Luanda - O ex-director da Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), Norberto Garcia, acusou esta segunda-feira, em julgamento, os responsáveis da Unidade de Informação Financeira (UIF) de terem agido de má-fé, no que se refere à informação sobre a capacidade financeira dos responsáveis da empresa tailandesa Centennial Energy Company, Limited.

Fonte: Angop

Em declarações durante a audiência de julgamento do designado caso “Burla Tailandesa”, Norberto Garcia, referiu que apesar de já ter alertado as autoridades competentes sobre as suspeitas de capital ilícito, a UIF voltou a responder que não possuía qualquer informação sobre os mesmos.

Acrescentou que em duas ocasiões anteriores havia solicitado igualmente esta informação.

Das instituições financeiras a que recorreu, apenas o Banco de Negócio Internacional (BNI) respondeu, mas apenas por e-mail, o que segundo o ex-gestor não dava segurança.

Dai que ao ser questionado, pelo advogado de defesa, mostrou-se “triste” com o relacionamento institucional com a UIF, uma vez que deveria ser esta confirmar ou não a origem dos fundos.

Referiu não poder afirmar se o cheque de USD 50 mil milhões é verdadeiro ou não.

Ao longo da sua argumentação frisou que numa fase inicial quem apresenta os projectos ou ideias não é obrigado a fazer prova dos fundos, dai que se deu início ao processo, podendo ter um prazo de 90 dias, prorrogáveis, para a conformação.

Acrescentou ser também no quadro das boas relações institucional que solicitou, do Guiché Único para que fosse prestado apoio ao grupo tailandês, no sentido da constituição de uma sociedade comercial em nome destes, bem como o Serviço de Emigração e Estrangeiros (SME) para a prorrogação do visto.

Em relação ao primeiro não acabou por concretizar-se, embora o SME se mostrasse acessível, acabou por informar que os mesmos já haviam conseguido através de outra entidade, pelo que a UTIP já não se responsabilizava.

Apesar disso, argumentou não possuir relações fora do âmbito institucional com os responsáveis destas entidades, pelo que não houve uma tentativa de favorecimento, mas só do cumprimento do seu papel de mediador.

Nesta mesma sessão, o juiz presidente da causa, Domingos Mesquita, pediu a confrontação com os có-reus Celeste de Brito e Raveeroj Rithchoteanan em relação a dois documentos, com datas distintas referentes ao acordo de intenção para tramitação da proposta de investimento em Angola.

Questionado por um dos juízes assistentes de como foi possível que, apesar dos estrangeiros terem sido detido a 21 de Fevereiro, a 22 destes mesmo mês ter enviado uma informação ao Chefe de Estado dando conta sobre o estado do processo, Norberto Garcia referiu que é a prova de que não sabia de nada, dai que não poderia agir em associação criminosa.

A audiência de julgamento prossegue na terça-feira com o co-réu Arsénio Manuel, gestor do projecto Ondjango Yetu (afecto as Forças Armadas Angolanas), bem como poderá ainda ser ouvido Cristinian Lemos (ex-agente policial).