Holanda - “Ai! Ai! como a vida é boa!”, palavras do tio Zé lá pela meia-noite quando se dirigia para a cama. Pela vida folgada que tem, geralmente cota Zé dorme e levanta-se tarde. A vida dele parece umas férias intermináveis.


Fonte: Club-k

“Nós já apanhámos a pata dessa oposição boela”

Lá para as oito da manhã, sua esposa levanta-se física e mentalmente bem relaxada, toma um copo de água e parte para a sua ginástica matinal. Enquanto isso, o pai grande, como de costume, mantém-se deitado.


Dez horas da manhã: esposa regressa dos treinos, enquanto que o dorminhoco ainda sonha e ressona. A mboa senta-se à mesa, posta aos detalhes pelos empregados, hora de matar o bicho. Lá para as 11 horas, Cota Zé levanta-se finalmente: “ai, a vida é boa! Ainda bem que já instruí o Bornito p’ra dar mais uns calmantes eleitorais nesse povo boelo”, primeiras palavras do dia por parte do soba grande.


Enquanto isso, o Kopelipa, a partir do seu gabinete, encontra-se a planear a próxima inauguração que vai ser feita pelo chefe. No meio de muita preguíça e férias intermináveis a mistura, cota Zé está sempre a cortar fitas. Essa é a sua actividade favorita, um verdadeiro HOBBY. Nesse tipo de actividades ele está sempre presente. Essa é a maneira vã que ele usa para tentar desencardir a sua imagem.


Ontem o pai grande esteve em Benguela para inaugurar uma ponte. Como de costume, talvez por medo, o cota Zé nunca dorme no interior do país. Ainda não se passaram 24 horas da última inauguração, mas o cota parece que já está a espera das próximas, extremamente ansioso. Acho que é um vício que pode até mesmo confundir-se com doença.


Hoje o Kopelipa vem almoçar no palácio. Certamente o chefe da casa militar vai trazer algumas novidades, tudo relacionado com inaugurações ou dinheiro, lógico.


Já é meio-dia, cota Zé encontra-se a jogar playstation, quando um dos capangas entra na sala de videogame do chefe grande para avisar que o chefe Kopelipa já chegou. “Ah é? Hahahahaha!!! Aí vêm boas novas!!!”, reacção do chefe.


Mesa posta para o almoço no palácio. São precisamente 13 horas. Todos, inclusive o Kopelipa, estão à mesa aguardando pelo chefe grande. O chefe encontra-se nesse momento a dar uma olhada rápida no Club-k.net para inteirar-se dos últimos comentários do Juca Fernandes, Nelo de Carvalho, Kabazuca e tantos outros.


Feito isso, toca almoçar. Kopelipa Está acompanhado de uma de suas esposas. A família do pai grande está toda em peso à mesa: José, esposa e bué de filhos e inteados. “Tio Kopelipa, passa-me só a água, por favor”, dirige-se Danilo dos Santos (filho) ao grande general da casa militar. Nesses ambientes familiares JES nunca faz uso de formalidades. Ele chega até a pitar  com as mãos, comporta-se de forma espontânea e sente-se bem seguro, até porque o Kope está aí.


Kopelipa veio hoje especialmente para dizer que as próximas inaugurações já estão preparadas. Em outubro os quatro estádios do CAN estarão prontos. “Chefe planejei quatro inaugurações para novembro e dezembro”, dá a conhecer Kope ao chefe.


“Hum!!! Que maravilha!!!”, reage o camarada presidente.


Em novembro e dezembro parece que o chefe vai voltar a dar um salto a Benguela, irá a Cabinda e ao Lubango para inaugurar os estádios do CAN. O estádio de Luanda não escapará. Este também está no programa apresentado por Kope.


Os olhos do pai grande estão tomados por um enorme brílio. Só existem duas formas para se arrancar um sorriso sincero do chefe: muito muito muito muito dinheiro ou inaugurações. “Chefe, quanto ao resto, não se preocupe. Está tudo sob controlo. Pode deixar a oposição ladrar por causa desse assunto de presidenciais. As eleições serão mesmo indirectas. Eu estou a dar jeito nisso”, garante Kopelipa.
 

“Kope, meu primo, nós já apanhámos a pata dessa oposição boela e desse povo analfabeto. Esse país é meu! Eu herdei isso do saudoso Neto! Aqui não há Samakuva, não há Kambwela e muito menos Mussunguna da Silva Pedro ou  pastor Loa. Hahahahaha!!!”, os dois primos caem em altas gargalhadas.


Cota Zé hoje está mesmo muito feliz. Não há como medir essa alegria. O tamanho dessa alegria só é superável quando o chefe ouve falar em bilhões de dólares. Atenção: bilhões. Milhões não é suficiente.


Caíu a tarde. No palácio já se jantou, a moda dos grandes reis (é claro). Já se conferiu e se dividiu os lucros financeiros do dia de hoje: 50% para mim, 2% para a minha esposa, 15% para o Kopelipa e o resto, grande bolo, para Isabel, Tchizé, Zedu júnior, Zenu, etc., etc. O general Zé-Maria (ausente) que me desculpe, mas hoje passo-lhe a perna.


Hora de ir para a cama. Esposa do cota Zé já se encontra a dormir há algum tempo. Cota Zé, como de costume, ainda está a jogar playstation e ver televisão, tudo ao mesmo tempo (grande talento).


Lá p’ra 1 hora da madrugada, cota Zé, bem relaxado e ciente de que nunca precisa de se levantar a horas, vai também deitar-se. “Ai!!! Como a vida é boa!!!! Este país é meu! Hahahahaha!”, palavras habituais do pai grande.


E assim, como de costume, o ciclo se repete. Parece que os dias do cota só servem para falar de dinheiro, inaugurações, manipulação eleitoral e jogar playstation. Trabalho de verdade nem pensar!

 

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