Luanda - O Discurso de JLo ao VIo Congresso Extraordinário do MPLA foi electrizante, antes de mais por ter dado “um murro” na boca do estômago do “Eduardismo”.

Fonte: Club-k.net

Socorreu-se de novo da Estratégia de Sun Tzu que é a “Velocidade e Ataque aos pontos fracos do adversário”, tendo esse seu modus operandi tornando-o praticamente imbatível.


É uma pena que os seus adversários ainda não o tenham compreendido. Menosprezá-lo como JES o fez, foi suicidário.


Quer queiramos ou não, foi o Congresso da sua consagração como Líder e, também de Ruptura .


Mas não tenhamos ilusões.


Combater o “Eduardismo” é uma tarefa hercúlea que não se resume ao combate à um só Homem, de sua graça JES/Família.


Vai ser de longa duração e os seus efeitos duradoiros só serão visíveis no espaço de uma década.

Será dolorosa e traumática para todos, mas absolutamente necessária, pois sem a qual, será a catástrofe para este País eternamente adiado.

Não tenhamos, reitero, ilusões.


O “Eduardismo” foi um Sistema de Governação altamente personalizado que baseou a sua acção em três eixos:

*No Plano Económico apostou na Produção/Exportação do Petróleo como meio quase que exclusivo de arrecadação de receitas fiscais, para que pudesse manter todo um Povo, sob seu domínio e exclusivo controlo, não permitindo, nem estimulando o desenvolvimento da agricultura, industria e serviços, para que não florescesse de forma centrífuga, uma classe média e empresarial, que o afrontasse no médio-longo prazos, distribuindo por isso, os rendimentos do petróleo á sua Família e a um séquito restritíssimo, perfeitamente controlável, a que designou eufemisticamente por “A Acumulação Primitiva de Capital“;*No Plano Político apostou na Corrupção a todos os níveis, no Nepotismo, no Culto de personalidade ao Chefe, isto é na Bajulação, no desmantelamento das estruturas do Estado e sequestro do seu Partido, o MPLA, domesticando-o, tornando assim Angola um Estado Cleptocrático e retrógrado, como não há memória, em pleno século XXI.

*No Plano Social e Judicial desestruturou os três pilares essenciais do Estado, a saber, o Sistema de Educação, o Sistema de Saúde e o Sistema de Justiça, subjugando este último e, mantendo o Povo na mais abjecta Iliteracia a todos os níveis do conhecimento Humano, em que a pobreza extrema e cultural das populações, constituem a face mais visível do Iceberg e, empurrou para níveis vergonhosos, os Determinantes Sociais de Saúde, com uma taxa de mortalidade materna e infantil assombrosas.

À luta engendrada contra esse Mal, pelo actual Presidente da República, surgiram de forma cautelosamente engendrada novos “ Snipers”, gente que foi contestatária de JES num passado recente, para credibilizar a narrativa e a argumentação, com a tese de perseguição a “ JES e sua Família “. Obviamente que é um Mito e o Mito combate-se com factos.

JES e sua Família detêm mais de 80% das riquezas deste País.


Não ter o foco do combate nesta direcção principal é suicidário, para quem pretende afirmar-se como um líder e de forma inequívoca, tanto no plano interno como internacional.


É que JES, apesar de ter hasteado a bandeira da “rendição” política, por factores conjunturais absolutamente desfavoráveis, detém demasiado poder económico sendo esse em última análise, o cerne da questão.

Como contrariá-lo?

Se a Luta política está aparentemente ganha, com a consagração de JLo como líder partidário neste Congresso, já ao nível económico-financeiro e social, não está, e JES nos dois primeiros aspectos é avassalador em termos de proporção de forças, pois possui imensa riqueza, avaliada segundo a Euronews em cerca de 18 Mil Milhões de USD.


Não há outro caminho, há que contrariá-lo não só no plano político, mas mais acintosamente no plano económico e financeiro.


Nesse aspecto, a Estratégia de Sun Tzu: “ Velocidade e Ataque aos Pontos Fracos do Adversário “ que JLo vem adoptando no plano político, como se viu neste Congresso, é ineficaz e inexequível no plano económico e financeiro, porque JES precaveu-se em demasia, mas há que contrariá-lo.


E vai ser traumático e doloroso, repito, contrariá-lo. Mas é o caminho, para encurtar o sofrimento deste Povo, que vive na mais abjecta miséria.


