Londres - A consultora Capital Economics considerou hoje provável que o banco central angolano continue a descer as taxas de juro, considerando que é dos poucos instrumentos ao dispor das autoridades para ajudarem uma "economia em dificuldades".

Fonte: Lusa


"Esperamos que a taxa de juro de referência em Angola seja cortada em mais 25 pontos-base nos próximos meses", escrevem os analistas num relatório sobre a política monetária de vários países africanos.

 

"Com a política orçamental apertada devido às fracas receitas do petróleo e a um rigoroso programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), cortar as taxas é uma das poucas alavancas ao dispor dos decisores políticos para ajudarem a economia em dificuldades", afirmam.

 

O relatório, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, dizem que o corte de 75 pontos-base (0,75 pontos percentuais), de 16,5% para 15,75%, anunciado no domingo pelo Banco Nacional de Angola, foi maior que os 50 pontos-base que estes consultores antecipavam.

 

"O ponto principal, no entanto, é que os decisores políticos em Angola estão a continuar a suavizar a política [monetária] em resposta a uma gradual normalização da inflação", que deverá continuar a descer à medida que os efeitos da recente desvalorização monetária se desvanecem", acrescentam.

 

No comunicado divulgado no domingo, o banco central anunciou também que manteve inalterados os coeficientes das Reservas Obrigatórias em moeda nacional (17%) e estrangeira (15%).

 

Na segunda-feira, o gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) já tinha também considerado que a descida das taxas de juro pelo banco central de Angola servia como "sinal ao mercado" de que poderá haver mais descidas este ano.

 

"A decisão serve sobretudo como um sinal ao mercado de que existe uma intenção de descida de taxas, e de futuro alívio da política monetária", lê-se numa nota dos economistas.

 

A descida, admitem os analistas do BFA na nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, "contraria a expetativa generalizada de alguns analistas de que o BNA poderia não mexer na política monetária nesta primeira reunião do ano, antes de saber sobre o andamento da inflação no primeiro mês do ano, altura em que algumas atualizações de preços e salários podem criar alguma pressão nos preços".