Huambo – O Rei do Sambo, Kanoma Etumbuluko vai nos próximos dias endereçar uma carta à Embaixada de Portugal em Angola a pedir a devolução da caveira do seu antecessor, o Rei Mandi decapitado pelos portugueses e exige pedido de desculpas aquele país da União Europeia.

Fonte: Club-k.net
Tudo aconteceu no inicio do século passado, quando o Rei Mandi foi capturado em combate, preso no Forte Militar do Sambo e decapitado em parada publica, ante o olhar impávido e impotente do povo. A sua caveira foi de seguida enviada para Portugal como troféu de guerra.

Em 2005, o Rei Cipriano Kaningui encetou contactos com a Embaixada portuguesa em Luanda, mas sem qualquer resultado pratico, uma vez que o soberano do Sambo, já falecido, pretendia obter de Portugal o repatriamento da caveira real, como alias aconteceu com Ngungunhana de Moçambique.

“Os sambos não descansam enquanto este pendente da colonização europeia não estiver resolvido”, disse o novo Rei, Kanoma Etumbuluko, que prepara um dossier acabado a apresentar as autoridades lusas. Kanoma, que recentemente foi recebido pelo Presidente da Republica de Angola, João Lourenço, manifesta-se optimista quanto ao desfecho desta epopeia que terá custado a vida de milhares de pessoas, do seu reino, na primeira metade do sec. XX.

O massacre de Kandumbu foi, entretanto aquele que mais vitimas terá produzido. Segundo Isaías Kapangue, antigo escriturário do Posto Administrativo do Sambo, 3 mil soldados indígenas terão morrido num só dia, em acto de perfídia cometido pelos portugueses.

Para alem da devolução da caveira do Rei Mandi, o actual Rei do Sambo espera de Portugal um pedido de desculpas por este passado doloroso e uma indemnização justa à luz do direito dos povos e da Carta das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Recentemente, recorde-se, a Namíbia que também foi vitima de actos bárbaros praticados pelos alemães no século XX conseguiu repatriar ossadas de “hereros e namas”massacrados durante a ocupação do Sudueste Africano, hoje Namíbia.

Em 2004, Heidemarie Wieczorek-Zeul - ex-ministra do Desenvolvimento da Alemanha - pediu desculpas na Namíbia pelo sucedido, mas dos portugueses nunca se ouviu pronunciamento algum em relação ao esclavagismo, nem aos massacres de nativos em Angola.
“Não vão escamotear a Historia” disse Etumbuluko, o Rei do Sambo, ao Club K, para quem “as dívidas de sangue constituem passivo enorme que não pode ser escondido. Há um espaço vazio nos “Akokotos” do reino. Se não se deposita ai a caveira do Rei Mandi, Portugal não poderá esperar que brote alegria do meu povo", rematou.