Luanda - Há meses, escrevi no Club-k, um artigo de opinião sobre os quatro pilares para alavancar e diversificar a economia e atrair investidores internacionais para o nosso país. A minha pequena contribuição passou, essencialmente, por quatro pilares inadiáveis para a transformação harmoniosa e parcimoniosa de Angola rumo a um país de sucesso socioeconómico, captação de investimento, diversificação da economia e da eliminação de assimetrias regionais, isto é, de um país de oportunistas para um país de oportunidades para todos. Esses pilares são: (1)- ÁGUA, (2)- ENERGIA, (3)- ESTRADAS (VIAS DE ACESSO) e (4)- SEGURANÇA-JUSTIÇA.

Fonte: Club-k.net

Em cada um dos quatro itens, refleti sobre a sua importância para a economia e sobretudo para um bom e saudável ambiente de atração e captação do investimento interno e externos para os 163 municípios que Angola tem, os quais o MPLA nega as eleições autárquicas. Agora, neste artigo, deter-me-ei apenas no pilar ESTRADAS (VIAS DE ACESSO), convocando para aqui o senhor Manuel José Nunes Júnior, como Ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social.

 

Senhor ministro, como auxiliar fundamental do senhor presidente João Lourenço, não basta ser génio da economia e ter orçamentos bilionários de apoio ao investimento e diversificação da economia, se não apostar e não investir seriamente nas VIAS DE ACESSO. Por isso, hoje quero trazer em discussão uma matéria importante sobre os MEIOS DE TRANSPORTE de bens produzidos em muitos campos de cultivo espalhados pelos 163 municípios de Angola, onde os heróis do campo trabalham a agricultura e diversificam a agropecuária. Essa reflexão pode ser feita a partir da visão e sentido da 1a Feira Intra-África que está a decorrer no Cairo-Egipto; ou da Feira da Batata a decorrer no Lubango ou mesmo da Feira dos Municípios e Cidades de Angola que decorreu, há pouco, em Benguela e ainda se quisermos, a partir de muitas reportagens, feitas pela TPA e pela Tv zimbo da “Nova Era” do JLo, a partir da Angola profunda que Zedú e seus sequazes desconheciam e escondiam, onde os produtos apodrecerem nos campos e armazéns. As inquietações, que os produtores manifestam em cada um desses pontos, tem um denominador comum: a Falta de vias de acesso aos campos de produção e a falta de transportes de escoamentos de produtos para os consumidores.

 

O que me admira, me inquieta e me interroga é a estratégia do JLo para a tal diversificação da economia, na qual intervém essencialmente o Senhor Manuel José Nunes Júnior, como Ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social, e sobretudo a sua falta de visão real do nosso contexto angolano e falta de coragem de mudar as coisas bem conhecidas.

Vamos aos aspectos práticos para não perdermos tempo em blá-blás. Meus amigos, senhor Manuel José Nunes Júnior, e companhia, já se interrogaram porquê é que os produtos apodrecem nos campos e não chegam aonde deviam chegar? Ou ainda não se aperceberam que não temos ESTRADAS que cheguem aos campos de produção agrícola? Os senhores sabem que Angola não fabrica carros? Os senhores sabiam que os “únicos” carros que chegam aos campos de produção, aonde não há estradas asfaltadas nem terraplanagem (apenas picadas apertadas entre pedras, entre arbustos, em terrenos lamacentos e arenosos) são as carrinhas como Toyota Land-Cruiser 4X4, Toyota Hilux 4X4, Ford 4X4, Nissan 4X4, etc.? Então se sabem, porquê é que não acabam com os monopólios de importação desses tipos de carrinhas e o governo não cria uma Lei (nem que seja um decreto presidencial para um ano) de facilitação e de isenção desses tipos carros? E pior de tudo, é que essas carrinhas são tidas na “Lei Aduaneira” como carros de luxo com impostos altíssimos que já nem aguentamos comprá-los e desalfandegá-los. Então quando vocês falam da diversificação da economia, estão exatamente a falar de quê e em que lugares? Da cidade de Luanda, de Benguela, do Lubango, etc. a vender nas praças e ruelas plásticos chineses e produtos importados? Quando falam da produtividade agrícola e criação de gado (motores da autossuficiência alimentar) querem dizer que temos que cultivar e criar gado na cidade de Luanda, de Benguela, Malanje, Huambo? Ou os senhores pensam que os produtos agrícolas e pecuários andam a pé ou às costas dos produtores para cidade ao encontro dos seus consumidores?

