Cuando Cubango – Bens diversos como sabão, sal, óleo vegetal, vestuários entre outros, foram entregues à população da aldeia de Paulo Montanha no último sábado, 22 de Setembro, pela administração de Menongue para assistir as famílias que habitam àquela localidade que dista a 45 quilómetros do município sede da província do Cuando Cubango.

Fonte: Club-k.net
Com o intuito de minimizar a carência de cerca de 500 habitantes de Paulo Montanha, fez questão de acompanhar pessoalmente a distribuição dos produtos de primeira necessidade levada aquela população, com a promessa de que muito brevemente serão igualmente distribuidos “inputs” agrícolas e alfaias para os camponeses.

No final da actividade, os beneficiários afirmaram a nossa reportagem que, dentre vários administradores que passaram pela gestão do município de Menongue, Júlio Vidigal é o primeiro dirigente a efectuar uma visita de campo naquela aldeia, para constatar ‘in loco’ a dura realidade que vivem.

“Não temos escolas, não temos hospitais, não temos boas casas, não temos energia eléctrica, não temos água potável, não há transporte...”, informou a população ao Júlio Vidigal que, por sua vez, garantiu em nome da administração que dirige, a possibilidade de se criarem, brevemente, condições sociais aceitáveis à altura das necessidades extremas que enfermam àquelas famílias.

Reconhecendo as dificuldades pelas quais a população da aldeia vive, o responsável realçou ser uma obrigação da administração de Menongue, junto do Estado, garantir bem-estar de todas famílias ali existentes, sem olhar para cores partidárias e não só, uma vez que os desafios que os novos paradigmas impõem são de sentido de Estado.

O dirigente apelou a coesão social para sã convivência entre os habitantes, sobretudo aos militantes dos partidos políticos [nesta aldeia existem apenas dois partidos: o MPLA e a UNITA]. “As diferenças políticas não nos devem dividir nem suplantar o interesse nacional”, advertiu.

Para pacificar os espíritos, acomodar e fortalecer a fé dos habitantes, quatro igrejas representam diferentes religiões como a Católica, Protestante, Apóstolos e Pentecostal respectivamente. No entanto, o homem forte de Menongue aconselhou a comunidade a frequentar mais às igrejas e reduzir o uso de consumo de bebidas alcoólicas, sendo um dos principais factores que está na origem de vários conflitos no seio da comunidade, a seguir de problemas passionais.

SAÚDE E EDUCAÇÃO

Todavia, o Club K constatou que a ausência de serviços de saúde é um dos ‘calcanhares de Aquiles’ para os aldeões da etnia nganguela. Paulo Montanha precisa de pelo menos um posto de saúde. Enquanto isso, em caso de doenças, socorrem-se a tratamentos tradicionais. Em circunstância extremas, são obrigados a caminhar longínquos quilómetros até à aldeia de Kapinge Grande para conseguir um transporte até a cidade de Menongue.

Entretanto, o actual número um de Menongue garantiu à população local ter orientado o director municipal da saúde, João Chihinga, que integrou à caravana, para mobilizar uma equipa de enfermeiros (socorristas) para trabalhar junto da comunidade no sentido de atender situações de emergências, enquanto se aguarde pela efectivação de posto de saúde com melhores condições.

Apesar de ter admitido incidências de sarna no corredor de algumas zonas circunscritas à sua jurisdição, Júlio Vidigal diz ter a situação controlada. “Muitas das vezes o que faz a saúde não são as paredes mas sim os técnicos e os medicamentos. Vamos colocar aqui socorristas numa primeira fase para atender as vossas necessidades”, assegurou.

Quanto a educação, o soba Pedro Kandjengo disse que a sua comunidade carece de escolas, há várias décadas, razão pela qual as crianças são forçadas a verem os seus sonhos académicos frustrados a partir da 5ª classe, o nível em que os petizes param de estudar, uma vez que o único professor do ensino primário aproveita o recinto de uma igreja local para ensinar o “a, b, c”.

De acordo com o nosso interlocutor, havia uma escola de dois salas de aulas deixada pelo colono português, mas desta só restaram vestígios. “A escola que tínhamos aqui acabou de partir. As nossas crianças só estudam até a 5ª classe. A juventude anda perdida aqui”, lamentou.

Para o administrador, esta é outra preocupação do seu domínio que também já consta da sua agenda administrativa para os próximos tempos responder com a materialização dos projectos, uma vez que já estão a ser feitos os levantamentos para a construção [no próximo ano] de 20 escolas no município e a aldeia de Paulo Montanha será igualmente contemplada.

A par isso, a aldeia Paulo Montanha não possui corrente eléctrica da rede pública nem alternativa. Água potável é também outra “miragem”. Os aldeões revelaram a nossa reportagem que, há poucos anos, uma empresa chinesa iniciou com as obras de captação de água [através do furos] na zona. Infelizmente, as obras se encontram paralisadas uma vez que a entidade que contratou não honrou com os pagamentos.

Razão pela qual, os aldeões são obrigados de continuar a percorrer mais de um quilómetro para ter acesso à água do rio para o consumo diário. Para este quesito, Júlio Vidigal avançou que existem planos administrativos em curso.

De realçar que, desde a sua nomeação para o cargo de administrador de Menongue, há cinco meses, Júlio Vidigal já efectuou várias visitas de campo as aldeias com o fito de auscultar a população e não só. Sabe-se que no final de todas visitas efectuadas distribuiu vários bens de primeira necessidade as populações.