Lisboa – Formado em ciências militares, ao tempo das extintas FAPLA, João António Santana, é o oficial a quem o PR, João Lourenço, na sua condição de comandante em chefe da FAA, confiou esta semana, o cargo de chefe do Estado-Maior General Adjunto das Forças Armadas Angolanas para a Educação Patriótica.

Fonte: Club-k.net

Novo CEMG adjunto das  FAA   para Educação Patriótica

A proposta de nomeação, segundo apurou o Club-K, partiu do CEMGFAA, general Egídio de Sousa Santos “Disciplina” com quem trabalhou, com este, no passado num chamado “laboratório de ideia”, então coordenado pelo ex-chefe da secreta militar, António José Maria.

 

Desconhecido do grande público, mas conhecido em meios restrito do regime, o general João António Santana, vulgo “General Lungo” é o oficial da Casa de Segurança que ao tempo do Presidente José Eduardo dos Santos tinha a missão de controlar a censura dos órgãos de comunicação social e acompanhar eventuais desvios da sua linha editorial.

 

Em 2010, por ocasião do 37 da Independência nacional, JES outorgou-lhe a medalha 11 de Novembro de 2a classe (Prata) destinada as “personalidades e entidades nacionais pelos enormes sacrifícios consentidos para a conquista e a preservação da independência nacional.” Tinha ainda a patente de brigadeiro e respondia como segunda figura do gabinete de Acção Psicológica e Informação da Casa de Segurança do Presidente da República, que tinha como titular Aldemiro Vaz da Conceição.

 

Com a entrada de João Lourenço, ele seria exonerado na primeira remodelação militar ocorrida em Maio do corrente ano, e ao mesmo tempo nomeado para a função decorativa de consultor do chefe da casa de segurança do PR.

 

Referenciado como excessivamente integro, o general João António Santana “Lungo” é da consideração de altas figuras do regime com realce para o Presidente do Tribunal Supremo Militar, António dos Santos “Patonio”, de quem se diz ter também influenciado pela sua nova nomeação para a área de educação patriótica das FAA.

 

A pesar de ser um homem das censuras no consulado de Eduardo dos Santos, a escritora Isabel Ferreira com ele trabalhou nas extintas FAPLA, descreve-lhe, na sua pagina do facebook, como um “homem íntegro, destemido e por demais exigente com os ideais ligados a pátria, a família”.

 

No Jornal de Angola, os temas sensíveis sobretudo ligados a imagem do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, não eram publicados sem o aval do general “Lungo”. As suas orientações eram geralmente passadas por via de um “estafeta de informação”, Artur Orlando Teixeira Queiroz, que era recebido regularmente no gabinete de Acção Psicológica e Informação da Casa de Segurança.

 

“Lungo”, é também a figura do regime que esteve discretamente envolvida a alguns anos na compra de semanários privados angolanos em Luanda tidos como incómodos ao regime. Na altura estes semanários (A Capital e Semanário Angolense) estavam a destacar-se com publicações viradas para a corrupção na governação do Presidente Eduardo dos Santos. Aos 4 de Maio de 2010, a rede do general “Lungo” registrou a empresa MÉDIA INVESTE - Comunicação e Publicidade, S.A. No mês seguinte, esta mesma empresa adquiriu a totalidade do semanário “A Capital”, bem como 40% do capital do Novo Jornal, neste caso por cedência da parte da participação da ESCOM. Ao total, foram gastos, do “saco azul”, cerca de 4 milhões de dólares para compra dos principais jornais privados em Angola.

 

Sempre na sombra, o papel do general João Santana “Lungo” de controlador dos órgãos de comunicação, foi verificado quando em 2015, o jornalista e antigo assessor do “Jornal de Angola”, Artur Queiroz preparou um artigo de opinião queixando-se do “Semanário Angolense”, já controlado pela rede de “Lungo”, por alegado ferimento da sua “honra e gloria”.

 

“É isso que estou agora a fazer mas antes dizer ao senhor brigadeiro Lungo o seguinte: Com tropas destas que só sabem atacar e fogem ao primeiro confronto, não ganha a guerra nem sequer a batalha naval, em papel quadriculado. O jornalismo é uma actividade seria e tem uma marca distintiva: o rigor.”, escrevia Queiroz num texto que deveria ter saído na edição do Jornal de Angola de 30 de Abril 2015.

 

O texto de Queiroz nunca chegou a ir ao ar, porque tão logo o regime foi alertado da exposição que estava a ser feita (mencionando o nome de Lungo) orientou-se a sua retirada das páginas do Jornal de Angola.

 

Artur Queiroz , que era o principal animador pela antiga linha editorial de desacreditação a oposição politica do “Jornal de Angola”, foi de seguida proibido de publicar os seus textos nas páginas do único diário estatal angolano até que aguardasse por novas “orientações superiores” .