Lisboa  - A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) considera que a implementação do Orçamento do Estado de Angola é um teste à capacidade reformista do Presidente João Lourenço, que tem feito "esforços significativos" para reformar Angola.

Fonte: Lusa

"Desde que João Lourenço assumiu a presidência, o Governo tem feito esforços significativos para reformar a economia", escrevem os analistas numa nota sobre o Orçamento de Angola para 2019.

 

No documento, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a EIU defende que "a maneira como o Governo executa o orçamento será um importante teste para o seu empenho nas reformas e nas grandiosas promessas de atacar a corrupção e melhorar a governação".

 

No documento, os analistas da revista britânica The Economist escrevem que o apoio do Fundo Monetário Internacional, através do Programa de Financiamento Ampliado (PFA) no valor de 3,7 mil milhões de dólares, deverá "dar espaço de manobra ao Governo e aumentar a credibilidade do país relativamente a outros credores internacionais, que deverão oferecer termos mais favoráveis para novos financiamentos ou reestruturação dos atuais".

 

Para a EIU, as iniciativas que o Governo está a tomar, muitas delas ligadas ao apoio do FMI, deverão "ajudar Angola a diversificar a sua economia para fugir à dependência do petróleo a médio prazo".

 

No orçamento para este ano, Angola prevê o preço do petróleo nos 68 dólares por barril, "uma perspetiva razoavelmente conservadora", e um crescimento do Produto Interno Bruto de 2,8%, que se segue a uma recessão que já vem de 2015 e que deverá ter continuado no ano passado, fazendo assim de 2019 o primeiro ano de crescimento positivo desde a queda dos preços do petróleo, no verão de 2014.

 

A despesa total sobe 17% face ao ano passado e pela primeira vez a despesa alocada à saúde e educação ultrapassa o valor destinado à defesa, segurança e policiamento, diz a EIU, vincando que "o serviço da dívida continua a ser o maior item de despesa, constituindo 48% do total da despesa, o que equivale a uma redução face ao peso de 52% do orçamento do ano passado".

 

Como a dívida valia em agosto 70,5% do PIB, "o dobro face ao nível de 35% em 2013, uma gestão cuidadosa deste portefólio e dos futuros negócios de endividamento será crucial se Angola quiser evitar um custo da dívida mais elevado ou arriscar-se a entrar em incumprimento financeiro", concluem os analistas.