Luanda - A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou hoje, em Luanda, que o programa de assistência a Angola, para já, não vai aumentar os impostos, os despedimentos na função pública nem o preço dos combustíveis.

Fonte: Lusa

Christine Lagarde falava aos jornalistas depois de ter sido recebida em audiência pelo Presidente de Angola, João Lourenço, primeiro ato oficial de uma visita de dois dias a Luanda.

 

"O FMI de hoje não é o FMI do passado, pois aprendemos com os erros e defendemos políticas amigas do crescimento", sublinhou Lagarde, ladeada por João Lourenço.

 

Por seu lado, João Lourenço salientou que a primeira tranche dos 3,7 mil milhões de dólares atribuídos pelo Conselho de Administração do FMI, no valor de mil milhões de dólares, já foi disponibilizada pela instituição de Bretton Woods.

 

O Presidente angolano ressalvou que as condições do financiamento do FMI "não têm qualquer comparação" com outros empréstimos da instituição a países africanos, "que têm sempre condições mais gravosas que Angola".

 

"Eu confirmo", disse imediatamente Lagarde, provocando risos entre os membros da delegação do FMI e da equipa governamental presentes nos jardins do Palácio Presidencial.

 

Na conferência de imprensa conjunta, Christine Lagarde elogiou as reformas em curso em Angola sublinhando "a coragem" de João Lourenço, sobretudo pelos esforços positivos nas alterações de cariz económico e nas medidas de combate à corrupção.

 

"Tudo isto é muito útil e importante para a população e para nós enquanto FMI. O programa de apoio à diversificação económica tem estado a dar resultados e agora tudo deve ser focado no assegurar do crescimento, na redução do endividamento e nas medidas de consolidação fiscal para que Angola ganhe competitividade internacional", disse.

 

Para Lagarde, outra das medidas elogiadas e que o FMI vai continuar a apoiar passa pela assistência à supervisão bancária e ao combate ao terrorismo e ao branqueamento de capitais, bem como proteger as camadas mais desfavorecidas da população, pois o objetivo da instituição é idêntico ao das autoridades de Luanda que é melhorar as condições de vida dos angolanos.

 

Questionada sobre o porquê de o FMI ter aprovado um montante inferior ao proposto inicialmente por Angola, Lagarde invocou o "segredo das negociações".

 

"Não queremos empurrar Angola para o sobre-endividamento. Queremos manter a dívida em níveis sustentáveis e o valor disponibilizado a Angola é o suficiente para os programas que Angola tem para realizar", argumentou.

 

Por seu lado, João Lourenço destacou ainda que mais que o financiamento do FMI é a garantia de credibilidade que o empréstimo traz para Angola, uma vez que Angola poderá recorrer aos mercados internacionais para novos financiamentos com taxas de juro mais baixas, necessárias para concretizar as reformas em curso.

 

"[As reformas] são reais, não são cosmética. Faltava o FMI dar credibilidade e seriedade ao programa do Governo angolano", disse João Lourenço, manifestando esperança que para breve chegarão novos investidores internacionais ao país.