Luanda - Há quem diz que a história sempre reconhece os seus protagonistas, mais cedo ou mais tarde, e há sinais de que assim pode acontecer com uma das mais importantes figuras da história recente de Angola, tanto no campo político, como um nacionalista que lutou pela independência do país, como poeta que, segundo os críticos, marcou a poesia e a literatura do país.
Fonte: VOA
Viriato Clemente da Cruz nasceu em Kikuvo, Porto Amboim,em 1928, e morreu em Pequim, na China, em 1973, no que muitos chamam de “exílio forçado” por parte das autoridades que nunca o deixaram sair.
Escreveu poemas em português e nas línguas nacionais e foi um dos mentores do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (1948) e da revista Mensagem (1951-1952), além de ter sido um dos membros fundadores do MPLA, o qual foi o secretário-geral.
Viriato da Cruz publicou um único livro, “Poemas”, editado em 1961 pela Casa dos Estudantes do Império.
Entretanto, está presente em inúmeras antologias, com destaque para «O Reino de Caliban», dirigido por Manuel Ferreira, cujo volume II reúne toda a sua obra conhecida.
Pela primeira vez, na Angola independente, Viriato da Cruz, recebeu um prémio ao ser distinguido a 31 de Outubro com o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2018, na modalidade de literatura.
“Um digno representante da cultura nacional, que exalta com profundidade a identidade e os valores da angolanidade e manifesta a esperança de se reviverem os hábitos e costumes locais num processo apaixonado para a valorização da cultural e da nação angolana”, disse o júri ao justificar a sua surpreendente decisão.
Na rubrica Artes, da VOA, a professora e investigadora angolana na Universidade de Lisboa, Ana Paula Tavares, fala sobre a sua obra, destaca as suas técnicas, os seus poemas musicados e que inspiram novas gerações e conclui que “Viriato da Cruz merece todas as homenagens”.
Doutorada em história, memória e identidade, com a tese sobre as sociedades Lundas e Cokwe em Angola, Tavares foi vencedora, entre outros, do Prémio de Poesia Mário António da Fundação Calouste Gulbenkian, de Portugal, em 2004, e do Prémio Nacional de Cultura e Art, de Angola em 2007 e integrou vários júris como dos prémios Saramago e Camões.