Lisboa – O ex- Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general António José Maria deixou de confiar no “Jornal de Angola”, onde mantinha uma relação de colaboração. Em alternativa, recorreu a semana passada ao jornal privado “Novo Jornal” solicitando espaço para poder publicar as suas memórias ligadas a dedicação do Presidente José Eduardo dos Santos nas alegadas lutas de pacificação no continente.

Fonte: Clun-k.net

Para publicar memórias de enaltecimento a JES 

Na edição de sexta-feira (21), o Novo Jornal inaugurou com dois textos seus, um com o titulo “os 30 anos dos acordos de Nova Iorque e o papel de JES” e outro “Memória: Discurso de fim de ano por JES após receber de Mbinda os acordos de Nova Iorque”.

 

Desde 2015, que este general reformado tem preparado as suas memórias sobre  a história da batalha do Cuito Cuanavale destinada  a enaltecer os feitos do Presidente José Eduardo dos Santos como suposto estratega militar que no seu ponto de vista derrubou o regime do apartheid na África do Sul e libertou Nelson Mandela da prisão.

 

As suas pesquisas militares contam com os préstimos do tenente-general Carlos Miguel de Sousa Filipe e do brigadeiro Alberto Noé Alfredo que o ajudaram na parte das bibliografias.

 

Antes da saída de JES do poder, o general Zé Maria reproduzia as suas pesquisas no Jornal de Angola. Inicialmente assinava os textos em nome do seu amigo jornalista luso angolano Artur Queiroz porém quando este foi demitido de assessor do Jornal de Angola, o general passou a assinar os textos em nome do ex- director da publicação, António José Ribeiro.

 

O general José Maria foi o “Ali Químico” de José Eduardo dos Santos e por conseguinte um dos mais importantes militares responsável na implementação de um Estado autoritário que o antigo Presidente desejou implementar   em Angola.

 

Para além da secreta militar, o general Zé Maria controlava as instituições de justiça (PGR, Tribunais e etc). Em 2006, junto com o general “Kopelipa” usaram a justiça para detenção do antigo patrão da secreta externa, Fernando Miala a quem acusaram de actos preparatórios de um suposto golpe de Estado.

 

O seu poder sobre os órgãos de justiça levou com que evitasse que um ex-colaborador seu, José Filomeno Peres Afonso “Filó” se apresentasse em tribunal e fosse ouvido pelo juiz Carlos Baltazar, em 2014, pela autoria no  assassinato do activista Isaías Cassule.

 

Em 2015, o general Zé Maria (junto com o ex-PGR João Maria de Sousa) foi também o cérebro de um falso “golpe de Estado” que resultou na prisão de 17 jovens angolanos, arrastando as suas famílias  para o  sofrimento. Os jovens foram detidos quando liam um livro sobre ditadura numa livraria em Luanda.

 

Pelos serviços prestados ao regime, o ex-PR, tentou impor através de uma lei para que o general  José Maria ficasse no seu cargo de chefe da secreta militar até 2021. O novo Chefe de Estado, João Lourenço o exonerou quando assumiu o poder e Zé Maria passou a assessorar José Eduardo dos Santos na FESA.