Brasil - Pelo respeito que tenho aos caros leitores e aceitando o conselho de amigos, hoje, categoricamente, venho tentar abrir-me, o máximo que puder, e tentar mais uma vez definir a tão desejada posição ideológica e política de Nelo de Carvalho. Não estou aqui para falar estritamente da pessoa ou o Eu do autor ( na forma ou na interpretação narcisista) desta série de artigos publicados com o título O País das Aranhas.


* Nelo de Carvalho / Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Fonte: www.blog.comunidades.net/nelo
 

O País das Aranhas (XIV)

Estou aqui para falar de uma exigência e curiosidade que vem do amigo leitor, do cidadão; estou aqui para falar de uma responsabilidade política que pela providência e o destino me foi incutida e aceito orgulhosamente: a de ser indiscutivelmente de esquerda e de me simpatizar muito bem com os ideais comunista e a de ser, felizmente, um angolano; estou aqui para dissipar ou mesmo acabar com as dúvidas que meus escritos supostamente têm provocado, numa sociedade arrogante e truculenta que habituou o cidadão a tomar “Partido” em todas as esferas da vida e no dia a dia. E que me força, com todo direito e justiça, a tomar também o meu “Partido” ou a minha posição política e ideológica.


Na luta pela democracia do país juntar as peças depois que a máquina ideológica do sistema socialista foi desmontada, a redefinição de nossas posições não podem, jamais, ser a decepção daqueles que viveram e vivem das promessas pós-independência. A redefinição deve fazer parte do sonho das massas que agora hoje, no novo regime, o regime da mão invisível -a mão do mercado-, desempenham um papel secundário. Ou ainda, mais um produto de mercado a serem comercializados. Nós estamos ao lado das grandes multidões, porque acreditamos que o trem da história, com os seus percalços ou não, é conduzida e no final de tudo sua trajetória definida pelas mesmas.


Por isso mesmo, na defesa de uma criança que deixou de ir à escola, porque os corruptos, os maus administradores ou gestores andaram fazendo o mau uso do dinheiro público, não se pode transformar alguns críticos do governo em inimigos do MPLA. E nisso está incluído o autor desse artigo. Ou até mesmo exageradamente em inimigos do Povo. É injusto! Só porque alguns dos nossos governantes ( ou funcionários públicos de luxo) alérgicos a criticas e habituados a serem paparicados e mimados em todos os contextos, assim o desejam. Vê-se nisso a falta de argumentos!


Eu – e vou dirigir-me na primeira pessoa- considero sim uma ofensa, e venha de onde venha, e de quem quer que seja, a insinuação feita por má fé e de maneira covarde de algumas vozes que numa tentativa de quererem denegrir-me ( e provocar temor e terror a minha pessoa) ou de desvalorizarem o discursos vindo dos meus artigos tentam associar-me a uma suposta filiação política ou ideológica para à direita. Ou uma suposta mudança com contornos de arrependimentos, onde Eu, Nelo de Carvalho tenha um suposto pacto com aqueles que no passado não sabiam diferenciar a barbárie da civilização. Essa associação me preocupa, sim, já que não me identifico em nada com essa gente; nada me pode tornar semelhante às criaturas da Jamba. Impossível! Eu vim da Ilha da Juventude! E ponto final. Só isso já faz diferença! E no contexto angolano Eu me orgulho sim de ser um Comunista! Se ainda existem dúvidas.


Tenho um pacto, sim, com os angolanos – eternamente; com o MPLA – até onde esse não poder mais cumprir com o seu papel e a sua missão histórica. Que é a de unir todos os angolanos – de Cabinda ao Cunene, do Leste ao mar. E de fazer da democracia não a democracia burguesa reacionária e traiçoeira, fingida e cínica. Mas, sim, a democracia refletida nos sonhos dos milhões de angolanos humilhados, desprezados e esquecidos em sua própria terra. O que Eu, sem vaidades ideológicas e políticas ou intelectual, prefiro chamar de: a Democracia do Proletariado. E porque não?


O Estado Angolano dirigido pelo MPLA devia fazer da sua existência e da sua luta –sem os arrependimentos e renúncias vergonhosas a que têm nos habituados- o objetivo de se alcançar a felicidade dos operários e camponeses nesse país. Onde os restos dos grupos sociais participariam como emancipados, como conseqüência da força daqueles. E não se trata simplesmente de se evidenciar uma tese Marxista que dá privilégios aos dois grupos sociais ( operários e camponeses). Mas nessa luta, que é, também, verdadeiramente uma luta contra o racismo e os preconceitos sociais de todos os tipos que só a burguesia sabe criar, está em jogo a dignidade do homem africano com todos os seus valores culturais. Sim, é naquele grupo de homens e mulheres que, majoritariamente, se encontram a origem dos nossos antepassados, que muitos deles foram transportados como animais nos navios negreiros para as Américas e que forjaram, construíram as riquezas do novo mundo (mas que não lhes pertence nunca). Por isso, os que ficaram aqui – Angola e África- merecem provar perante o mundo que eles não sucumbiram com a história ( colonialismo e escravidão). E nem sucumbirão! E ao contrário, voltaram apropriar-se daquilo que sempre lhes pertenceu: a Mãe Terra e todos os seus frutos.


