Libreville - Os soldados responsáveis pela aparente tentativa de golpe de Estado cometida nesta segunda-feira no Gabão foram detidos, segundo confirmou à Agência Efe por telefone o porta-voz do governo, Guy-Bertrand Mapangou, que afirmou que a "situação está sob controle".

Fonte: EFE

"A situação está sob controle e a normalidade será restaurada em um prazo de três horas", afirmou Mapangou, depois que nesta manhã vários militares tomaram a rádio estatal para anunciar o estabelecimento de um "conselho nacional de restauração" a fim de "salvar do caos" o país africano.

 

Segundo o porta-voz do governo, o motim liderado pelo tenente Kelly Ondo Obiang, que se apresentou como líder do Movimento da Juventude Patriótica das Forças de Defesa e Defesa do Gabão (MPJFDS), teria durado apenas algumas horas.

 

No entanto, a internet e as redes sociais ainda permanecem cortadas, segundo pôde constatar a Efe na capital gabonesa, Libreville.

 

Nas ruas da cidade se escutaram hoje disparos e se registrou uma presença incomum de veículos militares, segundo a imprensa local.

 

A tentativa golpista ocorreu uma semana depois de o chefe de Estado, Ali Bongo Ondimba, pronunciar um discurso dirigido à nação em 31 de dezembro de Rabat, onde se recupera de uma doença que lhe manteve afastado do país desde outubro.

 

Esse discurso de Ano Novo "reforçou as dúvidas" sobre sua capacidade para continuar no poder "ao se mostrar um paciente sem muitas das suas faculdades físicas e mentais", argumentou o tenente Obiang.

 

Bongo foi internado em um hospital de Riad no último dia 24 de outubro pelo que a presidência do Gabão descreveu como "fadiga severa".

 

No entanto, alguns meios de comunicação asseguraram pouco depois, citando fontes oficiais, que Bongo tinha sofrido um derrame.

 

No final de novembro, o presidente viajou para o Marrocos, onde recebeu o apoio do rei Mohammed VI para continuar em Rabat seu processo de recuperação.

 

O silêncio oficial e sua prolongada ausência do país africano encorajaram a oposição a criticar com dureza o "vazio de poder" existente.

 

No último dia 14 de novembro, o Tribunal Constitucional emendou a Carta Magna com o objetivo de que o vice-presidente do Gabão, Pierre Claver Maganga Moussavou, pudesse presidir o gabinete de ministros à revelia de Bongo.

 

Filho de Omar Bongo, presidente da pequena nação petrolífera do litoral oeste da África Central durante mais de quatro décadas (1967-2009), Ali Bongo sucedeu seu pai em 2009.

 

Em 2016, foi reeleito em pleitos muito disputados, o que causou uma revolta social na qual morreram várias pessoas e cerca de mil foram detidas.

 

Seu principal rival, Jean Ping, ex-presidente da Comissão da União Africana (UA), lhe acusou de fraude e até mesmo a União Europeia (UE) questionou a legitimidade do processo eleitoral e denunciou irregularidades.