Sr. Director de “O PAIS”

Carta Aberta ao Sr. Deputado David Mendes

Peço-lhe a gentiliza de me conceder algum do espaço do seu Jornal, para eu assumir uma declaração pública de desconforto e de oposição, ao pronunciamento do Sr. Deputado David Mendes, independente na lista da UNITA, feita no seu jornal do p.p. dia 27 de Dezembro.

 

Assumo-a pelo dever de reação a atitude, de quem não pode deslocar-se das funções que tem e desabafar nas redes sociais e nos jornais, tudo o que lhe venha à cabeça. Se não vejamos:


por força dos seus deveres constitucionais o Sr Presidente da República é o responsável pela condução da politica externa do País. E tem-no feito, dando boa nota das intenções que pretendem captar investimentos estrangeiros e reverter o quadro de descalabro e de não credibildade a que o País vem estando sujeito. No caso de Portugal, assumiu demandar que viessem “rápidamente e em força”. este novo ciclo, sem dúvida de esperança, a uns concita apreensões. A outros desconfiança, muito para além do crédito na militância das suas causas.

 

pelos vistos ao Sr. Deputado David Mendes, trouxe desgosto e desconforto tal, que serviu de pretexto à oportunidade de revelar os seus ressabiamentos emocionais, de uma frieza tal, que me parecem mais destinados a alcançar notoriedade pessoal, do que a servir uma qualquer causa nobre.

 

Ora os Deputados, sejam eles quem forem, podem até fazer garbo dos orgulhos que entenderem . O que não podem é, enquanto nessa qualidade investidos, ignorar o contexto histórico dos seus pronunciamentos; usar os meios de comunicação social para obter visibilidade, no lugar de os usar para ter a influência dos seus méritos, acabando por se tornar protagonistas de episódios nada dignificantes.

 

Têm sim por dever, revelar estar preocupados com as questões superiores da cidadania e do papel que têm no enquadramento em que trabalham e se essas, afectam a defesa dos interesses e as capacidades de afirmação do Estado, qu ele foi escolhido para defender.

 

Têm ainda por dever, respeitar a legitimidade electiva do Sr. Presidente da República e que não lhe falte, a ele Deputado, a sensatez de se manter nos limites da boa ética Republicana. Sob pena de, por actos tais perder o respeito, por conta dos suicidas desafios públicos a que se propôs.

 

O mesmo já não direi, se se tivesse quedado por ficar na sua Associação Mãos Livres, com fins e militância louváveis, capaz de confrontos nas areas sociais e politicas, esclarecedores. Ainda bem que ninguém surfou na sua onda!

 

Ora se um Deputado não sabe como fazer o que deve e se se acha tal como Procópio de Cesareia, capaz de limitar o brio da Lua para nos afundar na escuridão, então só podemos esperar os mesmos resultados; “o arrefecimento das nossas seculares relações e com elas, tal como em 576 d.c., a redução das colheitas e a fome e o frio, a não faltarem”.

 

Sr. Deputado David Mendes, no contexto social e económico em que vivemos, nem sequer os “Mamadus” devemos experimentar dispensar, sem o risco de turbulências sociais graves.Tal a importância que assumiram na rede de distribuição do comércio nacional. E a nossa dependência de mão de obra, de investimento e de presença estrangeira, que faz funcionar a nossa economia, não se trata com arrufos proto nacionalistas, que se confundem com xenofobia pura e dura.

 

O Sr Deputado David Mendes um membro caloiro, guiado pelos seus instintos, habituado a polémicas por boas causas apostou jogar fora da equipa, agir como “franco atirador” ávido de exuberância, parecendo querer ser o “Quediva” do parlamento, desvalorizou o desempenho do seu cargo e diminuiu o prestígio inerente. Claro que prejudicou o escrutínio democrático a que a UNITA, grupo Parlamentar que o suporta e fora do qual não teria nem voz nem vez, está sujeita e com ele o seu espaço politico e a sua vocação de poder.

 

Claro que se não espera que um deputado se dedique à cultura do “dating”, ou sequer que seja um acréscimo à cultura dos afectos. Mas diante do cenário com que a Nação se confronta, é a ele mais que a quaisquer outros ( as regras do jogo institucional a isso o vinculam ) quem cabe minorar a percepção das divergências com os outros órgãos de soberania, aliviar os factores preponderantes de turbulência, arranjar forma de conter as emoções que se sobreponham às razões de Estado; não afrontando em tribuna soberana, os desafios legítimos do Presidente da República, dando para fora a ideia nefasta de disfunções institucionais como se fossemos uma Nação, cheia de boas intenções mas também com falta de consciência; como se de loucos, guiando cegos!

Com os meus respeitosos cumprimentos, me subscrevo.

Sebastião José de Araújo
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