Luanda - Os accionistas do Banco Comercial Angolano (BCA) decidiram fixar, na semana passada, um aumento de 20 milhões de dólares sobre o capital social da instituição, depois de já terem observado a exigência do Banco Nacional de Angola (BNA) que estabeleceu 7,5 mil milhões kwanzas como limite mínimo legal, soube o VALOR de fonte da entidade. Os accionistas justificam a decisão, aprovada por todos, com a necessidade de se conferir “robutez” ao banco, quando já só faltam pouco menos de duas semanas para o fim do exercício financeiro de 2018.

Fonte: VE

“A reunião realizou-se mesmo e aprovaram-se os 20 milhões de dólares agora vão ser notificadas as pessoas para este aumento de acordo com o que está programado numa proposta que apresentámos. E não tem nada a ver com o aviso do BNA. Esse aumento é para robustecer o banco”, esclareceu um dos accionistas.

 

Da agenda da reunião constava apenas um único ponto sobre “análise e aprovação da proposta de aumento do capital social do Banco Comercial Angolano em mais de 20.000.000 de dólares, mediante a realização de novas entradas em dinheiro a subscrever por todos os accionistas do banco na proporção das suas acções”, conforme a convocatória assinada pelo presidente da mesa da assembleia-geral do banco, Mário António de Sequeira e Carvalho.

 

Até 31 de Dezembro do ano passado, integravam a lista de accionistas do BCA várias entidades colectivas e particulares, com destaque para a Sadino, com 13,10%, o político do MPLA Salomão Xirimbimbi, com 11,10%, o grupo Gefi (9,80%), Fundo de Pensões (9,30%), José Francisco António (9,20%) e o histórico militante do MPLA Julião Mateus Paulo ‘Dino Matross’, dono de 7,00% do capital.

 

A vasta lista acolhe ainda os nomes de Fernando José França Van-Dúnem (3,10%), o político Lopo Fortunato Ferreira do Nascimento (2,10%), o empresário António Mosquito (1,80%), os herdeiros de Pedro de Castro Van-Dúnem (1,80%), o ex-ministro dos Transportes Augusto Tomás (1,40%), Generoso de Almeida (0,70%), entre outros nomes de destaques da política activa nacional.

 

No balanço patrimonial do ano passado, o banco inscreveu activos de 42.694,5 milhões de dólares, um deslize de 1,6% face aos 43.919,8 registados até 31 de Dezembro do período homologo anterior.

 

Houve ainda um recuo mais expressivo nos resultados líquidos do exercício. A contabilidade do banco liderado por Mateus Filipe Martins declarou lucros de apenas 1.983,1 milhões de kwanzas, um recuo de 36,9% face aos 3.143,5 milhões do exercício de 2016.

 

A queda dos lucros é justificada, em parte, com o desempenho das margens financeiras – a base do lucro das instituições de crédito – que, no período, encolheu 12,5%, ao sair de 3.694,6 milhões de kwanzas em 2016, para apenas 3.230,7 milhões até 31 de dezembro do ano passado.
Por seu turno, o conselho de administração do banco justifica a queda das margens financeiras com “a regressão verificada nos proveitos de títulos (39%), em decorrência do vencimento de alguns destes instrumentos financeiros”.


Paralelamente, justifica a administração, “a margem complementar decresceu em 14%, por influência da redução verificada nos ‘proveitos cambiais (44%), tendo no global contribuído numa redução dos resultados em 37%”.


O conselho de administração decidiu, no período, que 10% dos resultados líquidos apurados fossem aplicados como reserva legal, e 90% para reservas livres. A aplicação em reserva legal é justificada com base no artigo 89º da lei das instituições financeiras, e as reservas livres com o “objectivo de sustentar os capitais próprios”.