O que significa dizer que o MPLA deve primar por políticas e programas sérios que possam tirar o país do atraso num espaço de tempo curto. E não termos mais paciência para sermos tratados como gentes atrasadas, terceiros mundistas, um pais de anêmicos e famintos e de homens e mulheres analfabetas. Como cidadão que sou, e fazendo uso deste instrumento de luta que é a internet, prefiro me alistar, em primeira e em ultima instância, ao MPLA. E não é por fanatismo nem por dívida nenhuma! Não é muito menos por troca de favores. Se existir dívida da minha parte, a dívida eu tenho com essa nação chamada de Angola. E se existir favores, os favores podem ser recíprocos, e é com Angola como um todo. E no que diz respeito ao MPLA, isso não torna o mesmo partido livre das críticas desse autor. Ao contrário, a intenção é de sempre separar o joio do trigo.


O MPLA continua sendo a única e possível esperança desse povo, mesmo atacado por todos os males possíveis. É bem verdade que os tempos mudaram e que vivemos num ambiente de democracia onde todas as alternativas devem ser consideradas, desde as diferentes formas de se criar riquezas, até as diferentes maneiras de se lidar com o ser humano. Ainda assim, Eu sou a favor das velhas tradições políticas que viram esse partido nascer e renascer. E tenho a alergia e nojo ao cinismo burguês que vem corroendo e atrofiando a missão incumbida a esse partido. Mesmo na era do barulho democrático e do caos nada impede que alguém tenha um compromisso com esse povo. E quem tem essa tarefa é o MPLA: de se readaptar aos novos tempos, sem se deixar corroer, sem se livrar das suas tradições, da sua cultura de mobilizar a nação para as grandes tarefas. O MPLA fundou essa nação e tem a responsabilidade de elevar a mesma ao Olímpio das nações desenvolvidas, se esse é o nosso sonho. E isso se faz tendo como o seu povo, na pele do nativo, a única possível solução se queremos ser um exemplo para as outras nações.


Com a vitória estrondosa nas urnas das últimas eleições o MPLA “tem a faca e o queijo nas mãos”. O que poderia muito bem usar a sua força de partido vitorioso nas urnas para elaborar uma Constituição onde esse povo humilde de milhões de angolanos pudessem se vestir de verdade usando a mesma. Mas não é o que se tem visto por aí. E parece que a nova Constituição e os métodos de políticas hoje usados pelo governo que está no poder e com o presidente que temos estão mais para se dar proteção aos corruptos do que para se produzir transformações sociais visíveis e transparentes. Sem contar a falta de habito vinda, às vezes, lá de cima de não se cumprirem com as leis. Não é segredo, não é mentira, muito menos falácias e quem está atento aos fatos não pode ser considerado de anti-povo e anti-MPLA. Uma arma intimidatória e covarde! E sem escrúpulos daqueles que fazem bem o seu uso. Por isso, aproveito aqui esse trecho do meu texto para decepcionar a todos os Eduardistas. E dizer que, não pertenço a esse grupo de pessoas ou intelectuais. Posso, sim, desejar ao sujeito protagonista ( e aos seus discípulos) de tal corrente ou estilo de vida uma boa aposentadoria; uma boa e saudável velhice de preferência longe do poder e da política angolana e longos anos de vida. A felicidade e alegria de viver não se podem jamais negar a ninguém desde que estes não infrinjam sofrimento e tristeza na vida dos outros.


E não adianta pensar que quem está confuso ( e com inveja- já que também é uma das modas que se aderiu para neutralizar adversários) é quem está em baixo. É preciso reconhecer e assumir que a decepção vinda de lá em cima é grande. E quando se trata de confusão, a confusão vem precisamente do topo da pirâmide. Aqui em baixo habituaram-nos a tratar-nos como ratos e baratas no meio de um incêndio. E se é assim, o jeito então é bater em todos os lados, em todas as direções. É aqui onde entra o papel do Nelo. A porrada não pode ser seletiva, quando no fundo a intenção das vítimas é a mesma: mentiras e falsidades ideológicas, cinismos, arrogância e prepotência vindo de lugares onde menos se devia esperar.


Entre gregos e troianos tenho que reconhecer que eu sou intragável, sou a negação de tudo que existe por aí. E, às vezes, vale a pena assim, ser solitário, do que estar no meio de tanta podridão.