 

Um exemplo da nossa vizinha Namíbia: lá para além de haver muitas e boas estradas asfaltadas, de haver estradas terraplanadas (terra batida) para todos os cantos e recantos do território namibiano, o governo, racional e patriótico dos Ovawambo da SWAPO, facilita e subsidia a aquisição de carros todo-terreno para a diversificação da economia e da mobilidade de pessoas e bens.


Em Angola, de burros e papagaios que somos, criamos “Leis Aduaneiras” (taxas e impostos assassinos), que dificultam ao cidadão camponês empreendedor adquirir carrinhas todo-terreno, como Toyota Land-Cruiser 4X4, Toyota Hilux 4X4, Ford 4X4, Nissan 4X4, etc., únicos meios que chegam aos campos nos municípios onde não há estradas. E para pior a situação, entregou-se os direitos de importação, desses meios, aos empresários Marimbondos do MPLA, ávidos de lucros imediatos e sem escrúpulos na consciência. Para tirarem dúvidas, segurem numa máquina calculadora (já que muitos não sabem usar a cabeça) e vão a uma Stand de carros em Luanda para verem os preços. Por exemplo, uma Toyota Hilux 4X4 que no Dubai, no Japão, USA, na África do Sul, custa mais ou menos entre 19 mil USA à 22 mil USA, em Luanda a mesma carrinha custa entre 16 a 18 milhões de kwanzas. Façam as contas quanto está 1 dólar em Kz. Esse empresário Marimbondo do MPLA ou amigo dos do MPLA, ganha quase o triplo de lucros na venda dessa carrinha. Com esses preços descontrolados e assassinos do pobre, quem é o camponês empreendedor que é capaz de comprar uma Toyota Hilux 4X4 para transportar os seus produtos do campo para a cidade? Quem é o pobre angolano que consegue adquirir uma carrinha, com esse preço, para ser empreendedor como intermediário entre os produtores (camponês) e os consumidores citadinos que tem algum capital e poder de compra? Isentar apenas a importação de camiões de transporte é nada para os empreendedores dos municípios, porque para além de não terem a capacidade financeira de comprar tais camiões isentos, também não há estradas nos municípios aonde possam rolar. E nas picadas estreitas e lamacentas que lá existem, logo enterram e é outra maka mais.

 

Numa economia de mercado, é verdade que os preços são livres, mas também há um certo equilíbrio racional de margem de lucros e sobretudo não há monopólios dados a certos importadores como se fossem donos disso tudo. Ministério do comércio, veja os preços dessas carrinhas nas Stands de Luanda e não só. Penso que há um certo abuso de preços. Senhor Presidente JLo e senhor Manuel José Nunes Júnior, como Ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social, revejam as vossas assassinas “Leis Aduaneiras” da diversificação da economia, pelo menos para este mandato (2019-2022). Se não quereis isentar as carrinhas Toyota Land-Cruiser 4X4, Toyota Hilux 4X4, Ford 4X4, Nissan 4X4, etc., porque para vós são carros de luxo, então convidai as construtoras, como a Toyota e outras, para instalar em Angola as suas fábricas de montagem dessas carrinhas todo-terreno, importantes para a economia dos municípios, onde vocês, de visão míope, nunca construíram estradas e onde também há angolanos sem Luz, sem Água, sem Estradas e que desejam viver e fazer os seus negócios. Os governos inteligentes do Rwanda e da Namíbia (sem falar da África do Sul do brancos) já atraíram, para os seus países, as boas empresas construtoras, como a Peuget, Volkswagen, a Opel e a Toyota. A tal Zenza, montada em Luanda, nem tomates consegue levar, ao mínimo peso e areia, o motor aquece logo.

Viva a Revolução de paradigmas
Viva Angola de Neto, Savimbi e Roberto.