Luanda - Estamos cansados das intervenções da senhora Deputada Tchizé dos Santos, acerca da actual situação política e social em Angola. Ultimamente até quer dar lições de economia.

Fonte: Jornal de Angola

Tudo isso seria admissível se antes, quando estava na mó de cima, tivesse feito a mesma coisa enquanto o seu Pai dirigia o país, de forma tão caótica na última década. Nessa altura sim, era preciso alguém para pôr ordem na roubalheira descarada e na falta de rigor e de disciplina que imperavam.


Nessa altura não ouvíamos as críticas da senhora Deputada. E era nessa altura que precisávamos realmente das suas brilhantes ideias críticas.


Se ontem estava tudo bem para si e para os seus avilos de sangue e avilos de negócio, porquê então que hoje não nos dá sossego?


Para piorar, deu mais uma entrevista à agência portuguesa Lusa, com mais umas valentes atoardas, coisas só mesmo da cabecinha de quem antes podia e mandava sem dar satisfação, e ainda não percebeu que esse tempo acabou.


Diz que era contra a sua irmã dirigir a Sonangol. Não por ser contra o nepotismo, porque sempre foi a favor. Mas porquê vir agora com isso, se antes nunca ouvimos a sua voz para criticar o que estava mal? Devia ter dito isso naquela altura.


E agora fala em nome de Angola e dos angolanos. Quem lhe deu esse mandato? Como é que afirma que “a transição não é a que Angola esperava”? Que aberração.


Quais são as pesquisas que fez, que lhe permitem chegar a tal conclusão?


A senhora Deputada representa quem, além do seu grupinho cada vez mais magro de endinheirados?


Pois saiba a senhora Deputada que a transição não está a ser realmente a que Angola esperava. A transição que Angola esperava era estarem em investigação todos os casos de enriquecimento ilícito, todos os casos de pessoas que fizeram negócio consigo próprios, os casos de exibição de riqueza sem a ter herdado e sem prova de enriquecimento lícito, assim como os casos de obtenção de benefício a partir do Estado, sem concurso ou sem justificação plausível. A senhora recebeu um canal da Televisão Pública de Angola, com uma série de meios e com recursos. Já se esqueceu disso? Não tenha memória curta, senhora Deputada. Porquê que eu não tive o privilégio de concorrer também à privatização da gestão desse canal? Porquê que os trabalhadores da TPA não tiveram esse direito?


A senhora e o seu irmão receberam de bandeja esse canal televisivo do Estado, apenas por serem filhos de quem são. Nenhum filho do meu pai teria esse direito, ao tempo da gestão do seu Pai. Nem nenhum filho do meu bairro.


A senhora não percebe que as suas intervenções públicas só fazem fervilhar em nós, povo, a ideia de exigirmos, do Presidente da República e das demais autoridades, um maior empenho no combate à corrupção? É muito difícil perceber isso?


Deixe o Presidente da República trabalhar como ele acha melhor. Deixe de estar a azucrinar a paciência das autoridades e dos angolanos.


Olhe para os filhos do Presidente Agostinho Neto, siga o exemplo deles. Quando o Pai da senhora Deputada subiu ao poder, não ouvíamos permanentemente os filhos do Presidente Neto a criticarem o que o seu Pai fazia. Nem a lamentarem a morte do Pai, nem a chorarem quando lhes faltavam recursos para alguma coisa. Se choravam, era para dentro do sistema.


A senhora até é da direcção do MPLA, não sei como chegou lá. Ou melhor, sabemos. Porquê que não apresenta as suas reclamações nos órgãos da direcção do seu partido? Porquê que os angolanos têm de continuar a ouvir a sua voz estridente, a reclamar o regresso aos tempos áureos, sempre a pensar em si própria e no seu grupinho, e sempre a esquecer os angolanos?


Faça-nos um favor: dê paz aos nossos ouvidos.


Deixe de ser “aparecedora”, pois quem muito aparece, aborrece.


E deixe de falar em nome de todos nós, porque nunca teve esse mandato.


Quem teve esse mandato foi o seu Pai, o nosso Presidente. E o mandato não passa de pais para filhos, ainda não percebeu?


Deixe de continuar a causar prejuízo a Angola e ao seu Pai. Tenha respeito por nós e por Ele.