Luanda - A um mês do fecho do ano, Carlos Alberto Lopes assume que as operações têm corrido “muito mal”. Sem precisar números, garante ter planos de fazer novos instrumentos de aplicação de recursos. Nos dois últimos anos, Fundo teve balanços positivos.

Fonte: VE

O actual conselho de administração do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) considera que o desempenho do organismo, ao longo de 2018, foi “muito mau”, estando actualmente a gerir uma carteira de investimentos líquidos de 1.600 milhões de dólares, revelou ao VALOR o seu presidente Carlos Alberto Lopes. “Isto vai constar do balanço que fizermos no final deste ano. 2018 foi muito mal”, reforçou o gestor.

 

Indicado para o cargo no início deste ano, Carlos Alberto Lopes, garante ter um novo plano de aplicação dos recursos do FSDEA, que deverá privilegiar investimentos “mais rentáveis” para Angola.

 

Não revela esses investimentos, mas assegura que devem ser concretizados já em 2019. “Vamos arrancar, a partir do próximo ano, com novos instrumentos [de gestão], uma nova política, uma nova estratégia de alocação de recursos”, antevê Carlos Alberto Lopes que substituiu José Filomeno dos Santos no cargo de PCA.

 

Da anterior gestão, Carlos Alberto Lopes pretende dar continuidade ao que considera ter sido “bem feito”. “Mas vamos, de facto, olhar para o contexto e o panorama financeiro internacional e concentrar-nos naquilo que é mais rentável para o nosso país”, considerou.

 

No entanto, esquivou-se a enumerar que investimentos são esses, os que foram “bem-feitos”, preferindo “olhar para o futuro” e “não olhar muito para o passado”.

 

Até ao terceiro trimestre de 2017, as contas do FSDEA evidenciavam lucros de 40,5 milhões de dólares, “originados pelo desempenho favorável e predominante das aplicações em títulos e valores mobiliários, que geraram uma margem bruta de 117,5 milhões de dólares”.

 

Já os activos estavam avaliados, nesse mesmo período, em 5,03 mil milhões de dólares, sendo que “48% estavam alocados na África Subsariana, 31% na América do Norte, 15% na Europa e 6% no resto do mundo”, de acordo com uma nota do organismo, que resumia o desempenho de 2017.

 

Além dos 1.600 milhões de dólares sob gestão do FSDEA, Carlos Alberto Lopes garante que parte da carteira de investimentos líquidos está aplicada em bolsas. “São aplicações que, por um lado, para preservar o valor, e por outro, para rentabilizar os capitais”, revela o gestor, sem, no entanto, precisar em que áreas de investimentos.

 

No resumo das contas do terceiro trimestre do FSDEA, assinado por José Filomeno dos Santos, vinha ainda atestado que parte da carteira de investimento estava aplicada em títulos de renda fixa no valor de 739 milhões de dólares, representando 15% da carteira e títulos de renda variável no valor de 894 milhões, representando 18% do total da carteira.

 

Das aplicações, incluíam-se os fundos de ‘private equity’ que “realizaram investimentos no valor de 489,9 milhões, em Angola e na região da África Subsariana, que já alcançaram uma valorização de 884,5 milhões”, apontava o balanço do período.

 

Estes valores mobiliários “auferiram ganhos de 117,5 milhões de dólares, antes das taxas e despesas”, num ano em que, segundo a anterior gestão de José Filomeno dos Santos, o Executivo não realizou nenhuma dotação de capital ao FSDEA”.

 

Sobre a batalha judicial que envolve a Quantum Global – gestora de activos do FSDEA – e o Governo, Carlos Alberto Lopes disse que “está ainda em segredo de justiça” e que não podia adiantar elementos.