Luanda - É  o que se diz e se vê por aí. A maior parte dos angolanos, até os mais cépticos, deram o benefício da dúvida se com a entrada em cena de João Lourenço as coisas iriam mudar. Dentre os que deram o braço a torcer e deram o benefício da dúvida está o activista luso-angolano Luaty Beirão e o Presidente da UNITA Isaías Samakuva.

Fonte: Visão

Dizia que os angolanos estão a perder a fé em João Lourenço, na medida em que as políticas adaptadas pelo Executivo liderado por ele parecem estar mais viradas para que o lado da balança onde está a maioria dos cidadãos esteja em baixo e a minoria, os que sempre tiveram mais, continue em cima, apontando para o agrava- mento das assimetrias entre ricos e pobres.


Luaty Beirão, por exemplo, reagiu às suspeitas publica- das em vários sites de notícias que recaem sobre o Ministério da Defesa de Angola, no tempo em que o Presidente da República João Lourenço era o titular da pasta e as dívidas ocultas de Moçam- bique, lamentando que os sinais positivos do início do mandato do nosso 'salvador da pátria' estejam a se tornar numa "aura nebulosa".

Pois, de acordo com uma auditoria da consultora EXX África, Angola pode enfrentar riscos sérios de reputação pelo facto do Ministério da Defesa ter feito, na era em que João Lourenço era o seu titular, um negócio de 495 milhões de euros com as em- presas envolvidas na dívida oculta em Moçambique.


Isaías Samakuva, por seu turno, quando reagia à mensagem do Chefe de Estado na abertura do ano parlamentar dizia que o Presidente João Lourenço parece ter entendido o clamor do povo pela mudança, colocando reticências ao actual momento político do País que considerou “importante, crucial, interessante e envolvente”, pois os angolanos estão a testemunhar, pela primeira vez, um Presidente da República que está a “reconhecer e a combater alguns erros da História” política do seu próprio Partido, e da sua governação, que tiveram sério impacto nas conflitualidades que o País viveu e no estado de falência moral e financeira em que se encontra mergulhado. Entretanto, Samakuva previa um senão: “Se o faz apenas para salvar o MPLA, ou para permitir o resgate da Pátria angolana para os angolanos, só o tempo dirá”, pois o Presidente João Lourenço estava a tomar algumas medidas consideradas pelo líder da oposição angolana como “actos de coragem” durante o seu primeiro ano de mandato.


Todavia, os angolanos, uns muito, outros nem tanto, esperam que neste ano, as políticas públicas sejam, de facto, mais voltadas à melhoria de vida dos cidadãos, pois o descontentamento é tal que, especula-se que tudo e mais alguma coisa vai subir nos próximos dias, com o Bilhete de identidade, água potável, energia eléctrica e saldos da Zap a serem apontados como dados adquiridos, embora o INACON tenha garantido que irá dialogar com a Zap para não avançar com a pre- tensão de subir os preços das suas recargas por considerá-las ilegais.