Luanda - Isabel dos Santos regressou esta quinta-feira às redes sociais para questionar a estratégia do Governo angolano, que considera não estar a tirar partido da valorização dos preços do petróleo.

Fonte: Negocios

Um dia depois do barril de brent em Londres ter superado a barreira dos 80 dólares (atingindo um máximo desde Maio deste ano), a empresária angolana diz que apesar desta alta nos preços da matéria-prima, "continuamos mergulhados numa profunda crise económica".

Acresce que as empresas angolanas registam "perdas financeiras enormes", levando a filha de José Eduardo dos Santos (que cedeu a liderança do MPLA a João Lourenço) a questionar "qual é a estratégia" do governo do país africano.

 

Isabel dos Santos tem sido recorrente nas críticas ao Governo angolano. Em Junho lamentou a falta de atractividade externa de Angola, pela dificuldade em repatriar dividendos. João Lourenço respondeu na altura, lamentando que Isabel dos Santos "desencoraje investimento para o seu próprio país".

Angola é um dos maiores produtores de petróleo de África e está a discutir com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um programa de financiamento de 4.500 milhões de dólares (3.910 milhões de euros), no quadro do programa de assistência solicitada pelo Governo

Segundo dados revelados na quarta-feira pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a produção petrolífera angolana voltou a descer, em Agosto, o equivalente a 8.000 barris diários face a Junho. Angola atingiu o mês passado uma produção diária de 1,448 milhões de barris de crude, face aos 1,456 milhões do mês anterior.

Angola enfrenta desde final de 2014 uma profunda crise económica, financeira e cambial decorrente da forte quebra nas receitas petrolíferas.

Em menos de dois anos, o país viu o preço do barril exportado passar de mais de 100 dólares para vendas médias, no primeiro semestre de 2016, de 36 dólares por barril, segundo dados do Ministério das Finanças de Angola, citados pela Lusa.

Em Agosto, a consultora FocusEconomics estimou um crescimento de 1,9% da economia angolana para 2018 e que acelere para os 2,3% em 2019, previsões sustentadas no estimado aumento do preço do petróleo.

O ministro das Finanças angolano explicou o mês passado que programa negociado com o FMI em 2018 visa fundamentalmente a consolidação do ajustamento fiscal, reduzindo o défice orçamento geral de 7%, em 2017, para 3,4%, em 2018. Contempla também as medidas para criar um melhor ambiente de negócios, com uma lei sobre a concorrência e um novo instrumento sobre o investimento estrangeiro.