Holanda - Acostumados estamos todos nós a ver o presidente da república a dar por diversas vezes o dito pelo não dito quando o assunto é eleições presidenciais. Ao que parece, Jes é bastante alérgico a envolvimento em uma campanha eleitoral em que ele fosse obrigado a fazer diversos discursos sem papel nas mãos, dar entrevistas verdadeiramente espontâneas ou até mesmo travar sérios debates com os seus adversários. Na sua óptica isso seria uma humilhação. Alguém gosta de ser humilhado?

O Estado Totalitário poderá
vir definitivamente a ser legalizado

Aparentemente o actual presidente da república encontra-se no meio de um grande dilema: “realizo as eleições presidenciais tal como combianado ou não?”. A situação é mesmo muito embaraçosa para Jes. Apesar disso, o PR, para quem tem prestado bem atenção nas suas tendências, já deu a resposta final, de forma indirecta: “não admito eleições presidenciais no meu território”.

 

Mas como seria posssível não haver eleições para presidente numa altura em que parece que já não há escapatória para aqueles que tentam a todo o custo evitar que os angolanos elejam directamente um presidente?  A resposta não é difícil. O nosso PR é muito esperto e inteligente, de tal maneira que ele encontra sempre uma saída para tudo que lhe convém. O nosso PR já disse, de forma subtil, que as eleições em Angola serão mesmo indirectas. Este é o tal modelo sul-africano que Jes mencionou aquando da visita do líder do país de Mandela.

 

Ou seja, aquilo que supostamente foi proposto pela primeira vez por Quintino Moreira no parlamento, há uns tempos atrás, com o MPLA a dar uma de que nada tinha a ver com o assunto, é exactamente o que já anda programado, muito antes mesmo de haver surgido um Quintino na política angolana. Jes fez o uso de outras palavras durante a recente visita de Jacob Zuma, mas disse exactamente o mesmo que Quintino.

AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES

Antes das próximas eleições (legislativas), marcadas para 2012, o MPLA fará entrar em vigor a sua constituição (já na forja), também chamada de ‘Constituição Angolana’. Nesse livro constará que as eleições para presidente na República de Angola são indirectas (lembremo-nos do modelo sul africano). Por volta de setembro daquele ano (2012), e após um mês de agosto cheio de festividades e torneios intitulados Zé-dú, realizar-se-ão as eleições e o MPLA obterá, como é obrigatório, não menos do que 81%. Aqueles partidos mais activos e críticos vão ser novamente eliminados artificialmente, enquanto que lá para início de 2013 o PR, logicamente Jes, vai ser nomeado pelo parlamento, através de levantamento de mãos, para mais um mandato, mandato de 4 anos. O candidato natural obterá exactamente a mesma percentagem que o MPLA, seu partido.

 

Ou seja, Jes ‘legalizará’ finalmente a sua permanência no poder após muitos e longos anos, e sem ser eleito directamente.

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Naturalmente só o MPLA e também partidos como o do senhor Quintino Moreira e o próprio Jes virão grandes vantagens num sistema eleitoral que certamente não será o ideal para Angola. Jes, apesar de nada mais ter a oferecer, continuará indefinidamente a frente dos destinos de Angola, o MPLA continuará a prometer 1 milhão de casas, o que jamais se realizará, enquanto que o povo continuará a ser analfabetizado e ludibriado eternamente com maratonas, muita cerveja e música.

 

As desvantagens para Angola serão notórias. Para além de o cidadão continuar a sofrer e se atrasar ainda mais, não haverá mais qualquer espaço para candidatos independentes na praça política nacional. Desta forma, grandes talentos como a senhora Luisete Araújo, ou até mesmo Abel Chivukuvuku, e muitos outros em potencial vão ver mortas as suas ambições/intenções e sobretudo os seus direitos de um dia virem a concorrer ao cargo de presidente da república. O Estado Totalitário Angolano poderá vir definitivamente a ser legalizado perante África e todo o mundo.


NB: Qualquer curso político nunca é definitivo e pode sempre ser mudado. A mudança do actual curso já há muito tempo arquitectado, e que pouco a pouco se vem implantando em Angola, também é possível, mas depende muito de até que ponto a oposição anda atenta e unida e até que ponto esta se encontra em condições de fazer antecipações.

 

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*Pedro Veloso
Fonte: Club-k.net