JLO não pode estar numa situação quase que idêntica a do Papa Francisco, por quem temos todos imensa consideração, que vem criticando a pedofilia ao nível da mais alta hierarquia da Igreja Católica sem que tenham decorrido daí, consequências jurídicas ao nível do Direito Canónico e Civil aos prevaricadores, descredibilizando-se assim perante os crentes.


Ao ter definido a Quadratura do Mal (a Corrupção, o Nepotismo, a Impunidade e a Bajulação), como Inimigo Público No1, não só expôs o modus fasciendi do “EDUARDISMO”, como elevou em demasia o combate político.

Pois, a Política é também uma estimativa de riscos e recompensas que afetam as estimativas dos adversários.


Estou certo, JLo não será o Papa Francisco.

JLo não tem para já aliados a altura nessa luta difícil, traumatizante e dolorosa ao nível da Oposição, para “Um Pacto de Estabilidade” depois do “Adeus às Armas” não de Ernest Hemingway com os personagens Frederic e Catherine, mas de Samakuva, na sequência do principal líder da Oposição, ao ter considerado JES um Patriota.


É que Samakuva sabe, tal como nós sabemos, que um Patriota não deixa na mais abjecta miséria o seu Povo, nem se apropria desmesuradamente dos bens financeiros de toda uma Nação, deixando o País exaurido financeiramente. Um Patriota tem outra caracterização que Samakuva sabe tão bem qual é.


Só há um Caminho, se JLo pretende de facto, obter uma vitória retumbante contra o “EDUARDISMO” no médio e longo prazos.
Terá de definir e adoptar “Um Plano Marshall para Angola “ em que o seu financiamento se baseie maioritariamente no dinheiro expatriado de forma ilícita, sendo demasiadamente óbvio, que quem detém a maior fatia desse montante, é JES.

Repatriá-lo vai ser a parte traumática e dolorosa.


Haverá vontade política para o fazer?

Vai ser a pergunta que se colocará nos próximos tempos pós-Congresso. Quero crer, que a vinda do FMI a Angola, para além dos aspectos económicos em si, que podem servir para a materialização desse desiderato, tem igualmente uma componente política.


Na ausência de um Pacto de Estabilidade por auto-demissão e inércia da Oposição, JLo precisa como de pão para a boca, de um aliado internacional muito forte, que o ajude a afrontar internamente os grandes interesses económicos instalados que em muitos casos, têm expressão política, na cúpula do seu próprio Partido.


É também óbvio, que um Plano Marshall a ser implementado em Angola, não deverá ser para terminar as obras faraónicas e emblemáticas do “EDUARDISMO”.

Terá de ser para materializar um Plano de Desenvolvimento Estruturado e Sustentável de longo prazo e que tenha como foco inalienável a massificação da Educação, Sistema de Saúde de qualidade, Infra- estruturas rodoviárias duradouras e a diversificação plena da Economia com a entrada em cena novos “players”.

A recente ida de JLo a China de Deng Xiaoping, com qual ele se revê, foi uma vitória da sua diplomacia económica, mas se os recursos aí obtidos forem para a materialização das obras deixadas pelo seu antecessor, vai ser uma desilusão, porque essas obras devem ser pagas pelo dinheiro ilicitamente expatriado.


Perguntar-me-ão, onde estarão os “Lourencistas” para este combate? Alguém os viu por aí?

É óbvio que não, pois, “Lourencistas” são a sua Família, de quem herdou e atribuiu o apelido, tendo fora desse marco uma carga pejorativa e bajuladora. O que ele precisa é de ter uma Equipa profissional funcional, que pense pela própria cabeça e que lhe seja leal e, isso só se consegue mudando os paradigmas de atuação política, onde igualmente a visão sobre as autárquicas seja a mais abrangente possível.

Repito a pergunta, haverá “Lourencistas” para esse desiderato?

Claro que não!!


Na sua essência, JLo é a antítese de JES, felizmente para nós, pois JES só se apercebeu deste facto no final da corrida, quando ele próprio hasteou a bandeira branca da “rendição política” e, recebeu em troca, um conjunto de medalhas eméritas e distintas ao peito, que lhe valeram uma mão cheia de nada.


JES perdeu a noção do tempo e só agora, 39 anos depois, é que diz que vai cuidar das questões sociais deste martirizado Povo.


Há que reinventar a noção “Eduardista” de Patriota, no seu modesto Legado.