Luanda - Na sequência dos últimos acontecimentos mediatizados que chocaram a sociedade angolana, li e ouvi muitas reações, todas elas legítimas e válidas.

Fonte: Club-k.net

Porque condeno com veemência a violência de toda a natureza e em todas suas formas, mesmo que leigo no estudo e na interpretação de fenômenos sociais, vou em liberdade me pronunciar sobre o assunto em apreço.

Premissa:

A violência não tem gênero. Ela é a manifestação do lado mais sombrio e animalesco do homem. É o espírito lupino em ação no gênero humano!


Seria redutor, oportunista e até mesmo desonesto pretender associá-la a um determinado gênero.

Constatação dos factos:

Num curto lapso de tempo acompanhamos com muita tristeza ocorrências de homicídios em que o pai matou o filho, o marido matou a sua esposa e também da esposa que matau o seu marido.

Houve mesmo uma condenação de uma Senhora que tentou matar o marido por esfaqueamnto...

Também acompanhamos a violência barata e covarde contra as Zungueiras e zumgueiros, bem como as várias execuções sumárias de cidadãos indefesos, pelas mãos de Agentes-criminosos de órgãos de defesa e segurança do Estado. Ontem, dia 13 de Dezembro, uma mãe e sua filha foram mortas a queima roupa por um agente-criminoso dos Órgãos de defesa e segurança e, tal como nos muitos casos, devidamente registados e denunciados, não há qualquer tipo de responsabilização!

O Titular do Poder Executivo, o Presidente João Lourenço, parece indiferente ou mesmo muito confortável com a matança da sua soldadesca e reitera a sua máxima confiança política ao seu auxiliar, o Ministro do Interior Ângelo da Viegas Tavares e ao seu subordinado o Comandante Geral da Polícia Nacional, Comissário-chefe Paulo de Almeida, mantendo-os incólumes nos seus posto, a partir dos quais, pelos vistos, só estão a executar directivas do novo "Senhor Ordens Superiores" JLO, que também, ao que tudo indica é o novo chefe do ninho dos marimbondos!

Enquadramento:

A violência tem a sua natureza, forma, causas e consequências difusas.
Quanto a sua natureza pode ser colectiva ou particular.

É colectiva quando é estrutural, sendo que engaja o exercício e abuso do poder que pode ser económico, político ou até mesno o poder do Estado por um grupo contra segmentos populacionais maioritários ou minoritários, com o fim de os segregar.

Comentário:

Nesta asserção a "Operação Resgate" é uma acção violenta colectiva, um autêntico "Terrorismo de Estado" movida pelo Executivo que incapaz que de criar os prometidos quinhentos mil empregos e outras condições objectivas para a formalização e a normalização da actividade comercial, usa o Estado para atacar e prejudicar centenas de milhares de famílias já pobres e miseráveis ao lhes retirar a sua única fonte de sustento.

O Presidente João Lourenço ataca as consequências e não as causas.

Sobre a maldita "Operação Resgste" voltarei numa outra ocasião.

Já a violência particular também conhecida por violência doméstica coloca em confronto membros do mesmo agregado com afinidades por comunhão ou por consanguinidade.

A violência doméstica pode assumir a forma de violência psicológica, violência afectiva, violência emocional, violência verbal, violência patrimonial e violência física, sendo essa última a forma que mais se destaca pela condenação social que suscita, talvez pelo facto de ser a mais percetível.

Comentário:

Pode até ser discutível, mas na minha óptica o aborto é tão homicídio e repugnante como os crimes mediatizados.

Mas como, geralmente a sociedade não se apercebe da sua ocorrência, há mesmo quem até pugne para que tal prática passe a ser legal com a dignidade de um direito fundamental!

A violência verbal, a psicológica, a afectiva, a emocional porque não são percetíveis são ignoradas ou até por manipulação são usadas pelos seus autores contra as suas próprias vítimas...

Constatação:

Quase nunca a sociedade se comove com casos de violência doméstica que acabam em suicídios, tal como o faz com as vítimas dos homicídios! A tendência da sociedade, no primeiro caso é de indiferença, culpabilizar e de certo desdenhar a vítima do suicídio, mas se mobiliza, solidariza, e desrespinsabiliza "tout cort" a vítima do homicídio!

Nos dois casos, ambos podem ter sido vítimas da violência doméstica, com a diferença de que no primeiro caso, a vítima opta por se tirar a própria vida para por fim aos sofrimentos infligidos pela violência na família.

Conclusão:

Não existe boa violência ou violência menos grave ou menos brutal!

A violência, de qualquer natureza e em qualquer forma deve ser repudiada na mesma medida, pois que as suas consequências causam o mesmo impacto nas vidas, na saúde física e mental das suas vítimas que pode perdurar por gerações através da transmissão de um complexo de factores genéticos à sua prole.

Já as suas causas podem ter por base factores sociológicos, factores psíquicos e ou psiquiátricos, factores económicos e outros de ordem material e sentimental.

Portanto, a abordagem da temática da violência deve ser o mais racional, o mais abrangente, menos emotiva, menos redutora e menos oportunista possível e deve se focar nas suas causas, de modo a se compreenderem as suas dinâmicas e encontrar mecanismos que permitam preveni-la de modo eficaz ou pelo menos mitigar os seus malefícios.

Apelo:

Devemos todos nos engajar no combate contra a violência de toda a natureza e em todas as suas formas, de modo a promover o bem-estar e a harmonia nas nossas famílias e na sociedade.

Ps: Não sou cientista social. Estou aberto a todo o tipo de críticas, de correções e de observações.

Alcibíades Kopumi