Não está escrito em nenhum lugar, que posicionar-se em defesa de um povo ou de uma nação é missão exclusiva de alguns prediletos e idolatrados. Sem encher a boca, também é a nossa missão. E nos sentimos satisfeitos por isso, já que para nós é a recompensa o troco que nos tocou retribuir a mesma. Eu sou um fruto dela, mesmo com tanto sofrimento, decepção e sangria. Meus atos, atitudes sendo uma gota de água no imenso Oceano Angolano é a minha parte que ninguém está em condições de me negar. Nenhum guerrilheiro, nenhum general, nenhum líder por mais idolatrado que seja, nenhum partido ou instituição vai evitar o cair dessa gota nesse imenso mar.

Recado para a nossa oposição.

Aqueles que ganham dinheiro, limpo ou sujo, para fazerem políticas contra o MPLA e o Governo de Angola podem pôr de molho as suas barbas, se a esperança é usarem o Nelo de Carvalho como um Cavalo de Tróia. E é o que tenho notado por aí! A esses, a turma completa, podem ter certeza que como políticos nem sorte lhes desejos, se dependerem de mim o inferno estará mais próximo dos mesmos ou jamais verão o Sol nascer.

Na minha maneira de ver as coisas não existe reconciliação nem com os ex-terroristas nem com políticos vende-pátrias. Reconciliação com ex-terroristas, somalizadores de sonhos e desejos fazem-se na cadeia. E os vende-pátria devem velar pela sua reeducação e socialização, enquanto isso, e até lá, não existirá pactos nem conversas. Que não seja no inferno, onde eu me sentirei cômodo e confortável por ser um ateu!


Contribuições Financeiras

Com relação às supostas contribuições financeiras que o Nelo tem recebido aí vai uma informação: Sou um cidadão completamente independente em todos os aspectos possíveis, não dependo financeiramente de ninguém, de maneira absoluta; não estou morrendo de fome; sou funcionário público do Governo do Estado de São Paulo ( no Brasil) aprovado em concurso público ( exercendo a minha competência e conhecimento) que por questões de segurança e para proteção minha não revelarei o lugar onde trabalho e que função realizo. Mas posso adiantar que meu emprego é de dar inveja a qualquer cidadão angolano. Ao menos eu me sinto bem no mesmo e não seriam poucos os angolanos que se sentiriam bem em igual emprego.


Se entenderam o escrito a cima dá para notar que não dependo economicamente de nenhuma instituição, nem do MPLA, nem do Governo de Angola, nem de nenhuma ONG ( a essas eu tenho desprezo e repugnância) e muito menos de algum partido de oposição.


Agora é preciso entender certas coisas. Tudo nessa vida ( mesmo sendo uma atividade intelectual), e com mais razão numa sociedade de consumo, existem gastos financeiros que sempre devemos arcar e termos em consideração. Assim, em compensação a esses gastos, gastos que só saem dos bolsos do autor; e que se não fosse pela intervenção maldosa, arrogante e prepotente de quem está em situação vantajosa, porque está no poder, estes gastos seriam melhores supridos pelo autor com maior folga -em compensação aos mesmos um protesto deve ser feito.


Ou seja, aproveito a oportunidade nesse artigo para reclamar contra, sem pretensão de me igualar aos grandes escribas ou jornalistas angolanos, o bloqueio intencional dos meus trabalhos ( meus artigos) na imprensa Angolana. A acusação nesse caso é categórica e vai direito ao loby inverso ou contrário que se tem feito contra os meus artigos, muitas às vezes, loby realizado por membros do próprio governo em Angola ou de quem faz da mesma instituição um instrumento de direito privado e sentem-se verdadeiramente poderosos para atrapalhar e influenciar com posições negativas o meu trabalho. Ah...! Eu agora é que pergunto: de que lado vocês estão? A estes ( mal intencionados) só temos a dizer que se não estão dispostos a ajudar, então que não atrapalhem; e que deixem o rio seguir o seu curso. E peço favor a canalhada que o poder que têm é um poder público e que é feio e covarde fazerem o uso do mesmo para evitar que os outros singrem na vida. É vergonhoso! Não são, muitos de vocês, que vivem reclamando da inveja dos pobres contra os ricos? Ou será que a coisa se inverteu? Não preciso da vossa colaboração ou de ajudas mesquinhas e mal intencionadas é só deixarem a canoa ir a favor da corrente. Já que vivemos numa sociedade Capitalista é o mercado e o bom gosto do consumidor que vai decidir. Está lançado o desafio: esse comunista que não é capitalista está disposto a usar o seu talento para ganhar dinheiro no mercado angolano – e como se não fosse pouco em benefício da nação! E veremos quem tocará mais forte e fundo o coração deste povo, quem sabe o da nação inteira!


Tem medo? De quê e quem? Talvez sejamos o verdadeiro Cavalo de Tróia com que esse Povo e Nação precisam! E também a verdadeira oposição com que esse povo deve contar. É bem possível que a oposição de verdade está ainda no exílio!


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