Luanda - O jornalista e ativista angolano Rafael Marques diz ter sido impedido de entrar no palácio presidencial de Angola para assistir a uma audiência que o presidente João Lourenço tinha organizado com “representantes da sociedade civil”. Num texto publicado na página do Maka Angola, o portal onde Rafael Marques escreve, o ativista diz ter sido chamado para participar na audiência, mas que acabou por ser expulso por não constar na lista dos convidados.

Fonte: Lusa

Rafael Marques confirmou que devia ter participado na audiência enquanto um dos “ativistas antigovernamentais” convidados, como o ministro da comunicação social João Melo adjetivou o jornalista. O ativista chegou a conversar durante 20 minutos com Luaty Beirão, Alexandra Simeão e Frei Júlio Candeeiro numa das salas de espera do Protocolo da Presidência. A seguir, o grupo foi levado para o palácio, que ficava do outro lado da rua. Havia duas pessoas com duas listas de convidados na mão, que os ia chamando um a um para entrar no edifício depois de passar por detetores de metais. Quando Rafael Marques foi chamado — foi o último de todos –, o ativista foi impedido de entrar.

 

Segundo ele, os funcionários alegaram que “só tinha na lista o nome do Job Capapinha, um dirigente do MPLA nas vestes de sociedade civil”: um dos funcionários “leu mais uma ou duas organizações também ligadas ao partido no poder”. “Disse que o meu nome não constava da lista e que eu não podia entrar. O outro confirmou. Agradeci”, explica Rafael Marques no texto publicado nas redes sociais e na página do Maka Angola.

 

O ativista angolano disse acreditar “na boa vontade do presidente João Lourenço”, mas que agora tem dúvidas: “Regressei ontem [segunda-feira] ao país e, para meu espanto, ouvi a difusão de um comunicado de imprensa da Presidência da República, no qual sou referido como representante da Open Society, uma organização com o qual não tenho qualquer vínculo há 15 anos”, sublinha Rafael Marques. E acrescenta: “O meu trabalho é do conhecimento público. Fundei o portal Maka Angola, através do qual há muito me dedico a investigar a alta corrupção no país e a violação dos direitos humanos”, diz ele sublinhando que não representa nenhuma instituição.