Lisboa - O próximo ano será “um momento de verdade” para João Lourenço, com a economia angolana potencialmente a emergir de 3 anos de recessão, mas com agentes económicos e população em geral crescentemente impacientes por melhorias, segundo o mais recente relatório África Monitor sobre o país.

Fonte: Macauhub

O “Africa Report Angola 2018” é focado no último ano, o primeiro de poder para o novo presidente angolano, João Lourenço, que tem vindo a afirmar-se politicamente num contexto de crise económica e social - o Orçamento de Estado para 2019 (OE 2019) confirma a tendência recessiva da economia angolana, que deverá culminar apenas em 2019, com um crescimento de 2,8%, já com o país sob assistência financeira com o Fundo Monetário Internacional, ao abrigo de um novo acordo. Segundo o relatório, “se, em 2019, a prolongada crise económica e financeira ainda não tiver registado melhorias capazes de dar lugar a um movimento de desagravamento dos seus efeitos sociais mais nefastos, Lourenço tenderá a começar a perder a confiança da população, incluindo estratos da classe média”.

 


O relatório exemplifica que “proliferam casos de declarada impossibilidade de cumprimento de obrigações financeiras decorrentes de empréstimos contraídos para compra de habitação, com consequente entrega das mesmas aos bancos credores”, afectando estes últimos, alguns dos quais já denotam problemas de liquidez.


Devido à contínua quebra do sector petrolífero, numa economia ainda altamente dependente deste sector, em 2016 a economia recuou 2,6%, tendência que se manteve em 2017 (0,1%) e 2018 (-1,1%).


O reforço da banca comercial, na sua robustez financeira mas também no cumprimento de normas internacionais, é uma condição “sine qua non” para que o Governo possa trabalhar diretamente com instituições internacionais que estão a ser atraídas para o mercado, no caso o KfW e a DEG da Alemanha, a DFID inglesa, a Proparco francesa e os espanhóis da Cofides, refere o Africa Monitor.


Lourenço, adianta o relatório, já foi informado “de que estes grandes bancos de desenvolvimento bilaterais, assim como as multilaterais – como Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento ou o Banco de Desenvolvimento da China (entidade gestora do China-Africa Development Fund) – não irão trabalhar em Angola sem que haja uma higienização do sistema financeiro.”


O Africa Report Angola 2018, em parceria com a base de dados jurídica Legis- PALOP+TL, surge na sequência de anteriores sobre Cabo Verde e Moçambique. Além de informação exclusiva sobre a situação política e económica, o relatório foca-se no sector petrolífero, motor da economia angolana, e legislação relevante recentemente aprovada, contendo ainda uma extensa biografia sobre o novo presidente angolano.

Loading...