Luanda - A agência de notação financeira Fitch considerou hoje que as reformas para melhorar a banca em Angola já estão a começar a mostrar resultados, mas o setor deve continuar fraco e fragmentado nos próximos anos.

Fonte: Lusa


"O fecho de dois bancos angolanos que não conseguiram cumprir os rácios de capital mostra que as reformas para lidar com a fraqueza do sistema bancário angolano estão a começar a ter um impacto", lê-se numa Opinião de Crédito emitida hoje pela agência de 'rating'.

 

O Banco Nacional de Angola anunciou a 04 de janeiro o encerramento das operações do Banco Mais e do Banco Postal, num processo que a Fitch diz ter corrido de forma ordeira e sem problemas para os clientes, que "conseguiram levantar os depósitos ou transferir para outras contas".

 

O fecho de bancos, dizem os analistas da Fitch, "podem ser positivos para a qualidade geral do crédito no setor, uma vez que removem os bancos mais pequenos e mais fracos, reduzindo a pressão da concorrência nos outros bancos".

 

Angola tem mais de 20 bancos em funcionamento, com os principais sete a controlarem mais de 80% dos depósitos, "mas o resto do setor inclui um grande número de bancos com uma escala mínima", acrescentam os analistas.

 

Ao abrigo do Plano de Estabilização Macroeconómica, os bancos têm de ter cerca de 20 milhões de euros de capital de reserva, o que triplicou o montante exigido anteriormente, "mas estes requisitos ainda são baixos pelos padrões internacionais, e por isso esperamos que o setor continue fraco e fragmentado no futuro previsível", lê-se ainda na nota, que não constitui uma ação de 'rating' sobre o setor bancário angolano, que está classificado no nível B, abaixo da recomendação de investimento.

 

Para a Fitch, o setor bancário angolano tem uma "fraca capitalização", demonstrada pelo alto rácio de crédito malparado - quase 30% do total dos empréstimos, no final de 2017, e pelos muitos empréstimos feitos em nome particular.

 

"Os empréstimos a uma só pessoa e a concentração de depósitos são elevados, expondo os bancos a um considerável risco de incumprimento financeiro no caso de falta de pagamento e riscos de liquidez em caso de retiradas súbitas de dinheiro", alertam os analistas.

 

Em fevereiro de 2018, o Banco Nacional de Angola instituiu em 7.500 milhões de kwanzas (21,2 milhões de euros) -- o triplo face à legislação anterior - o valor mínimo de capital social e fundos próprios regulamentares para as instituições financeiras que operam no país. Esta medida não terá sido garantida até final de dezembro passado pelos acionistas do Banco Mais e do Banco Postal, levando ao encerramento compulsivo por decisão do banco central.