Lisboa - O ministro da comunicação social, Aníbal João da Silva Melo, ainda não reagiu (através da sua conta no twitter), as informações segundo as quais pondera colocar o seu cargo a disposição em reação a prematura exoneração de José Fernando Gonçalves Guerreiro das funções de PCA da TPA, avançada sem o seu prévio parecer.

 

Fonte: Club-k.net

Ministro não foi informado que haveria  demissão

Embora seja uma prerrogativa presidencial conferidas pela constituição, geralmente as alterações dos conselhos de administrações das empresas públicas são procedidas, mediante propostas ou parecer do ministro de tutela, o que não aconteceu. O ministro João Melo, segundo informações apenas tomou conhecimento do despacho de exoneração na noite de terça feira, quando o documento saiu como “notícia de última da hora.”


No dia anterior exoneração João Melo e José Guerreira almoçaram juntos tendo abordado a agenda do programa do 43 aniversario da TPA que será acolhido na Lunda-Sul (inauguração de um centro de produção).

 

Segundo apurou o Club-K, a exoneração de José Guerreiro por parte do Presidente João Lourenço terá sido precipitada devido ao conteúdo de uma reportagem da TPA, a margem da cerimonia da apresentação do discurso sobre o estado da nação. A televisão estatal, elaborou uma peça sobre um alegado processo judicial envolvendo o deputado Higino Lopes Carneiro, cujas imagens sobre o tema da corrupção eram insistentemente focadas na pessoa de Manuel Vicente, como se a televisão  estivesse a  transmitir uma mensagem sublime.

 

A analise dos peritos ligados ao palácio presidencial é de que não havendo notificação contra o deputado Higino Carneiro, a TPA deveria se abster em transmitir reportagens que insinuam processo contra o general, e sobretudo de anexar imagens de Manuel Vicente, que agora se tornou num dos mais importantes aliado do Presidente João Lourenço.

 

A percepção generalizada, que agora sobressai é de que desde que assumiu o poder, o Presidente João Lourenço agiu de “cabeça quente”, ao exonerar o PCA da Televisão estatal, sem consultar o ministro de tutela. Por isso mesmo, surgiram  argumentações, segundo as quais, se o Presidente quisesse fazer justiça (nos termos da abertura de um inquérito interno) , a exoneração deveria recair para Francisco José Mendes, que estava como responsável para a Área de Conteúdos e não a José Guerreiro.

 

Já em meios da classe jornalística, interpretam a decisão do PR, como a “ponta do iceberg” de dois poderes paralelos em torno da comunicação social que terão medido forças entre si. Por um lado, está o ministro João Melo como patrão da comunicação social governamental  e por outro lado está o jornalista Luís Fernando como Secretário para os Assuntos de Comunicação Institucional e de Imprensa do Presidente da República.

 

José Guerreiro, o PCA exonerado, é da confiança do ministro João Melo. Já Francisco Mendes é mais ligado ao Secretario presidencial, Luís Fernando, com quem trabalhou no Grupo Media Nova.

 

A ocorrência de bicefalia na comunicação social, existiu  ao tempo da governação do ex-PR, Eduardo dos Santos. O ministro da comunicação era José Luís de Matos, mas quem detinha o poder de levar propostas de afastamentos e nomeações ao Presidente era o então secretario presidencial Manuel Rabelais.

 

Um outro caso semelhante aconteceu em Junho de 2012, quando Carolina Cerqueira a ministra da comunicação social,  viu o seu secretario presidencial, Manuel Rabelais, a propor a exoneração dos então PCA da TPA e RNA, Antônio Henrique da Silva e Pedro Cabral, sem que ela tivesse sido consultada. Foram depois nomeados dois gestores da preferencia de Manuel Rabelais.