Lisboa -  O Brig Gilberto Veríssimo foi afastado do cargo de DG Adj do SIE-Serviço de Inteligência Externa – uma medida aplicada discretamente; o DG, Oliveira Sango, manifesta a intenção de se retirar para se dedicar à vida académica e, simultaneamente, ao lançamento de um projecto de consultoria económica e política.

 

Fonte: AM

SIE em estado de aparente esvaziamento

Nos últimos meses vinham sendo registados desentendimentos entre G Veríssimo e O Sango (AM 373), mas o ambiente interno em relação ao ex-DG Adj também se apresentava deteriorado por reflexo de uma menos boa aceitação do mesmo entre os quadros do SIE.


G Veríssimo, sobrinho do ex-ministro dos Petróleos, Desidério Costa, muito próximo de JES, tem sido uma das principais figuras do gabinete presidencial. O seu suposto destino, para o que teria de ser promovido a Gen, é o de director principal da Divisão de Educação Patriótica do EMG das FA.


A incerteza que persiste em relação à sua nomeação decorre do facto de haver rumores segundo os quais o cargo estará destinado a um outro staffer presidencial, o TenGen Lungo, director do GAPI. O cargo está vago desde há cerca de um ano, quando o seu último titular, Gen Egídio Santos, foi colocado na CEEAC (Libreville).


2 . Avaliações habilitadas indicam que o SIE tem vindo a perder vitalidade e eficácia desde o afastamento do seu ex-DG, Fernando Miala, Fev. 2006 (AM 225) seu impulsionador. Alguns dos seus melhores operacionais e analistas foram afastados ou confinados a ocupações menores (caso da ex-chefe da residentura em Lisboa, Sandra).


A má aceitação de G Veríssimo por parte da maioria dos quadros do SIE é atribuída a razões como a de os mesmos provirem ainda do tempo de F Miala, com o qual denotam estar ainda conotados (o ex-DG Adj é tido como um dos principais artífices do compulsivo afastamento do mesmo).


O aparente esmorecimento do SIE também é remetido para uma transferência de competências para uma estrutura dependente do conselheiro presidencial, Gen José Maria (AM 235), conhecida como Contra-Inteligência Operativa Externa, (actividade virada para o exterior, em países com interesse especial para a política de Angola).


3 . O SIE foi criado à época da conclusão do acordo de Bicesse, inicialmente como SSE-Serviço de Segurança Externa. Mas já existia do antecedente, conhecido por Cosse. Em todas as suas versões tem sido, de facto, um serviço privativo da Presidência e do PR; (tarefas e missões ajustadas à componente secreta da acção presidencial).


Nos seus primórdios começou por ser um centro de comunicações da PR; José Eduardo dos Santos (JES), que é perito em comunicações, ganhou importância política como primeiro chefe do centro, ainda em vida de Agostinho Neto. Na prática, o centro passou a estar incorporado no SIE quando este foi criado.


De acordo com informações apropriadas, a actividade do SIE (instalações no complexo presidencial do Futungo), está concentrada menos no campo do intelligence propriamente dito, e mais no campo das chamadas “acções especiais”, encobertas, de natureza diversa. É por essa razão conhecido internamente como um “serviço especial”.


4 . A definição de serviço externo conferida ao SIE advém em particular da rede própria que mantém no estrangeiro, em geral baseada nas embaixadas (a segunda ou terceira figura das mesmas é geralmente do SIE, embora em representações como as de Lisboa, Washington, Pretória, ou Kinshasa, as redes do SIE sejam mais vastas).

 

Os “operativos” colocados nas embaixadas têm missões correntes como efectuar bosquejos de imprensa ou assistir a conferências temáticas, a par de outras mais exigentes como recolha de informação “fechada”, controlo/contacto com figuras das oposições (FLEC e UNITA) e outras, mais sensíveis.