Luanda - A polícia da província angolana deteve este fim de semana quatro supostos traficantes de pessoas, que tentavam aliciar crianças com guloseimas, na sequência de denúncias de moradores.

Fonte: Lusa

O padre católico angolano Félix Gaudêncio disse esta quarta-feira que a população da província do Cunene, sul do país, “está assustada” com os “crescentes relatos” de traficantes de seres humanos, sobretudo crianças, quatro dos quais já detidos pela polícia.

 

“O quadro é de medo, a população está mesmo com medo, em pânico, porque se trata de uma população que, anteriormente, acolhia muitas pessoas, orientava quem estivesse perdido, mas hoje em dia há esse receio de orientar ou acolher estranhos”, disse hoje, em declarações à Lusa.


A polícia da província angolana do Cunene deteve quatro supostos traficantes de seres humanos, que tentavam aliciar crianças, situação que preocupa os moradores. “Nas imediações do mercado Chamucuio [em Ondjiva, capital da província], foram detidos quatro supostos traficantes de seres humanos”, este fim-de-semana, na sequência de denúncias da população de que estariam a “aliciar crianças” com guloseimas, com o objetivo de as “levar para a Namíbia”, país vizinho, relatou o comandante da polícia local, Tito Munana, à imprensa local.

 

Após a audição dos quatro suspeitos, a polícia está “no encalço de mais uma senhora, que é a suposta mandante do grupo”, referiu o responsável.

 

Diante do facto, que agitou a população de Ondjiva, os moradores e vendedores do Chamucuio manifestaram-se “apreensivos e aterrorizados” com a situação, e pedem “maior policiamento”, afirmando temer que o “pior aconteça com as crianças” da localidade.

 

Esta quarta-feira, o também presidente da Associação Ame Naame Omuno, de defesa e promoção dos direitos humanos na província, defendeu ainda o “reforço do policiamento” no seio das comunidades, afirmando que o tráfico de seres humanos na província “é uma prática antiga”.

 

“Porém, agora ganha maior visibilidade por causa dos meios de comunicação e por causa do mediatismo, então, isso é uma realidade porque chama muito a atenção o facto de aparecerem pessoas assim mortas, de vez em quando”, bem como “aparecerem pessoas a dizerem que estavam a ser aliciadas para serem levadas para a Namíbia”, concluiu.

 

Em dezembro de 2018, um vídeo publicado nas redes sociais apresentava um suposto autor confesso desses crimes, relatando como terá matado uma mulher, a quem terá retirado os órgãos, que foram levados para a Namíbia.

 

Questionado sobre o assunto, o também delegado do Ministério do Interior de Angola no Cunene, Tito Munana, deu conta que as autoridades judiciais “ainda não provaram se os relatos do suposto traficante do vídeo divulgado eram verdadeiros”.