Luanda - O deputado angolano Rafael Massanga Savimbi afirmou hoje que Angola começa a compreender as suas figuras históricas, defendendo que o pai, Jonas Savimbi, líder fundador da UNITA, se enquadra no processo de reconciliação nacional.

Fonte: Lusa


"Hoje, o tempo está a permitir que as pessoas compreendam melhor as várias figuras históricas de Angola e, entre elas, Jonas Savimbi, estou certo. Tudo no quadro, não só de compreender esta figura, mas também de contribuir para a própria investigação", disse, em declarações à Lusa, aludindo à exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi - morto em combate a 22 de fevereiro de 2002 -, processo que antecede as cerimónias fúnebres, previstas para abril.

 

Falando à Lusa, no parlamento angolano, em Luanda, o filho de Jonas Savimbi defendeu que este tipo de atitude deveria ser alargada a todos os que lutaram pelo país. Para Rafael Savimbi, a exumação e recolha de amostras dos restos mortais do seu pai constitui a "evolução do processo da tomada de consciência cidadã" em Angola.

A cerimónia de exumação e recolha de amostras dos restos mortais do líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) realizou-se a 31 de janeiro, no Luena, província do Moxico, onde estava sepultado desde a sua morte.

 

Técnicos portugueses, sul-africanos e angolanos farão os exames de ADN nos respetivos países e, após os resultados, as cerimónias fúnebres devem ser realizadas na primeira semana de abril, conforme disse à Lusa fonte do partido, apontando a possibilidade de as mesmas acontecerem no dia 06 desse mês.

 

Rafael Massanga Savimbi, que também assistiu a cerimónia de exumação, referiu que tudo decorreu "na normalidade", apesar de, assumiu, não ter ainda "uma avaliação objetiva", ao fim de quase 17 anos.

 

"Mas o processo foi desencadeado, a exumação correu bem, os técnicos estão a fazer o seu trabalho e, dentro de algum tempo, teremos a respetiva confirmação dos vários testes, para dali continuarmos com as fases seguintes", adiantou.

 

O Governo garantiu no início de janeiro estarem criadas as condições para a exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, mas avisou que o funeral não terá honras de Estado, uma vez que o antigo presidente da UNITA "não pertencia à família governamental quando faleceu".

 

Para o também secretário-geral adjunto da UNITA, maior partido na oposição em Angola, esse posicionamento "não preocupa a família e muito menos a direção do partido", porque, observou, Jonas Savimbi "não é reconhecido por decretos".

 

"Penso que, para figuras marcantes como ele (Jonas Savimbi) é o reconhecimento do povo em geral. E é isso o mais importante, sobretudo, a sua contribuição", realçou.

 

"Jonas Savimbi foi cossignatário dos Acordos de Alvor, que trouxeram a independência de Angola, foi cossignatário dos Acordos de Bicesse, e está aí a sua marca. Penso que não é com decretos ou com honras de Estado ou não que figuras deste género são reconhecidas", observou.

 

"O que queremos dizer é que esta não é a nossa preocupação, nem prioridade. Mas, mais uma vez, o tempo vai resolver tudo", rematou.

 

As cerimónias fúnebres de Jonas Savimbi, 17 anos após a sua morte, deverão acontecer na região de Lopitanga, província angolana do Bié, onde o resto da família está sepultada.