archer Mangueira como Valter Filipe são membros do Comité Central do MPLA, o partido beneficiário.