Luanda - Diante de uma polémica recorrente entre bispos, pastores, obreiros, esposas e noivas no seio da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o Club K não teve direito de resposta ao contactar a direcção da referida igreja, em função de uma denúncia, segundo a qual, pelo menos 20 pastores angolanos estão a ser vítimas de “retaliação” por se recusarem a vasectomia, uma cirurgia que deixa o homem incapaz de gerar filhos para o resto da vida.

Fonte: Club-k.net
O Club K apurou de fontes próximas à direcção da igreja, de que cerca de 20 pastores que se recusaram à intervenção de vasectomia, prevista para os próximos meses, anunciada durante uma reunião, no passado dia 2 deste mês, Janeiro, presidida pelo actual líder da IURD em Angola, de nacionalidade brasileira, bispo Carlos Alberto, podem ser enviados em missão religiosa para alguns países de África, como medida de punição.

As fontes avançam que durante a reunião decorrida numa das igrejas “catedral”, em Luanda, em que se fizeram presentes pastores e muitos outros bispos, Carlos Alberto reiterou que a decisão da IURD em impor aos fiéis “candidatos ao altar” a doutrina de vasectomia, que já vigora há quase dois anos, vai continuar sendo obrigatória para quem quiser servir a Deus através da igreja universal.

”Os casamentos de pastores também só serão concebidos pela IURD caso estes façam a Vasectomia, uma vez que o reconhecimento dos cônjuges e os custos é por conta da igreja”, lê-se na exposição, a citação do bispo Carlos Alberto.

Os crentes entendem como sendo “chantagem psicológica”, o envio de pastores para alguns países de África onde estes não dominam as línguas faladas naquelas regiões, sem condições condignas de alojamento, uma vez que chegam a ocupar apenas cargos de pastores auxiliares em templos da IURD em zonas recônditas ou rurais.

A medida forçada para missões evangélicas dos fiéis para fora e dentro de Angola é entendida pelos membros da igreja, como forma de disciplina ditatorial contra aqueles que presumivelmente desobedecem as doutrinas e aos pastores, responsáveis de igrejas, que não cumpram com as metas das obrigações financeiras impostas para apresentar às hierarquias de Edir Macedo Bezerra, líder máximo da IURD.

“Temos exemplos de pastores que desistiram da igreja universal depois das missões fora e dentro do país como castigo por não aceitarem as exigências dos bispos, que não se compadecem com regulamento divino. Aonde somos enviados por suposta indisciplina, os líderes que nos recebem são instruídos a manifestar comportamentos simulados e hostil contra nós e somos submetidos em segundo ou terceiro plano das actividades da mesma igreja”, acusaram fontes em conversa com o Club K.

A decisão de Vasectomia obrigatória na IURD abrange pastores solteiros e casados que ainda não tenham tido filhos, e, mesmo os casados com filhos são obrigados à “maldita” operação que lhes deixa estéril para não continuarem a alargar a família.

Por outro lado, afirmam lamentando de que a medida visa reduzir custos, por parte da igreja, com pastores e suas famílias, em deslocações missionárias para determinadas regiões, dentro e fora do país, assim como depois de se atingir a categoria de pastorado são determinados a não trabalhar nem estudar, dedicando-se única e exclusivamente às actividades da igreja.

“sabemos que servir a Deus não é apenas pregar o evangelho. Procriar também é um dever recomendado pelo Senhor do altíssimo, Deus. Se a própria igreja diz que faz milagres para pessoas que não fazem filhos se engravidarem, como proíbe os servos de Deus que transmitem a palavra, de ter filhos?!”.

Para os fiéis de Edir Macedo, que se mostram preocupados com a postura da igreja, esta atitude é uma questão paradoxal. Porém, cabe ao bispo Carlos Alberto, responsável da IURD, responder, sobre o qual recai a acusação e responsabilidade de suposta esterilização obrigatória aos seus representantes do altar.

Benefício da vasectomia na IURD

Se por um lado alega-se de que a instituição religiosa tira benefício com a referida doutrina na redução de custos com o pessoal, sendo que 25 anos é a idade preferencial dos bispos convencerem os candidatos a pastor a tal procedimento de esterilidade eterna, por outro lado, para quem admite a presumível “manipulação”, é lhe garantido regalias de “vida luxuosa com viaturas, viagens, residências no condomínio da igreja em Talatona e igrejas de elite para dirigir”, afirmam as fontes.

Recentemente cerca de 70 pastores foram submetidos ao exame de Vasectomia, alegadamente na República da África do Sul, entre os quais muitos já se mostram arrependidos por não beneficiarem, ainda, das regalias garantidas, e, com possibilidade de terem a vida conjugal comprometida por parte de esposas que se manifestam inconformadas com uma convivência no lar sem filhos.

Actualmente a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) conta com mais de dois milhões de fiéis em todo mundo, espalhados em mais de 100 países. Em Angola foi reconhecida e acreditada pelo Estado em 1992.