Lisboa – O general na reforma Luís Pereira Faceira contou pela primeira vez as circunstancias que ditaram o afastamento do general João Batista de Matos do comando do Estado Maior General das FAA, no auge da guerra em Janeiro de 2001. Faceira, trouxe a versão mais detalhada a margem de um programa radiofónico (Radio MFM), este sábado, que visou homenagear, o general Matos,  falecido aos 4 de Novembro de 2017, em Espanha.

Fonte: Club-k.net

Ameaçou exilar-se em Cuba 

Luís Pereira Faceira, que na altura  FOI  o chefe de estado maior do exercito, contou que a exoneração daquele oficial deveu-se a incompreensões com o então ministro da Defesa Nacional, Kundi Paihama. Segundo contou, certo dia o ex-ministro Kundi Paihama comunicou aO Presidente José Eduardo dos Santos que viajaria a Cuba pOR  motivos de saúde e que “só voltaria se João de Matos já não fosse Chefe de Estado Maior General das FAA”.

 

De seguida, segundo Luís Faceira, o então Presidente da República José Eduardo dos Santos convocou uma reunião em que estavam presentes o general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, e Roberto Victor de Almeida, membro do Bureau Politico do MPLA. Por parte do sector da Defesa Nacional, estavam os generais Pedro Neto (Ex-Comandante da Forca Aérea) , João de Matos (CEMGFAA), almirante Gaspar Santos Rufino (Ex- Comandante da Marinha de Guerra), e o próprio Luís Faceira (Ex- CEM do exercito)

 

Na reunião, o Presidente expos a situação e comunicou que iria tomar uma decisão a volta do exercito. Eduardo dos Santos, transmitiu que num outro antecedente teve de afastar o ministro da Defesa Nacional, Pedro Sebastião mas desta vez iria dispensar o general João de Matos.

 

Depois de apresentar o seu ponto de vista, JES, pediu a opinião dos presentes e o único que aceitou falar foi Roberto de Almeida. Este ao tomar a palavra, transmitiu aos presentes que “não se mexe em equipa que vence”, uma alusão a vitórias militares que João de Matos estava a ter no terreno.

 

No fim da reunião, o Presidente convidou João de Matos para o cargo de embaixador de Angola na Coreia do Norte, mas este recusou a proposta a pretexto de que não era diplomata.

 

Depois de exonerado, segundo revelações de Luís Facera, o general João de Matos endereçou varias cartas aos comandantes das frentes militares, pedindo que continuassem com a frente, mesmo que tivessem que pagar com a própria vida para o alcance da paz.

 

A exoneração da general João de Matos, na altura foi bastante comentada mas nunca ninguém contou que exatidão como acaba de revelar o seu companheiro de arma, Luís Faceira.

 

O despacho presidencial No2/01, da sua exoneração, em posse do Club-K, justifica que “havendo necessidade de se proceder a renovação do comando superior das FAA, e ouvido o conselho de Defesa Nacional, é exonerado do cargo de Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas o general do exercito João Batista de Matos ”.

 

A media na altura, pela voz do então correspondente da BBC, em Luanda, Reginaldo Silva, relatava que “São conhecidos alguns episódios em que João de Matos terá chocado abertamente com alguns políticos do regime. Ninguém ignora que o seu relacionamento com o próprio ministro da defesa, Kundi Paihama estava longe de ser um mar de rosas. Algumas fontes em Luanda admitem mesmo que este relacionamento demasiado tenso poderá ter sido a causa mais próxima que ditou o afastamento de João de Matos.”

 

Por parte da UNITA, Jonas Savimbi que quebrava um silencio de 18 meses, foi questionado pelo jornalista angolano da VOA, Luís Costa como recebeu a notícia do afastamento do general João de Matos, tendo respondido da seguinte forma “Bom, se eu fosse a dizer que tive a pena, estaria a ser cínico, e eu não preciso de ser cínico. Foi um general que se dedicou à construção das FAA e que fez a guerra pelo MPLA. Os servidores do regime terminam sempre assim.”